José Sócrates já está condenado em julgamento popular, nisso foi preponderante os orgãos de comunicação social, com destaque para o Correio da Manha e para os que decerto têm vendido informação da matéria judicial ao respetivo jornal manhoso.
Também o Partido Socialista condenou Sócrates. Curiosamente a justiça portuguesa ainda não o condenou, apesar de mostrar toda a vontade em o fazer, sem conseguir. Há anos, demasiados, que assim acontece. Até um juiz, pomposamente chamado de 'super-juiz' que arrecadou Sócrates por 9 meses na prisão de Évora. Não tarda faz 9 anos que no setor da justiça andam para condenar José Sócrates sem conseguir reunir as provas que o poderão condenar. Logo, por enquanto é suspeito de... Mas presumível inocente. Que não para muitos portugueses manipulados por jornalistas(?) e órgãos da comunicação social e também que não pelos altos dirigentes do atual Partido Socialista.
Caiu o pano conveniente com o caso de Manuel Pinho para se consumar a largada de Sócrates na tal tábua ensebada. E aí foi ele, para longe da sede do PS no Largo do Rato, Lisboa. Claro que, como esperado, Sócrates demitiu-se do PS. Mas não foi condenado pela justiça, é inocente enquanto essa mesma justiça não fizer prova da culpabilidade daquilo de que o acusam. Mas foi condenado por "amigos" e "companheiros" do PS. Principalmente por altos responsáveis daquele partido político. Partido dito republicano, socialista, humanista... E então faz uma destas?
Já sabemos muito bem que o PS de socialista já quase nada tem, cada vez menos, mas... E então os direitos humanos? Mas, e então os princípios republicanos (que vai dar no mesmo)? E então a democracia? E então a decência? E então o Estado de Direito?
Mas que grande vergonha pelo que está a acontecer no PS. Isso, sim. Disso devem ter muita vergonha. Condenar, assim, em praça pública, como tantos outros da direita ressabiada, um "companheiro", um "amigo", um ex-secretário-geral que está a ser julgado há imensos anos sem que a justiça faça prova para o condenar.
Disso sim. O PS deve sentir-se envergonhado. Pelo exercício anti-democrático, anti-socialista, anti-republicano, anti-direitos humanos...
Que existe uma máfia criminosa que prejudica Portugal e os portugueses não devemos ter dúvidas, que nesse "rebanho" existem ou existiram ovelhas negras de partidos políticos, de ex-governos e etc. sabemos. Vimos. Alguns foram já condenados. Mas José Socrates ainda não foi condenado. Provavelmente nem será e o setor da justiça, com o seu super-juiz de rastos, não vão conseguir condená-lo. Portanto será inocente do que o acusam. E então, depois, daqui talvez por mais 10 anos(?), quando o tiverem de declarar inocente, como se vão sentir os milhares de "juízes" deste julgamento em praça pública? E os "jornalistas"? E os da tal justiça que venderam as informações? E o Partido Socialista? E o super-juiz?
Sabemos que a mole imensa, ignorante, manipulada, de ADN salazarista, está ululante e exasperante do momento da carniça. Isso já está a acontecer progressivamente, mas o que se exige é que seja a PGR, o super-juiz, a justiça, que prove e condene o então culpado José Sócrates. Em vez disso, devido à sua incapacidade (impossibilidade?) e injustiça, traz o caso em "banho-maria" há imensos anos. Claro que alguém na dita justiça está a ganhar com esta hedionda "novela", vendendo informação à comunicação social e, provavelmente, a outros interesses político-partidários (é de admitir)... E então vamos lá mantendo saudável essa galinha dos ovos de ouro deixando "escapar" ciclicamente informações e violar o Direito.
Bom dia, se conseguirem. É que estamos em tempos que até parecem de Salazar, da ditadura. Foi aí que vimos tantos inocentes serem injustamente culpabilizados, caírem em masmorras e de lá saírem na vertical. Mortos. Vamos ver o que acontece a Sócrates. Se de facto for provada a sua culpabilidade cá estaremos para também o condenar com justa causa. Para já, as lesmas do setor da justiça são quem merece condenação e fazem de Portugal um Estado em que o Direito é uma falácia, até prova em contrário. Mexam-se, despachem-se. Acabem com isto. De uma vez por todas: dignifiquem a Justiça! (MM | PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
Desonra, Vergonha e Traição
Valdemar Cruz | Expresso
Gloriosos dias estes vividos
com Shakespeare a inspirar o vocabulário político português.
José
Sócrates bate com a porta, escreve um artigo de opinião no JN, e entrega o
cartão de militante do PS, António Costa fala no Canadá de “
desonra
para a democracia”, Carlos César ou João Galamba lançam
palavras
tão agudas como
punhais e quem fala é Macbeth, Coriolano, ou Hamlet.
Ou, se não eles, o espetro do seu imaginário traduzido em vocábulos ou
sentimentos tão pesados como traição, desonra, vergonha ou até vingança. Ontem,
na SIC Notícias, Adolfo Mesquita Nunes, do CDS, perguntava o que se terá
passado para de repente o PS ter mudado o discurso em relação a Sócrates. A
resposta está aí e ainda não seria conhecida de Manuel Alegre quando
dizia, citado pelo Público, que o
PS
“abriu a caixa de Pandora” ao trazer agora, de “uma forma avulsa”, o nome
de José Sócrates para o debate político.
Os próximos tempos não serão exatamente os dos
Glory
Dayscantados por Bruce Springsteen, com o PS a ter de agarrar pelos
cornos uma discussão que tentou olhar apenas de esguelha. Serão mais de
ajuste de contas e não deixarão de evocar “A Tempestade”, a última peça do
bardo inglês, com as suas maquinações, conspirações, juras de amor e atos de
oportunismo. Sócrates não suportou a viragem de agulha e
esta
“espécie de condenação sem julgamento”. Por isso, escreve, “é chegado o
momento de pôr fim a este embaraço mútuo”. Logo se verá de quem é maior o
embaraço.
E Manuel Pinho? Vai agora passar por entre os pingos da chuva, face ao
estrondo do bater de porta de Sócrates? Não se ouve Manuel Pinho,
mas
escutam-se os clamores pelo seu silêncio face às acusações de se
manter como assalariado do BES enquanto Ministro de Sócrates. E, então, tudo se
cruza. Lê-se a carta de despedida do antigo Primeiro-ministro, acompanha-se a
sua defesa da honra de Pinho e, salvaguardadas as distâncias,
o
discurso de Marco António na defesa de César.
Neste emaranhado de máscaras não podia faltar Macbeth com o seu
imponderável cruzamento entre aparência e substância. Sendo que a
aparência é resumir a indignação ao choque face às alegadas avenças e promessas
de reformas milionárias de Ricardo Salgado a Pinho a partir dos 55 anos.
Apesar de ser Ministro? Ou para ser Ministro, já que por ser Ministro – na
verdadeira aceção da palavra – não seria?
A substância será perceber e tentar descodificar o contexto político em que
sucedem estes casos. Então, Pinho poderá ser apenas uma peça de algo muito mais
vasto, num ambiente de promiscuidade entre poder político e poder económico,
com a utilização do Estado em benefício de interesses privados. E aí
pode
ser crucial o âmbito da Comissão de Inquéritojá proposta pelo Bloco de
Esquerda, para se perceber, ao longo dos anos, a dimensão do despautério e
conhecer as múltiplas responsabilidades em toda a sua dimensão.
Se Macbeth, condicionado pela fraqueza da sua condição humana, navegava
num destino cujo desfecho só poderia ser materializado em tragédia, os Pinhos
desta vida não passam, afinal de personagens tolhidas pela fraqueza de
quem naufraga num arrivismo de perniciosas ambições.
E aí está Shakespeare de novo, agora com o seu Soneto 129, na tradução da poeta
Ana Luísa Amaral para a “Relógio d’Água”:
“Desperdiçar o espírito ao esbanjar a vergonha
É luxúria em ação; até lá, a
luxúria
É perjura, culpada, assassina,
cruel,
Excessiva, selvagem, desleal,
traiçoeira…”
OUTRAS NOTÍCIAS
Fernando negrão, líder parlamentar do PSD, enviou uma
carta
ao seu homólogo do BE, a garantir que o o seu partido concorda com o
objetivo da Comissão Parlamentar de Inquérito às rendas de energia proposta
pelos bloquistas. O PSD não abdica, porém, de tirar a limpo a "teia de pagamentos
privados a decisores políticos em funções", numa alusão às acusações a
Manuel Pinho.
Os benefícios fiscais aos senhorias vão ficar
dependentes
do valor da renda cobrada. O governo admite que as rendas de longa duração
paguem um máximo de 14% de IRS, embora com um valor limitado e o regresso aos
cinco anos de pré-aviso para a denúncia de contratos sem termo.
Aqui está uma notícia singular: "Aumento do salário médio da economia
deve ser parcialmente compensado por uma forte criação de emprego nos
salários abaixo da média", diz a CE. Portugal vai continuar a ser
uma economia relativamente barata do ponto de vista da
mão-de-obra e com isso, dizem, criará mais empregos e fará descer o desemprego,
embora mais devagar.
Em destaque, aqui fica uma sugestão de leitura ancorada numa notícia
agradável para todos nós. Raquel Moleiro, jornalista do Expresso, viu o seu
trabalho “
Escravos
do Rio”, com fotos de Luís Barra, publicado na revista E do Expresso no
final do ano passado, distinguido na 20ª edição do Prémio AMI – Jornalismo
Contra a Indiferença. Fala-nos de uma realidade cruel. “São mais de mil. Todos
os dias apanham no Tejo toneladas de ameijoas japonesas, contaminadas mas que
geram milhões. Não para eles. Tailandeses e romenos são controlados por
redes que começam no estuário e terminam na Galiza. Pelo caminho há agressões,
armas, furtos, falsificações, fraude fiscal, atentados á saúde pública,
exploração laboral e suspeitas de tráfico humano”.
Primeiras Páginas
Críticas levam Sócrates a abandonar o PS - JN
Regras nos subsídios de viagens dos deputados vão mudar – Público
Habitação Benefícios fiscais a senhorois vão depender do valor da renda – DN
“Há 600 mil famílias em risco de perder a habitação” – I
Banca perdoa 94,5 milhões ao Sporting – Correio da Manhã
Todos os países do euro vão ter défice abaixo dos 3% - Negócios
Rui Vitória Convite das Arábias – A Bola
“Não vou dar a Meirim a alegria de me castigar outra vez” (Bruno de Carvalho) – Record
“FC Porto é quase uma equipa nossa” (Hugo Sánchez ex-goleador do Real Madrid e
da seleção do México) – O Jogo
LÁ FORA
É o fim. A ETA anunciou o seu desmantelamento enquanto organização e o
final da sua trajetória e atividade política. Bastou um comunicado, publicado
nas publicações bascas
Gara e
Berriapara colocar um ponto final no que
fora um pesadelo. Ao fim de 59 anos de existência, a ETA, anuncia o El País, “é
a última organização terrorista a extinguir-se na Europa”.
Morreu ontem o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, vítima de doença. O dirigente
do maior partido da oposição moçambicana
terá
perdido a vida a bordo de um helicópteroquando era transportado da Serra da
Gorongosa para tratamento médico urgente. Dhlakama, de 65 anos, sofria de
diabetes e vivia na Serra da Gorongosa desde a eclosão do conflito militar
em 2014. Entre finais de 2016 e princípios do ano passado o líder da Renamo
acordou com o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, uma trégua
por tempo indeterminado. De nome completo Afonso Macacho Marceta Dhlakama,
o líder da Renamo nasceu a 1 de Janeiro de 1953, em Mangunde, distrito de
Chibabava em Sofala. Era filho de um líder tradicional, o régulo Mangunde
Tardou, mas lá chegaram. Só a partir da tarde de ontem o Dicionário Biográfico
Electrónico, da espanhola Real Academia de História, qualifica Francisco Franco
como ditador. A edição em papel, publicada há sete anos,
gerou
grande controvérsia por evitar aquela definição e optar por o
considerar apenas autoritário, além de assumir um tom geral
favorável
ao lado franquista. A nova entrada começa assim: "Franco
Bahamonde, Francisco.Ferrol (La Coruña), 4.XII.1892—Madrid, 20.XI.1975. Jefe
del Estado y dictador. [...] Anticomunista y conservador…”.
Afinal os carros a gasóleo estão para durar. A fazer fé num trabalho do jornal
suíço
Le Temps, a alemã
Bosch tem um
programa destinado a salvar aquele tipo de automóveis. Claro que ao
mesmo tempo o jornal pergunta se esta será uma solução durável ou apenas uma
forma de ganhar tempo após o escândalo da Volkswagen há três anos.
Se estivesse fisicamente vivo,
Karl Marx celebraria
amanhã, sábado, 200 anos. O jornal mexicano
La Jornada
assegura que o filósofo continua cada vez mais presente, como se vê
pela quantidade de congressos internacionais, exposições debates, mesas
redondas, conferências à
volta
do pensamento de Marx que se realizarão um pouco por todo o mundo ao
longo dos próximos dias. Segundo o jornal, Marx está vivo graças aos jovens,
que têm vindo a recuperar o pensamento do autor do
Manifesto
do Partido Comunista na sequência da crise que afetou inclusive as
economias mais fortes do planeta.
FRASES
“A injustiça que agora a direção do PS comete comigo, juntando-se à Direita
política na tentativa de criminalizar uma governação, ultrapassa os limites do
que é aceitável no convívio pessoal e político”. José Sócrates, ex-Primeiro-minsitro
no JN
“Estes acordos são muito comuns entre celebridades e pessoas ricas”. Donald
Trump, presidente dos EUA ao reconhecer que pagou para silenciar a atriz
de filmes Porno Stormy Davis
O QUE ANDO A LER E A VER
Dois livros grandes livros povoaram o meu quotidiano nos últimos tempos. Ambos
tomam como referência, ou ponto de partida, o mundo literário. Se sobre eles
apenas poderei escrever de uma forma muito breve, isso em nada diminui a
grandeza de cada um deles.
Começo por “Alma de Viajante – 25 autores que conheci”, de Mário
Cláudio no exato momento em que aparece nas bancas o seu novo romance, “Memórias
Secretas”. Num país de rara prosa de escritores sobre outros escritores, esta
investida de Cláudio, através de crónicas marcadas por uma ironia certeira na
composição de retratos de encontros, às vezes breves, outras apenas
percebidos, resulta na composição de duas personagens inexistentes uma sem a
outra: a do observador e a do observado. Nisso, Mário Cláudio não tem par nas
letras portuguesas. A serenidade do olhar esconde a construção cáustica de
pequenas narrativas sobre o contacto com escritores famosos, como Ferreira
de Castro, que vagamente conheceu no Hotel das Caldas das Taipas no final da
adolescência, Jorge de Sena, que o apoiou em início de carreira, a acidez
de Virgílio Ferreira, Ilse Losa, Pedro Homem de Melo, David Mourão Ferreira,
Vasco Graça Moura, Urbano Tavares Rodrigues, ou José Saramago, a quem
arrebatou o Grande Prémio de Romance e Novela com “Amadeo” no mesmo ano em que
o depois Nobel concorria com “O Ano da Morte de Ricardo Reis”. Só o relato das
peripécias e dos ciúmes gerados pela vitória, a que Saramago era alheio, vale a
incursão neste mundo complexo. O autor, nada brando nos seus juízos se a
isso a realidade o obriga, tem consciência dos perigos que corre, como assinala
ao falar de Natália Correia, porque, diz, “implicará enfrentar o olhar de
soslaio da corte que a tinha por imperatriz, a qual se compunha de uma maioria
de irrelevantes mentais”.
Outro romance imperdível é “A Febre das almas sensíveis”, de Isabel Rio Novo. É
uma descida aos infernos da tuberculose no século XIX português proporcionada
por uma das personagens do livro que coleciona histórias de poetas e escritores
de vida breve, ceifada pela tísica pulmonar. A tuberculose foi uma doença muito
presente na obra de inúmeros artistas românticos e chegou a ser, até as
primeiras décadas do século XX, uma das principais causas de morte em
Portugal. Uma das miragens de cura passava pelos bons ares da serra, como
acontece em “A Montanha Mágica”, que Thomas Mann situa num sanatório dos Alpes
suíços. Por cá, ganhou fama o sanatório construído na serra do Caramulo,
para onde Isabel transporta este retrato sociológico de um país vítima da sua
própria miséria. A par de contactos breves com Cesário Verde, Júlio Dinis,
Soares dos Passos, António Nobre e outros, temos, sobretudo, um fresco
construído à volta de uma tragédia familiar com tuberculose em fundo.
Se está a Norte do país e puder deslocar-se ao Porto, não perca o festival
Dias da Dança, com o que há de melhor
na dança contemporânea, nacional e internacional. Se está a Sul, e puder
passar pelo Centro Cultural de Cascais, vá lá descobrir e
espantar-se
com a obra nunca antes apresentada em Portugal de
Lita
Cabellut, uma artista que enquanto criança viveu nas ruas de Barcelona, foi
adotada, descobriu o Prado, tornou-se pintora e agora, com estúdio em haia, na
Holanda, é muito cotada internacionalmente.
Tenha um bom fim de semana.