quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

OS DOGMAS DA VACINAÇÃO E O JUÍZO DA ARITMÉTICA

José Goulão* | opinião

As pessoas não devem ser encorajadas a comportar-se em função do medo, mas sim do esclarecimento. Este deveria ser um princípio inquestionável em qualquer sociedade democrática e humanista.

E lá fui de novo, cidadão obediente e bem comportado, receber mais uma dose, a terceira em seis meses, da vacina contra a Covid-19. Com a particularidade de me proporcionarem a possibilidade de ser mais um a testar a mistura da ora proscrita versão da AstraZeneca com a injecção-vedeta da rutilante Pfizer. Como o método de fabrico do produto desta marca nunca foi experimentado anteriormente em vacinas para os seres humanos, como a sua fase experimental continua em curso, como a ciência ainda não possui todos os dados sobre os resultados das novíssimas misturas de metodologias de produção diferenciadas, resta-nos a fé em Deus. Mesmo para os que não crêem.

As autoridades políticas e sanitárias, da Comissão Europeia aos governos, dos peritos seleccionados até aos meios de manipulação social, todos nos prometem, a toda a hora, que vai correr tudo bem. Isto é, garantem o que não podem assegurar porque a ciência, a única área que pode fazê-lo, ainda não está habilitada para isso, uma vez que não completou todos os passos de segurança. Por exemplo, corre por estes dias a notícia de que existem resultados promissores para uma vacina contra o HIV, na sequência de testes realizados em animais.

Nas vacinas contra a Covid esse procedimento não foi cumprido e deu-se a passagem directa das experiências para os seres humanos, transformados assim em cobaias. É verdade que as bases de dados norte-americana e europeia que registam casos de anomalias de saúde verificadas depois das inoculações contra a Covid-19 estão carregadas com centenas de milhares de ocorrências, muitas dos quais mortais. Se é impossível atribuir directamente estas situações às vacinas, como argumentam as autoridades, também será pouco realista garantir que não resultam das inoculações. Há muita investigação clínica e científica a fazer.

A NAMÍBIA SOB A ÉGIDE DO ELITISMO


Martinho Júnior, Luanda

A INSTALAÇÃO DOS PROCESSOS ELITISTAS NA NAMÍBIA OCORRERAM EM ESTREITA SINCRONIZAÇÃO COM A ARQUITECTURA DO “PROTECTORADO” DO BOTSWANA.

POR ARRASTO TODA A ÁFRICA AUSTRAL ESTÁ A FICAR UM PROTECTORADO DILECTO DA ARISTOCRACIA FINANCEIRA MUNDIAL.

Para a expressão do elitismo na África Austral ao serviço do “hegemon”, a “border war” não foi obstáculo algum, antes uma coabitação temporal articulada de vasos comunicantes e interesses que se conjugavam a ponto de garantirem “suave” sequência da guerra para a paz até nos termos de suas arrogâncias e de seus caprichos, tornados possíveis segundo a cartilha de sua ingerência manipuladora e cada vez mais neoliberal “soft power”!

A aristocracia financeira mundial de cultura anglo-saxónica jogou psicologicamente de forma planificada e programada a sua cartada de inteligência e geoestratégia desde finais do século XIX, com Cecil John Rhodes, incluindo ao abrir espaços para alternativas e opções, pelo que a Namíbia foi apenas mais uma “borboleta” engolida pelo “grande camaleão”, para recordar a imagem que do império colonial britânico teve o resistente Rei Lobengula do Zimbabwe, nos primeiros contactos com a progressão da trilha “do Cabo ao Cairo”…

A “border war” em função da teimosa arrogância institucional do “apartheid” e de seus planos para a disseminação de “bantustões” dentro e fora da África do Sul, durou enquanto por esse processo foi possível explorar mão-de-obra barata, ou semiescrava, nas minas de toda a África Austral e acabou quando, em função da força da luta de libertação, os contraditórios que se avolumaram determinaram o colapso do lucro desmedido que deixou de ser garantido.

Quando a insustentabilidade logística da “border war” veio ao de cima, para as elites integradas na aristocracia financeira mundial o “apartheid” tornou-se impraticável!

Assim as elites anglo-saxónicas tiveram tempo para, ainda com o “apartheid” institucional em vigor, preparar o “apartheid” económico e social, tendo como fundamento os poderosos interesses das articulações mineiras, do cartel dos diamantes, do ouro e da platina e ainda em função do domínio em alguns sectores agroindustriais de que o colonialismo português ainda havia feito parte (Champalimaud e grupo Mello)…

À trágica história colonial do Sudoeste Africano primeiro dominado pelo colonialismo prussiano genocida, depois pelo “apartheid” à revelia do Conselho de Segurança da própria ONU, seguiu-se-lhe a Namíbia condicionada pelo elitismo cujas raízes mergulham no império colonial britânico, dando substância e corpo aos processos de domínio “soft power” do “hegemon” com o peso de todas as suas contemporâneas articulações e contraditórios sob controlo!

É deste modo que o “hegemon” está a gerir de modo a que a África Austral não seja atingida avassaladoramente pela onda de caos, de terrorismo e de desagregação que se vai transferindo inexoravelmente do Médio Oriente Alargado para dentro de África, conforme está a acontecer no nordeste (Sudão, Etiópia, Eritreia, Somália e por tabela Quénia, Tanzânia e Cabo Delgado, em Moçambique)!

O PAI NATAL AFRICANO

O Meu Pai Natal Africano

Certamente que muitos de nós de alguma forma já acreditaram no Pai Natal, portaram-se bem durante o ano, escreveram as cartas e entregaram aos pais para que as levassem até ao correio, mas daí até receber as prendas é que tudo muda. Não que ele seja satânico ou membro dos Iluminatti a tentar passar mensagens subliminares como parece estar todo o mundo da fantasia infantil, segundo lendas urbanas. E esqueçam, esta não é uma estória de encantar, tão pouco de desencantar, mas talvez uma justificação dos desencantos, tentar entender porque é que os presentes do Pai Natal, para muitos se não fosse o esforço dos pais, nunca chegaram ou chegariam.

Para começo de conversa, o Pai Natal ao contrário das guerras, mal nutrição, desertificação, malária, HIV e a corrupção não está destinado aos africanos. Senão vejamos, um indivíduo rechonchudo a tender para obeso a menos que seja um problema de saúde cujo peso aumente independentemente do excesso de calorias e sedentarismo, não seria com certeza africano, este tem de trabalhar o dobro e alimentar-se pela metade se quiser sobreviver; o indivíduo vestes roupas quentes de Inverno, aqui temos um Cacimbo quente como nunca será o Verão do Polo Norte, portanto aquelas roupas são no mínimo ridículas aqui, quanto ao trenó este não desliza sobre desertos, estepes, savanas ou florestas, que funcionam com tracção animal de Renas voadoras, se isso acontecesse aqui seria pura magia-negra e o responsável seria apedrejado até a morte; e até mesmo no mundo da feitiçaria africana o uso Renas devia ser demoníaco com tantos outros veados que temos, e a entrada pela chaminé pouco provável porque não fazemos muito o uso delas, nas cubatas não existem, os arquitectos não as projectam e ultimamente há aquecedores eléctricos, o que complica; com essas questões todas é pouco provável que o Santa Claus sobrevivesse por essas bandas!

“FASCISMO NUNCA MAIS” – diz o voto expresso em Boric no Chile

Uma nova etapa se inicia no Chile

Centenas de milhares de pessoas esperavam até às 22 horas, na noite deste domingo 19 de dezembro, quando Gabriel Boric chegou ao palco instalado na Alameda Libertador com a Avenida Santa Rosa, ao lado da Biblioteca Nacional. Nunca, na história recente do Chile, um ato político eleitoral reuniu tantas pessoas, uma multidão que só deve ter sido superada em número pelas que se observaram nas manifestações da revolta social de 2019.

Milhares de bandeiras flamearam durante a noite, no som das músicas e dos slogans da revolta social. Uma atmosfera, uma mística política que envolvia o centro de Santiago e que se estendeu aos bairros, com festas, carreatas, praças e ruas cheias de gente comemorando.

O triunfo de Gabriel Boric nas eleições presidenciais chilenas foi contundente: quase 56% dos votos, contra 44% do pinochestista José Antonio Kast. Boric teve mais de 4,6 milhões de votos, e impôs uma diferença de 970 mil com relação ao seu adversário. Tornou-se o presidente eleito com a maior votação da história do Chile. O candidato da coalizão Aprovo Dignidade conseguiu quebrar uma tendência da política eleitoral das últimas décadas: a baixa participação eleitoral, sempre abaixo dos 50%, mas que surpreendeu neste domingo, quando mais de 55% da população foi às urnas.

HISTÓRIA DE UM MURO BRANCO E DE UMA NEVE PRETA -- Saramago

Um conto de Natal de José Saramago - "História de um muro branco e de uma neve preta"

Não haveria nada mais fácil no mundo das histórias que escrever um conto de Natal com Menino Jesus ou sem ele, se não fosse dar-se o caso de que uma criança que nasce está sempre nascendo. O nosso grande erro, esquecidos como em geral andamos das infâncias que vivemos, foi pensar que as crianças nascem uma única vez e que depois de nascidas se limitam a ficar à espera de que o tempo passe e as transforme em adultos, os quais, como deveríamos saber, constituem uma espécie diferente de seres humanos. A criança começa por nascer uma vez, que é a de vir ao mundo, e depois continua a nascer para compreendê-lo: não tem outro remédio nem há outra maneira. Como se verá pelas duas breves histórias que se seguem, ambas autênticas, ambas verdadeiras. 

A terra, àquela hora, cobria-se de uma noite tão escura que parecia impossível que dela pudesse nascer o Sol. Não tem chovido, as tempestades andam por longe, o rio descansa da sua primeira cheia de Inverno, os charcos são de mercúrio. O ar está frio, parado, e estala quando respiramos, como se nele se suspendesse uma ténue rede de cristais de gelo. Há uma casa e luz lá dentro. E gente: a Família. Na lareira ardem grossos troncos de lenha de donde se desprendem, lentas, as brasas. Quando à fogueira se lhes juntam gravetos, ramos secos, um punhado de palha, a labareda cresce, divide-se em trémulas línguas, sobe pela chaminé encarvoada de fuligem, ilumina os rostos da família e logo volta a quebrar-se. Ouve-se o ferver das panelas, o frigir do azeite onde bóiam as formas redondas das filhós, entre o fumo espesso e gorduroso que vai entranhar-se nas traves baixas do telhado e nas roupas húmidas. São talvez nove horas, a modesta mesa está posta, o momento é de paz e de conciliação, e a Família anda pela casa, confusamente ocupada em pequenos trabalhos, como um formigueiro.

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