Pela forma unânime como toda a sociedade condenou os acontecimentos de segunda-feira, dia 10 de Janeiro, que culminaram no incêndio da sede distrital do partido no poder, na zona do Benfica, no fogo posto ao autocarro do Ministério da Saúde e outros actos de arruaças, de uma coisa podemos ter certeza: a violência não é a solução.
Ela, a violência como forma de
expressão política e arma de arremesso contra os adversários, é sempre evitável
e condenável porque não ajuda, prejudica, periga e mina a paz e a estabilidade.
Foi bem ver não apenas numerosas vozes da sociedade civil a condenarem sem
reservas, como era de esperar, obviamente, mas também as principais forças
políticas, nomeadamente o MPLA e a UNITA.
É preciso que os sectores que instigam tais actos, quer sejam grupos
organizados de cidadãos, pessoas singulares, organizações políticas ou da
sociedade civil percebam que com tais actos não agregam valor à democracia, não
proporcionam nenhum tipo de ganho e apenas contribuem para um regresso à
barbárie.
Os próprios vândalos, quer tenham actuado de forma isolada e independente de
qualquer organização, quer ao contrário, deviam ser os primeiros a reconhecer
que não ganham nada com o recurso aos actos vergonhosos protagonizados na
segunda-feira.
Não dá certo porque a nossa democracia, não importa o estádio em que se encontra, já não se compadece com iniciativas que envolvam o vale tudo. O recurso aos actos violentos não ajuda e tal como reza o velho ditado segundo o qual o "crime não compensa”,o efeito Bumerangue malévolo de actos desta dimensão não demoram a suceder.
A juventude, independentemente da situação económica em que se encontre, não se deve deixar manipular em nome de interesses políticos obscuros e em função de uma agenda que os queira apenas como espécie de "carne para canhão”.
Mesmo quando tenham reivindicações ou manifestem alguma insatisfação, é bom que se consciencializem de que as leis prevêem, consagram e asseguram as condições em que estas manifestações podem se efectivar e num quadro em que ao mesmo tempo em que se estejam a exercer os direitos fiquem igualmente salvaguardados os deveres.
Nunca é demais lembrar que o direito de se manifestar, a liberdade de fazer greve ou a garantia do exercício de demais actos legais não está acima do óbvio e esperado cumprimento do dever de respeitar as leis, os valores e tradições do povo angolano de Cabinda ao Cunene.
Fruto da experiência recente de conflitualidade, que felizmente terminou em Abril de 2002, temos de ser os primeiros a gritar bem alto não ao vandalismo, não aos desacatos.
Jornal de Angola | opinião
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