quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

ENTÃO A EUROPA TAMBÉM É CORRUPTA?

Pedro Tadeu | Diário de Notícias | opinião

As suspeitas de corrupção que atingem o Parlamento Europeu e levaram a justiça belga a propor uma prisão preventiva para uma vice-presidente da instituição, a grega Eva Kaili, suscitam-me, para já, muitas mais perguntas do que propriamente conclusões.

A investigação, que levou à descoberta de pacotes de dinheiro escondido em casas de vários políticos europeus, no valor 1 milhão e 500 mil euros, suspeita, diz a imprensa, que o governo do Qatar subornou essas pessoas em troca de "favores políticos".

Ora a primeira pergunta que me veio à cabeça, e para a qual não vi resposta em lado algum, é esta: de que "favores" estamos a falar?

Era apenas a aprovação, que estava em marcha e agora foi suspensa, de entrada na União Europeia de qatarenses com passaporte, sem necessidade da formalidade dos vistos? Foi alguma coisa relacionada com o Mundial de Futebol? Com as moções e tomadas de posição sobre Direitos Humanos e de trabalhadores no Qatar? Sobre a aprovação de projetos que, de alguma forma, beneficiassem o governo e as empresas do Qatar?

Mas não é a Comissão Europeia e o Conselho Europeu que têm verdadeiro poder de decisão nas coisas importantes? Por exemplo, na atribuição de fundos comunitários? Nas aberturas de concursos e definição das suas regras? Nas compras em bloco de materiais para toda a Europa, como aconteceu com as vacinas durante a pandemia? Nas decisões sobre energia? Na definição de sanções de guerra?

O Parlamento Europeu tem assim tanta influência no poder executivo da União que justifique o investimento em subornos de tão elevadas quantias para tão poucas pessoas?

O que vai ao Parlamento Europeu com eventual importância para países como o Qatar não é, na essência, uma sufragação do que a Comissão e o Conselho propõem? Não há mesmo ninguém da Comissão Europeia ou com ligações funcionais a ela suspeito de ter sido subornado?

Como é que a meia dúzia de deputados e assessores do Parlamento Europeu, que a justiça belga identificou como suspeitos, conseguem influenciar todos os 705 eurodeputados e, eventualmente, a Comissão Europeia, em decisões importantes que justifiquem estes subornos? O que é que eles fazem para convencer tanta gente?

Qual é a diferença do comportamento corruptor do Qatar, se for verdadeiro, do comportamento dos lóbis que vários eurodeputados de vários países disseram, nos últimos dias, estarem há muitos anos a trabalhar em Bruxelas para favorecer os seus interesses? E, mais uma vez, que tipo de interesses estamos a falar que leva estes lobistas a atuarem à vista e com complacência de toda a gente?

Porque é que foi a polícia belga a investigar os eurodeputados e a Procuradoria Europeia esteve afastada das fases iniciais da investigação? Para que é que, afinal, serve esta Procuradoria?

Porque é que na União Europeia não foram tomadas medidas de prevenção contra este tipo de subornos, depois de terem sido relatados vários casos noutras instituições e em vários países?

Porque é que foram ignoradas múltiplas reportagens sobre o assunto, publicadas em vários órgãos de comunicação social europeus, desde há vários anos?

Porque é que não se deu relevância aos três livros dos jornalistas Georges Malbrunot e Christian Chesnot, publicados entre 2013 e 2019? Livros que até descrevem uma tabela de pagamentos em "prendas" supostamente seguida pelos catarenses na sua acção diplomática na Europa - um ministro, por exemplo, vale um relógio Patek Philippe de 85 mil euros...

Mesmo quando o atual ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, contou como lidou, quando era ministro da Agricultura, com um "presente" destes, não soou o alarme a ninguém da União Europeia?

Não há outros países a fazerem o mesmo, ou só o Qatar é que teve tal ideia?

E, por outro lado, temos a certeza de que não há manipulação política nesta investigação? Porque é que ela foi aberta apenas em julho de 2022 e as suas detenções e impacto mediático surgem agora, em pleno Mundial de Futebol, que o Qatar conseguiu obter em 2010, para desespero do ex-presidente norte-americano Bill Clinton, o líder de uma candidatura rival dos Estados Unidos, que acabou por a perder, contra todas as expectativas? A vingança serve-se fria? A exponenciação das acusações de exploração desumana dos trabalhadores pelo Qatar, que agora se faz, depois de 12 anos de indiferença, tem alguma coisa a ver com isso?

E, finalmente, ainda uma outra pergunta: afinal as instituições multinacionais europeias são tão corruptas como as instituições nacionais? Ou são ainda mais sujeitas a corromperem-se porque lidam com mais dinheiro, têm mais poder e são menos fiscalizadas e escrutinadas pela opinião pública?

Jornalista

A CLASSE TRABALHADORA SOB O NEOLIBERALISMO

Prabhat Patnaik [*]

Um regime neoliberal implica por toda a parte uma mudança espontânea no equilíbrio do poder de classe contra a classe dos trabalhadores. Isto acontece por uma série de razões. Primeiro, uma vez que o capital se torna globalmente móvel enquanto o trabalho não o é, este capital globalmente móvel tem uma oportunidade de colocar a classe trabalhadora de um país contra a de outro. Se os trabalhadores de um país entram em greve, então o capital tem a opção de deslocalizar a sua produção à margem para outro país; e a própria ameaça de o fazer serve para manter baixa a militância dos trabalhadores em todos os países.

Se os trabalhadores tivessem estado organizados internacionalmente, para que as ações de greve não fossem apenas organizadas a nível nacional mas pudessem ocorrer simultaneamente em vários países, então uma tal ameaça por parte do capital não teria funcionado; mas as ações coletivas da classe trabalhadora infelizmente ainda não são coordenadas internacionalmente, razão pela qual tais ameaças funcionam. É verdade, mesmo que os trabalhadores tivessem estado organizados internacionalmente, o capital ainda poderia ter ameaçado transferir a produção para alguma localização inteiramente nova, mas isto teria sido mais difícil do seu ponto de vista. O facto de os trabalhadores mesmo nos atuais locais de produção de capital não estarem organizados internacionalmente, atua em favor do capital e mantém baixo o nível de militância em cada localização.

Isto é simplesmente um exemplo do facto bem conhecido de que a centralização do capital é um meio de subjugar a militância dos trabalhadores: uma vez que a centralização do capital está tipicamente associada à instalação desse capital centralizado através de um conjunto de atividades dispersas ou através de localizações geográficas dispersas, a ação militante dos trabalhadores em qualquer local ou ramo de atividade em particular enfrenta a ameaça de transferência do capital para outro ramo ou localização. A globalização neoliberal implica a centralização do capital, mas com uma dispersão global e, por conseguinte, impõe uma contenção efetiva à militância dos trabalhadores.

O segundo fator que atua na mesma direção é isto: mesmo quando atividades se deslocam da metrópole para alguns países da periferia, enfraquecendo assim a força de negociação dos trabalhadores e a força da greve nas metrópoles, as vastas reservas de trabalho da periferia não se esgotam, de modo que os trabalhadores na periferia não adquirem maior força.

O facto de os trabalhadores das metrópoles serem restringidos por estarem ligados às vastas reservas de trabalho da periferia, que é o que o neoliberalismo assegura, é bem reconhecido. O fosso crescente entre as condições dos trabalhadores metropolitanos e os da periferia que havia caracterizado o capitalismo no período anterior, quando este havia segmentado a economia mundial em duas partes, através das quais nem o trabalho nem o capital se deslocavam, já não pode mais ser prolongado. Mas o neoliberalismo sempre mantivera a promessa de que a deslocalização – que ajudou o crescimento rápido da economia periférica – consumiria as reservas de trabalho ali existentes, ou seja, que estas reservas, as quais são uma herança do colonialismo e do semi-colonialismo (embora a ideologia neoliberal não reconheça este facto), iriam finalmente diminuir.

ALEMANHA E AS MENTIRAS DO IMPÉRIO – Patrick Lawrence

Com as revelações de Angela Merkel sobre a duplicidade de Berlim em suas relações com Moscou, a Segunda Guerra Fria ficou mais fria.

Patrick Lawrence* | Especial para Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

"Germany é Hamlet", escreveu Gordon Craig certa vez. O grande historiador daquela nação (1913-2005) era conhecido por resumos expressivos desse tipo, insights que lançavam luz sobre os recessos mais íntimos da psique alemã, o que os faz funcionar de seu povo.

A Alemanha está voltada para o oeste para o Atlântico ou para o leste para a massa terrestre da Eurásia? De que tradição se baseia? Onde estão suas lealdades? São questões geográficas; uma cultura rica e antiga; e uma longa e complicada história legada aos alemães. Eu não acho que Craig quis sugerir que essa condição era onerosa. Não, não havia nada para resolver. Em seu estado ambíguo – no Ocidente, mas não totalmente dele, no Oriente, mas não totalmente Oriental – a Alemanha era mais verdadeiramente ela mesma.

Os alemães viveram assim, sem pedir desculpas, por um longo tempo. Eles poderiam permitir que os EUA estacionassem 200.000 soldados em seu solo - o número no final da Guerra Fria - enquanto perseguiam a Ostpolitik de Willi Brandt, a abertura da República Federal à República Democrática Alemã e, por extensão, todo o Bloco de Leste. Foi a Alemanha que investiu com a Gazprom, o conglomerado russo de energia, nos gasodutos Nord Stream I e II, mesmo em meio a crescentes tensões Leste-Oeste.

Na longa viagem para Moscou a partir do Aeroporto Internacional de Domodedovo, as amplas vias estão repletas de revendedores de carros alemães, guindastes de construção alemães, fábricas de empresas alemãs. As empresas alemãs, juntamente com muitos cidadãos alemães, eram críticos vociferantes do regime de sanções que os EUA impuseram à Rússia – e efetivamente à Europa, de fato – depois que o golpe coreografado pelos EUA em Kiev, há oito anos, desencadeou a atual crise na Ucrânia.

Li essas duas entrevistas extraordinárias que Angela Merkel concedeu à Der Spiegel e ao Die Zeit na semana passada contra essa história, esse registro, esse estado ordenado de ambiguidade. Se há uma verdade que pode estar acima de todas as outras nas surpreendentes revelações do ex-chanceler sobre a duplicidade de Berlim nas suas relações com Moscovo, é que a República Federal abandonou a sua herança — o seu estado natural, na verdade — e, portanto, as consideráveis responsabilidades que o passado e a geografia lhe atribuíram.

EUA venderão a Índia à China adoçando acordo para nova distensão sino-americana?



Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

Há uma razão legítima para se perguntar se as discussões sino-americanas sobre uma Nova Détente envolvem a Índia, uma vez que os EUA não fariam Delhi secar se permanecessem comprometidos com suas planejadas negociações de dois dias com a China, apesar de esses dois terem seus piores confrontos em dois anos e meio apenas dois dias antes. O sinal tácito que está sendo enviado por esta decisão é que os EUA estão considerando adotar uma política de neutralidade em relação à disputa fronteiriça sino-indo, a fim de incentivar ao máximo a China a concordar com uma Nova Détente.

A rápida aproximação entre as superpotências

O Ministério das Relações Exteriores da China revelou na segunda-feira que seu país havia acabado de concluir dois dias de conversas com autoridades americanas cobrindo uma ampla gama de questões. Seu lado foi representado pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Xie Feng, enquanto o dos EUA foi representado pelo secretário de Estado adjunto para Assuntos do Leste Asiático e do Pacífico, Daniel Kritenbrink, e pela diretora sênior do Conselho de Segurança Nacional para a China, Laura Rosenberger. O alto nível dos participantes demonstrou a seriedade de suas palestras.

O evento de dois dias nos arredores de Pequim ocorreu depois que os ministros da Defesa americano e chinês retomaram as negociações no mês passado na Reunião dos Ministros da Defesa da ASEAN-Plus no Camboja, apesar de a República Popular ter suspendido unilateralmente essas interações em agosto, após a viagem provocativa da presidente dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan. . Essa retomada do diálogo de alto nível acima mencionada foi, por sua vez, o primeiro resultado tangível da reunião dos presidentes Xi Jinping e Joe Biden no G20 em meados de novembro.

Também foi anunciado nessa época que o secretário de Estado Antony Blinken visitará Pequim no início do próximo ano, o que deve avançar o objetivo sobre o qual o coordenador do Conselho de Segurança Nacional, Kurt Campbell, falou na semana passada. Segundo ele, "[a China] quer(m) um grau de previsibilidade e estabilidade, e nós buscamos isso também... Vamos ver alguns desenvolvimentos que acredito que serão tranquilizadores para a região como um todo."

PORTUGAL E ARREDORES NUM CURTO MOLHADO POR EXCESSOS DE SÃO PEDRO

Vamos ter de falar sobre o tempo, Manuel

Rui Gustavo | Expresso (curto)

Bom dia,

Não é por falta de assunto, mas vamos ter de falar sobre o tempo. Depois da tempestade que se abateu ontem sobre o país, com especial intensidade no Alentejo e na Grande Lisboa, a bonança ainda não é para hoje.

De acordo com o IPMA – e com isto visualizo logo o Anthímio de Azevedo a preto e branco a colar nuvens com raios e gotas de água num painel metálico com o território de Portugal – estão previstos “aguaceiros, por vezes fortes” e “trovoada em especial na região Sul” a partir das nove da manhã de hoje e até às 18h00. O tempo só deverá melhorar amanhã, quinta-feira.

A chuva vai continuar, tanto na zona de Lisboa como no Porto talvez com menos intensidade do que ontem (nunca tinha chovido tanto em 24 horas em Lisboa) o que provocou um caos com estradas cortadas e destruídas, escolas fechadas, casas, lojas e garagens inundadas, autocarros parados, pessoas desalojadas, animais abandonados à sua sorte e a certeza de que talvez seja altura para agir com alguma assertividade em relação às alterações climáticas, porque a parte de falar já lá vai. Se bem que, tal como diz o presidente do IPMA, Miguel Miranda, “se nós dizemos que é um problema da mudança climática para justificarmos a nós próprios, não fazemos algumas intervenções que são necessárias, então não me parece muito boa estratégia”.

Eu sei que sou suspeito, mas não é de mais recomendar o excelente trabalho que os meus camaradas do Expresso estão a fazer sobre esta convecção (esta aprendi ontem) que continuará a afetar o país.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas repetiu ontem os apelos para as pessoas “ficarem em casa” porque não era “dia de sair”. Para hoje, ainda não se sabe. Mas na distante localidade de Gondizalves, a 3,3 quilómetros de Braga (temperatura máxima de 16 graus, chuva e talvez trovoada) há um homem desejoso de sair de casa.

Há um ano que Manuel Pinho está em prisão domiciliária sob suspeita de ter recebido cinco milhões de euros do Grupo Espírito Santo quando era ministro da Economia de um dos governos de José Sócrates. Hoje, um ano depois de lhe terem posto uma pulseira no tornozelo (tornozeleira, no português do Brasil), Pinho terá de ser acusado ou libertado. Isto se não surgir algum fenómeno climatérico judicial de última hora, o que não seria totalmente inédito.

O caso começou a ser investigado há dez anos e para além de Pinho, são arguidos no processo António Mexia e João Manso Neto que, na sequência das suspeitas de terem corrompido o ex-ministro da Economia para favorecer os interesses da EDP, foram afastados da administração da empresa energética. Estes factos não deverão ser incluídos na acusação do Ministério e vão continuar a ser investigados, aparentemente sem prazo definido para uma conclusão.

Nos últimos meses, a tensão entre Manuel Pinho e os procuradores do MP que o investigam agudizou-se com flippers apreendidos, acusações de homofobia a um dos magistrados e uma pensão congelada por motivos não climatéricos.

Mas hoje, Manuel, temos de falar do tempo.

Portugal| DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A BONANÇA

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Não é segredo para ninguém, menos ainda para os decisores políticos. Nas nossas cidades, em vez de ordenamento, temos desordenamento do território. A impermeabilização dos solos é a regra, seja pelo cimento das construções, pelo alcatrão das ruas ou pelo encanamento das linhas de águas que, mais cedo do que tarde, saem dos eixos, destruindo tudo. A ocupação dos leitos de cheia é a regra e não a exceção, porque foi assim que fomos ocupando o território e porque não há melhor promoção para um novo investimento imobiliário do que anunciar a vista rio ou a vista mar. E nada disto vai mudar, porque custaria muitos milhões realojar famílias e negócios. E, finalmente, temos as alterações climáticas, como fica de novo provado por esta alternância esquizofrénica em que, de uma estação para a outra, passamos da seca extrema para o dilúvio.

Nenhuma surpresa, portanto, quanto aos sucessivos cataclismos que por estes dias assolam Lisboa e outras zonas mais a sul. Para o ano, talvez seja a vez do Norte, e no seguinte do Centro. Um pouco como os fogos de verão, que vão destruindo o país um pedaço de cada vez. É possível apostar sem receio de perder que, mesmo em Lisboa, se o sol espreitar e o calor espevitar nas próximas semanas, o desastre será esquecido. Lá diz o adágio que, depois da tempestade, vem a bonança. É esse o fado que condiciona o cidadão comum e dá jeito aos políticos e, por consequência, guia as suas políticas. A tentação é sempre a de olhar para o problema imediato, remediar o que for possível, dar uma pancadinha nas costas nos casos em que já não haja nada a fazer e deixar as soluções duradouras para uma qualquer comissão eventual. São decisões e obras pouco apetecíveis, caras, sem visibilidade, sem ganhos imediatos, que não dão para corte de fitas. No próximo inverno, voltaremos a falar disto. Se sobrevivermos ao verão.

*Diretor-adjunto

Portugal | Registadas quase 3 mil ocorrências na terça-feira, metade foram em Lisboa

A Proteção Civil registou 2.992 ocorrências entre as 00h00 e as 22h30 de terça-feira, com quase metade a ocorrerem no distrito de Lisboa, sobretudo inundações.

Segundo o comandante José Rodrigues, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), estiveram empenhados 9.628 operacionais, apoiados por 3.080 veículos.

"Neste momento as coisas estão mais calmas, apesar de haver muitos operacionais ainda a trabalhar dada a quantidade de ocorrências, nomeadamente inundação em garagens, caves e outros locais que requerem muitas horas de trabalho", disse à agência Lusa José Rodrigues.

O mau tempo causou na terça-feira 82 desalojados em Portugal continental e está previsto um novo agravamento meteorológico para hoje hoje, entre as 09h00 e as 18h00, com chuva persistente e pontualmente forte.

O balanço foi feito pelo comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, na sede ANEPC, em Carnaxide, Oeiras ao final de terça-feira.

Além de 82 desalojados - distribuídos pelos distritos de Lisboa, Setúbal, Santarém e Castelo Branco - há mais 17 pessoas que terão de ser retiradas, por precaução, das suas casas, na Trafaria, concelho de Almada, precisou André Fernandes.

No concelho do Seixal ficaram desalojadas 34 pessoas, enquanto no de Coruche 14, no de Loures 12 e no de Odivelas sete, enumerou.

A ANEPC registou, ainda, um ferido ligeiro, em Alcântara, Lisboa.

Notícias ao Minuto | Lusa

Portugal | ÁGUA PELOS COTOVELOS

Henrique Monteiro | Henricartoon

Por que a China concordou com uma declaração conjunta tão ferozmente anti-iraniana...

Por que a China concordou com uma declaração conjunta tão ferozmente anti-iraniana com o GCC?

Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

Não está claro como tudo acabará, mas a trajetória atual certamente parece ser aquela em que a China está expandindo de forma abrangente as relações com aliados americanos como os do GCC como parte de sua Nova Détente em andamento com os EUA, simultaneamente com o distanciamento de seu tradicional russo, Parceiros indianos e iranianos que aspiram coletivamente a criar um terceiro pólo de influência para romper o impasse bi-multipolar nas Relações Internacionais.

Drama chinês-iraniano inesperado

O embaixador chinês no Irã teve uma visita com funcionários do Ministério das Relações Exteriores de seu país anfitrião após a declaração conjunta que a China concordou com o GCC durante a visita do presidente Xi a Riad na semana passada. Teerã reagiu com calma, mas com firmeza, à assinatura de Pequim neste texto ferozmente anti-iraniano que criticou a República Islâmica em várias questões, incluindo seu suposto apoio ao terrorismo, bem como as reivindicações dos Emirados Árabes Unidos sobre várias ilhas do Golfo que atualmente permanecem sob o controle do Irã.  

Declarações indiscutivelmente anti-iranianas

Descrever a declaração conjunta chinesa-GCC como ferozmente anti-iraniana também não é exagero, como provam os seguintes trechos desse documento escandaloso proveniente da Agência de Imprensa Saudita :

“11. Os líderes enfatizaram a importância de um diálogo abrangente com a participação dos países da região para abordar o arquivo nuclear iraniano e as atividades regionais desestabilizadoras, abordar o apoio a grupos terroristas e sectários e organizações armadas ilegais, prevenir a proliferação de mísseis balísticos e drones, garantir a segurança da navegação internacional e das instalações petrolíferas e aderir às resoluções da ONU e à legitimidade internacional.

12. Os líderes afirmaram seu apoio a todos os esforços pacíficos, incluindo a iniciativa e os esforços dos Emirados Árabes Unidos para alcançar uma solução pacífica para a questão das três ilhas; Greater Tunb, Lesser Tunb e Abu Musa, por meio de negociações bilaterais de acordo com as regras do direito internacional, e para resolver esta questão de acordo com a legitimidade internacional.”

O parágrafo 11 condena claramente as políticas regionais do Irã (seja objetivamente existente, completamente inventada ou uma mistura delas), enquanto o parágrafo 12 envolve a China em uma disputa que o Irã não reconhece.

Biden mata resolução do Senado para acabar com genocídio no Iémen

Caitlin Johnstone* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

Bernie Sanders retirou seu projeto de lei para encerrar o apoio dos EUA à guerra saudita no Iêmen, após relatos de que o governo Biden estava trabalhando para impedir a resolução , com assessores da Casa Branca dizendo que recomendariam o veto do presidente.

Dave DeCamp do Antiwar relata:

O senador Bernie Sanders (I-VT) retirou na noite de terça-feira seu pedido para votar a Resolução dos Poderes de Guerra do Iêmen que encerraria o apoio dos EUA à guerra liderada pelos sauditas e ao bloqueio ao Iêmen, citando a oposição da Casa Branca ao projeto de lei.

Sanders  disse no plenário do Senado  que foi informado antes da votação programada da oposição do governo à legislação, o que significa que o presidente Biden vetaria a resolução. O Intercept  informou no início do dia  que a Casa Branca estava pressionando os senadores a votarem contra o projeto de lei, e os democratas se opuseram à resolução de Sanders na terça-feira,  incluindo o senador Alex Padilla (D-CA).

A justificativa de Sanders para não realizar a votação foi que o governo alegou que trabalharia com o Congresso para acabar com a guerra no Iêmen. Ele disse que a Casa Branca queria “trabalhar conosco na elaboração de uma linguagem que fosse mutuamente aceitável” e insistiu que, se isso não acontecesse, ele retomaria seus esforços para acabar com a guerra por meio de uma resolução.

Mas mesmo que a Casa Branca realmente queira se envolver com o Congresso sobre o assunto, ou se Sanders decidir reintroduzir a resolução, o plano levará tempo, o que os iemenitas não têm. Houve uma cessação da violência no Iêmen, sem ataques aéreos sauditas desde março, mas houve um aumento recente nos combates no terreno.

Provavelmente também vale a pena notar que este governo tem mentido consistentemente sobre suas intenções de acabar com esta guerra, com Biden fazendo campanha com a promessa de trazer a paz ao Iêmen e fazer do príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman um "pária", depois se virando e mantendo o guerra acontecendo enquanto cumprimentava o príncipe herdeiro com um soco amigável  antes de uma reunião em que os dois líderes coordenavam a intimidade contínua de seus governos.

NÃO FAZER AOS OUTROS O QUE NÃO SE QUER QUE NOS FAÇAM A NÓS PRÓPRIOS

SÃO LEGÍTIMAS E SAUDÁVEIS AS IMPLICAÇÕES DA MULTILATERALIDADE NOS RELACIONAMENTOS ENTRE AS NAÇÕES, OS ESTADOS E OS POVOS!

Martinho Júnior, Luanda 

UM APONTAMENTO ACTUAL

Enquanto a multilateralidade obriga à abertura, ao respeito para com os outros, ao diálogo com incessante busca de consensos entre povos e culturas, à cooperação, à solidariedade, à transparência, a uma democracia efectiva cada vez mais participativa, ao cumprimento da Carta da ONU… a hegemonia unipolar pelo contrário, obriga ao cumprimento das regras do domínio anglo-saxónico, a uma exclusividade tóxica que faz uso de todo o tipo de protecionismos, ditaduras e retrocessos obrigatórios alimentados de feudalismo, de racismo, de etnicismo exacerbado, ou à imposição da religião típica da época das cruzadas, assim como ao uso de moedas que sustentam deliberadamente esse domínio, à continuidade do colonialismo e do neocolonialismo, à propaganda das premissas de exclusão que conduzem à russofobia e ao “apartheid”, à vassalagem que conduz a todo o tipo de práticas de conspiração, de alienação ou de ilusão, a uma “democracia representativa” que ao se esvaziar por completo ficou à mercê do 1% detentor do poder dos oligopólios, à galopante censura neonazi, na tentativa de formatar todo o Sul Global, a fim de moldar à vontade dominante toda a humanidade!...

Quem serve a “cultura” de domínio no âmbito da hegemonia unipolar, defende a existência de 800 bases militares “ultramarinas” sustentadas por uma entidade supranacional como o Pentágono, defende a existência duma barbárie como a Organização do Tratado do Atlântico Norte, defende a continuidade de práticas conspirativas, de alienação, de ilusão e de divisão que conduziram seus meios de ingerência contra os povos colonizados e, em pleno século XXI, neocolonizados, no Sul Global.

Assim desde a história da própria implosão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, até à destruição da Jugoslávia Socialista e Não-Alinhada fragmentando-a étnica e religiosamente, ou até à agressão com injecção de caos, de terrorismo e desagregação onde quer que seja, conforme aos casos mais conhecidos na Palestina, no Afeganistão, no Iraque, na Chechénia, na Geórgia, na Síria, na Líbia, em Cuba, na Venezuela, no Líbano, ou na Ucrânia (em Angola também entre 1992 e 2002), o sistema da hegemonia unipolar determinou-se como exclusiva vocação, pelo que é sobre ele que recaem todas as responsabilidades maiores na bárbara produção em cadeia (elevada exponencialmente) das ameaças e dos riscos que afectam 99% da humanidade, em especial em todo e por todo o Sul Global!

As implicações do multilateralismo tornaram-se assim legítimas e saudáveis nos relacionamentos entre as nações, os estados e os povos, em função da dialética face ao enxofre agónico da hegemonia unipolar anglo-saxónica.

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