O relatório semestral sobre Portugal diz ser “improvável” que haja uma “redução acentuada” dos preços das habitações devido à procura de estrangeiros. E alerta para os “níveis crescentes de pobreza” e as desigualdades de rendimento que "também aumentaram”.
É “improvável” uma “redução acentuada” dos preços da habitação em Portugal e é expectável que estes “continuem a crescer”, apesar de a um ritmo inferior do que nestes últimos anos. Esta é uma das conclusões do Relatório(link is external) semestral onde a Comissão Europeia analisa a situação económica e orçamental do nosso país. A entidade baseia-se nos pressupostos de que vão continuar a existir poucas habitações a entrar no mercado ao mesmo tempo que se manterá uma “procura forte por parte de investidores estrangeiros”. E, para acreditar que “o crescimento dos preços das casas seja moderado no futuro”, recorre à subida das taxas de juro.
A Comissão Europeia traduz esse aumento dos preços em números significativos: “na última década, em Portugal, estes preços duplicaram em termos nominais, tendo nos últimos três anos, 2020 a 2022, registado um aumento de 34%”. E, em 2022, “os preços subiram cerca de 13%”. Estima-se ainda que os preços tenham ficado, em 2021, 20% acima do que considera um valor de referência do mercado. Indicador que, no ano seguinte, subiu para 24%.
A este quadro deve juntar-se que “os indicadores sociais mostram níveis crescentes de pobreza em 2020 e 2021” e que “as desigualdades de rendimento também aumentaram”. Bruxelas alerta que “a cobertura e a adequação da proteção social são preocupantes, nomeadamente por causa da complexidade e da relativa ineficiência do sistema”. Assim, “a percentagem de pessoas sobrecarregadas com custos de habitação também aumentou, num quadro em que a oferta de habitação social e a preços acessíveis continua a ser insuficiente”. O país vive uma deterioração em termos de pobreza que “é das mais sérias da União Europeia”.
Nesta mesma avaliação semestral, a Comissão Europeia indica preocupação com a “capacidade” e a “continuidade” de vários serviços públicos, nomeadamente a escola pública. No setor público em geral regista um “envelhecimento da administração pública” e a falta de atratividade do emprego público que “constituem riscos significativos no caso de Portugal”. Assim, o rácio entre população de 25-49 anos e a de 50-64 anos é de 1,3, ao passo que a média europeia é de cerca de 1,5.
Há ainda outro tema que preocupa Bruxelas: a situação do lixo no país. Pode-se ler nos documentos agora conhecidos que Portugal tem de “melhorar as condições de transição para uma economia circular, nomeadamente através do aumento da prevenção, da reciclagem e da reutilização dos resíduos, a fim de os desviar dos aterros e das incineradoras”.
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