quarta-feira, 24 de abril de 2024

Portugal | COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL

Cinquenta anos volvidos, Portugal prepara-se para comemorar mais um aniversário da Revolução de Abril. O sentido desta comemoração deve ser bem definido. Hoje já não se pode tratar as suas conquistas como se ainda estivessem em vigor. As principais – nacionalizações, Reforma Agrária, liberdade de imprensa, ... – foram meticulosamente destruídas. Portugal vive agora sob a ditadura do capital financeiro e o seu regime está podre. A fachada formal de democracia que subsiste apenas mascara o essencial.

Assim, as forças políticas que fizeram a Revolução de Abril deveriam hoje denunciar a perda da soberania nacional, monetária inclusive, defender o afastamento da NATO e da UE, denunciar a não aplicação de facto do que ainda resta de bom na Constituição de 1976. Mas se se acomodarem numa institucionalidade apodrecida, se fingirem que a Revolução ainda está em vigor, se se limitarem a discursos auto-congratulatórios, tais forças condenar-se-ão à irrelevância – definharão. O povo português está ansioso por rupturas, deseja-as. Cabe às forças progressistas liderá-las e encaminhá-las no bom sentido. A bandeira das rupturas não deveria ser um exclusivo da extrema-direita.

Por isso, as comemorações dos 50 anos da Revolução de Abril deveriam ter um sentido de resistência e não de comemoração de algo presente. Tal como, no tempo salazarista, os democratas faziam da comemoração da República de 1910 um ato de resistência.

Resistir.info - 18/Abr/24

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