Governo caiu, Marcelo acelera calendário. "Tentámos tudo", diz Montenegro . "Foi uma vergonha", lamenta Pedro Nuno
PAN considera crise política "lamentável" e aponta Montenegro como principal responsável
Em representação do PAN, Inês Sousa Real vem dizer que é "lamentável" que o primeiro-ministro tenha "arrastado" o país para uma crise política que deverá obrigar a novas eleições antecipadas. "A responsabilidade é, em primeiro lugar, de Luís Montenegro", atirou.
"Em vez de se colocar ao escrutínio que o país merecia, escudou-se por detrás de uma moção de confiança com uma morte pré-anunciada", acrescentou.
Para Inês Sousa Real, os portugueses estão "saturados de eleições" e os partidos deveriam estar a discutir temas como o clima, a habitação e a segurança em vez de se estarem a preparar para novas eleições. Também por isso a deputada única lamentou que o PSD e o PS "não tenham sido capazes de dialogar" e que o Governo não tivesse optado por retirar a moção de confiança.
Também já a afinar o discurso para a campanha eleitoral, Inês Sousa Real pediu aos portugueses que não "perdessem a esperança". "Há forças políticas como o PAN que são alterantiva de forma responsável".
Rui Tavares pede a Luís Montenegro que largue "lenga-lenga bem montada" e "não faça das pessoas tontas"
Também numa declaração nos Passos Perdidos, Rui Tavares recusou fazer o "obituário do que se passou esta tarde". Para o líder do Livre, as "pessoas são inteligentes" e perceberam o que se passou esta terça-feira na Assembleia da República.
"Esta conversa do Governo de que não se percebe como se chegou aqui tem de acabar já. É uma lenga-lenga muito bem montada, deve vir de alguma agência de comunicação. Mas não vamos fazer das pessoas tontas", atirou Rui Tavares.
Para o Livre, "toda a gente percebe que se chegou a eleições porque o primeiro-ministro apresentou uma moção que sabia que o Parlamento ia rejeitar". Mas também porque "condicionou previamente o Presidente da República" quando, sem se demitir se assumiu como recandidato, deixando apenas uma saída para a crise política.
Igualmente, Rui Tavares sublinha que "não é verdade" que o Governo tentou tudo para evitar eleições. Por muito que o Governo o repita, "não vai colar", disse. Não seguiu, por exemplo, a sugestão do Livre de entregar a Spinumviva a uma gestão independente, como acontece com governantes de outros países com melhores índices de combate à corrupção.
Por isso apela ao primeiro-ministro que largue esta narrativa para que a campanha eleitoral se possa centrar nos problemas do país num contexto internacional difícil. "O mundo está a arder" e Luís Montenegro está a querer que se "desperdice" dois meses "neste psicodrama", condena.
Bloco de Esquerda acusa Montenegro de “provocar eleições” como “saída política”.
Mariana Mortágua procurou recordar os motivos que levaram à moção de censura, a questão das avenças recebidas pela empresa da família de Luís Montenegro, falando num desfecho “previsível” e acusando o primeiro-ministro de apresentar a moção “para provocar eleições”.
Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, “o primeiro-ministro não pode receber avenças, mesmo que seja através de uma empresa”, “não esteve em exclusividade” e “não pode esconder informações sobre essa empresa”. Por isso, considera que “na impossibilidade de [Luís Montenegro] ser primeiro-ministro, tenta umas eleições como uma saída política”.
“Por responsabilidade do primeiro-ministro iremos a eleições”, rematou a líder bloquista.
PCP: aprovação de moção de censura comunista tinha contribuído para "credibilizar a vida política"
Em declarações nos Passos Perdidos, Paulo Raimundo lamentou que mais uma vez "um debate com esta importância" ia passar ao lado dos temas que importam para a vida das pessoas. "Assistimos hoje a um autêntico jogo do empurra" que tentou "passar culpas", considerou.
Uma semana depois da moção de censura do PCP ter sido chumbada, o secretário-geral comunista defendeu que teríamos "ganho muito" da sua aprovação. Tinha contribuído para "credibilizar a vida política nacional", defendeu.
“A verdade não tem tempo”: Pedro Nuno Santos fala em “atuação vergonhosa” e acusa Governo e PSD de “fugir à verdade”
Pedro Nuno Santos não poupou nas palavras e, à saída do Parlamento, disse que “o que aconteceu hoje” no Parlamento “foi uma vergonha, é indecoroso, é inaceitável”, denunciando o que aponta serem “manobras, jogos e truques” do Governo e do PSD. E considerou que o acordo proposto pelo PSD para que o PS deixasse passar a moção de confiança foi “chantagem”.
Nos Passos Perdidos, o secretário-geral do Partido Socialista reafirmou que, para o PS, “a verdade não tem tempo”, e recusou os “condicionalismos” à duração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) proposta pelos socialistas na segunda-feira, de 90 dias. “Começamos aqui com 15 dias, com 30 dias. Assistimos a um Governo desesperadamente a tentar condicionar e determinar as regras de uma CPI, que não pode estar condicionada”, disse.
“Foi uma atuação vergonhosa de alguém sem condições, nem dimensões, nem estatuto para governar o país. (...) Isto foi tudo mau, não é digno da nossa democracia nem da forma como os partidos se devem relacionar entre si e com o Parlamento”, acrescentou ainda o líder socialista, sobre as tentativas de negociação do PSD sobre a CPI, quando “o que se discutia hoje era a moção de confiança”.
Pedro Nuno Santos explicou que as comissões de inquérito normalmente têm 120 dias e recordou que a sua “durou cinco meses”. “Propusemos 90 dias, mas podendo ser prorrogáveis, como todas as CPIs, porque ao longo podem suscitar-se questões que têm de ser clarificadas. Não se coloca um terminus inflexível numa CPI. Isso só se faz quando se quer fugir ao apuramento da verdade”, argumentou.
Questionado sobre se o PS não quis negociar uma saída da crise política com o Governo, Pedro Nuno Santos rejeitou qualquer indisponibilidade dos socialistas. “Este Governo só tem Orçamento do Estado do PS. Não é justo que seja acusado de intransigência”, sublinhou.
Ventura diz que Governo caiu com "estrondo" e Montenegro só quis "branquear" condutas ilegais
"O que assistimos hoje foi um Governo a cair com estrondo. E o primeiro-ministro ainda tenta salvar-se com uma deturpação nunca vista", defendeu André Ventura, criticando as manobras de Luís Montenegro para evitar uma comissão de inquérito parlamentar sobre a empresa familiar Spinumviva.
Segundo o líder do Chega, o chefe do Governo tentou à última hora um acordo com o PS para salvar a "pele política", sem compreender que tem que dar as explicações necessárias sobre o seu património.
"Onde estava a necessidade de clarificação? Tudo isso mudou hoje", acusou, defendendo que esta terça-feira os portugueses que ainda davam o benefício da dúvida ao Governo ficaram esclarecidos face à tentativa de "branqueamento político" de condutas "ilegais".
"Não há por nenhuma razão de natureza técnica ou política, este Governo cai porque o primeiro-ministro não aceitou ser transparente quando devia ser. Este primeiro-ministro não aceitou dar esclarecimentos quando devia dar e é um Governo absolutamente sem autoridade, por exemplo, para lutar contra a corrupção", acrescentou.
"Nós já tivemos um José Sócrates, não precisamos de outro", atirou ainda, saindo em defesa da necessidade de outro Governo.
Questionado sobre se preferia que as eleições legislativas antecipadas fossem agendadas para 11 ou 18, datas apontadas pelo Presidente da República, Ventura disse não ter preferência. E recusou ainda adiantar se retira ou não a sua candidatura a Belém face ao novo cenário político.
Montenegro responsabiliza PS por crise política: "Tentámos até à última hora evitar eleições"
Após o chumbo da moção de confiança, Luís Montenegro veio falar aos jornalistas. Rodeado por todo o executivo, o PM diz que portugueses não entendem novas eleições numa altura em que o Governo tem uma "avaliação globalmente positiva" e perante um "contexto internacional incerto e exigente".
Ainda assim, Montenegro garante que a moção de confiança era necessária para evitar "levar o país para um ciclo político degradado". O PM insiste que um Governo minoritário deve ter a "coragem e humildade" de pedir a confiança ao Parlamento.
Sobre a CPI, Montenegro vira a agulha para o PS dizendo que este não quis negociar um prazo mais curto para a realização da mesma. Para Montenegro, o objeto da CPI era "compatível" com a proposta de duração do Governo que seria, no máximo, até ao final de maio. "O PS não aceitou nada. O PS quer detriorar o ambinte político para poder, um dia, tirar partido disso", acusou.
"Se o que estiver em cima da mesa for um processo lento e prolongado da situação política, é preferivel que haja uma clarificação nos próximos dois meses", acrescenta.
Já num ensaio do que será o discurso de campanha, Montenegro insiste que "tentou tudo". "Tentámos até à última hora evitar eleições".
Agora, o primeiro-ministro diz que fará "esclarecimentos" junto do Presidente da República a irá aguadar as suas "decisões". Além disso, mostrou-se também disponível para "esclarecer os portugueses" nos "próximos dias".
Marcelo acelera: convoca partidos para amanhã e Conselho de Estado para quinta
Com a rejeição da moção de confiança, o Presidente da República decidiu acelerar o seu próprio calendários. De acordo com nota divulgada pela Presidência, Marcelo ouve já amanhã os partidos e reúne o Conselho de Estado na quinta-feira, tendo em vista, como se refere o artigo que invoca para a sua convocação, a dissolução do Parlamento.
No dia em que o Governo anunciou a moção de censura, o Presidente tinha anunciado um calendários que colocava o Conselho de Estado na sexta-feira, mas partiu da previsão que a moção seria discutida amanhã e não hoje, como aconteceu. Na mesma ocasião, Marcelo apontou as datas de 11 e 18 de maio como as que prefere para marcar eleições.
Hugo Soares: "O Governo tinha de perguntar ao Parlamento se tinha condições para continuar a governar"
À saída do plenário, Hugo Soares negou que tenha sido um erro apresentar a moção de confiança. "O Governo tinha de perguntar ao Parlamento se tinha condições para continuar a governar".
O líder parlamentar do PSD atirou as culpas para o PS, que acusa de se ter unido ao Chega. "O Partido Socialista quis derrubar o Governo e provocar eleições. É assim, nada mais há a fazer do que preparar eleições", afirmou.
Justificando a tentativa de suspender os trabalhos a meio do debate, Hugo Soares afirmou que "a maturidade da democracia exige que os partidos possam conversar". "O país não compreende que os dois maiores partidos não se possam sentar à mesa. Por isso, esgotamos todas as possibilidades", considerou.
Compete agora ao "povo" julgar o que se passou e Hugo Soares acredita que há no país "maturidade democrática" para voltar a dar confiança à AD.
Em resposta aos jornalista nos corredores da Assembleia da República, defendeu ainda que o PSD não foi "irredutível" quanto ao prazo da comissão de inquérito. O PSD quis "colocar prazo máximo" para a situação não se "arrastar". "Quem foi irredutível foi o PS", atirou.
Hugo Soares recusa revelar se aconteceram conversas e negociações nos últimos dias para chegar a um entendimento.
Moção de confiança chumbada. "Tentámos tudo", diz Montenegro
Depois de várias reviravoltas, propostas e contrapropostas, a moção de confiança ao Governo da Aliança Democrática foi rejeitada pela Assembleia da República.
Como já estava previsto, do lado do Governo votaram apenas os partidos que suportam a coligação, PSD e CDS-PP, bem como a IL. Votaram contra o PS, Chega, Bloco de Esquerda, PCP, Livre e PAN.
Liliana Coelho | Eunice Lourenço
Governo não retira moção
"O Governo fez tudo o que podia para evitar uma crise", afirma Pedro Duarte, numa declaração nos Passos Perdidos, anunciando que o Governo propôs o prazo de 60 dias, o que o PS rejeitou. "Parece que o PS está mesmo empenhado numa crise política", acusa o ministro, não retirando a moção de confiança.
Pedro Duarte diz que foi com "tristeza e desilusao" que recebeu a resposta do PS que não aceitou a contraproposta do Governo. Executivo propôs que a CPI decorresse até ao final de maio, mas a resposta do PS não foi propriamente uma surpresa porque no debate rejeitou outro prazo além de 90 dias, acusando o Governo de "chantagem".
*Título Redação PG
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