sábado, 17 de maio de 2025

Angola | Falsas Notícias em Liberdade -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda >

Eleições multipartidárias em Angola ocorreram em Setembro de 1992. O MPLA ganhou com maioria absoluta. Os perdedores, inimigos jurados de Angola, da Independência Nacional, da democracia popular e do socialismo rejeitaram os resultados eleitorais proclamados e autenticados pela ONU. Mostraram que também são contra a democracia representativa. E de que maneira! São inimigos da paz. Tão inimigos que partiram para uma rebelião armada.

A assinatura do Protocolo de Lusaka (20 de Novembro 1944) abriu uma grande avenida à paz, reconciliação e unidade nacional. Do lado da UNITA esteve presente e ainda aí está Eugénio Manuvakola. Pode e deve desdobrar-se em conferências com jovens nascidos depois dessa data, para explicar a importância do acontecimento e do que sucedeu depois. Levanto a ponta do véu: Savimbi rasgou o acordado, na hora! Do lado do MPLA está aí o General Higino Carneiro que embora já tenha contado tudo num livro que publicou, é chamado a conferenciar com os jovens de hoje para todos compreenderem a importância do acontecimento.

Congresso da UNITA no Bailundo (Fevereiro 1995). Jonas Savimbi arrastava os pés e continuava a rebelião armada. Pressões da ONU e dos EUA levaram à magna reunião. O líder do Galo Negro fez o papel da vítima e a troca do mártir: Vocês vão para ministros, para oficiais das Forças Armadas Angolanas, para deputados e eu fico sozinho. 

No dia em que acabou o congresso, Savimbi mandou matar a esposa, Ana Isabel Paulino, que foi enterrada viva no covil de um jimbo, enquanto pedia misericórdia aos matadores. Motivo: Ela pediu-lhe que não partisse para o Andulo a fim de continuar a rebelião armada, em nome de nada. Implorou-lhe que pensasse nos filhos e aceitasse a paz. Está aí Abílio Camalata Numa para nos contar como cometeram esse hediondo crime. E como os aviões ucranianos passaram a poisar no Andulo despejando armas, munições e combustíveis, oferecidos pela Casa dos Brancos, Londres, Paris, Berlim e Bruxelas. Os genocidas do ocidente têm sempre um Trump pronto a esmagar democracias e a liberdade dos povos.

Savimbi montou o seu quartel-general no Andulo e continuou com a rebelião armada, que a partir da assinatura do Protocolo de Lusaka passou a ser considerada um caso de polícia. A ONU e os EUA pediam ao Presidente José Eduardo dos Santos paciência. Ele como sempre privilegiou os esforços de paz. O congresso da UNITA para acolher o Protocolo de Lusaka já tinha decorrido há um ano e Savimbi continuava a disparar contra a democracia e tudo que mexia. O Presidente José Eduardo exigiu acção aos medidores.

Em Março de 1996, um ano e um mês depois do congresso do Bailundo, o Presidente José Eduardo do Santos aceitou reunir-se com Jonas Savimbi na fortaleza africana do Galo Negro, o Gabão do ditador Bongo. À chegada a Libreville, o Chefe de Estado Angolano foi muito claro quando disse aos jornalistas: “Estamos aqui para implementar o Protocolo de Lusaka assinado em 20 de Novembro 1994. Tem de ser constituído o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional. A UNITA tem de assumir as duas responsabilidades nas Forças Armadas Angolanas e no Parlamento. O senhor Jonas Savimbi deve ocupar o lugar de Vice-Presidente da República. Este é o tema da reunião”.

Jonas Savimbi também falou aos jornalistas. Carlos Albuquerque do canal português RTP perguntou-lhe: Vai aceitar o lugar de vice-presidente da república de Angola? E o chefe do Galo Negro respondeu: “Fui convidado pelo Presidente José Eduardo para o cargo, por carta. Vou responder-lhe por escrito. Não posso dar a reposta através dos jornalistas”. Mentiroso, como sempre. Desde a assinatura do Protocolo de Lusaka que em Angola foram dados os passos necessários, a criar o lugar de Vice-Presidente da República. Que só podia ser ocupado por Jonas Savimbi. No Gabão ele assumiu esse compromisso e foi dado o passo seguinte.

No dia 9 de Abril 1997 tomou posse o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN) constituído por ministros e secretários de Estado em representação dos partidos que elegeram deputados. A UNITA tinha vários ministérios e secretarias de Estado. Façam contas. Entre o encontro de Libreville e a posse do GURN passou um ano e um mês! Nesse período Savimbi e a sua quadrilha de malfeitores continuou aos tiros à democracia, à paz e ao Povo Angolano. Só mesmo o Presidente José Eduardo aguentava tal grau de banditismo! 

A Polícia Nacional e as FAA enfrentavam os bandidos e encurralavam-nos no Leste de Angola. Leiam o livro do General Zumbi. Ele conta todos os pormenores da Operação Kissonde que culminou com a batalha final no Lucesse, em 22 de Fevereiro 2002. Morte do quadrilheiro Jonas Savimbi. Dez anos depois das primeiras eleições multipartidárias. Dez anos depois de destruições, mortes e milhões de refugiados. Dez anos depois de assaltos armados à paz e à democracia. Seis anos depois do encontro de Libreville entre o chefe do Galo Negro e o Presidente José Eduardo. A Ordem dos Advogados vai promover um diálogo sobre isto. 

A UNITA continua no mesmo registo. Banditismo político e guerra à democracia. A UNITA odeia a Párria Angolana. A UNITA é visceralmente contra a Independência Nacional. Enquanto existir, não há paz. Não há progresso. Não há justiça Social. Não há democracia. É um partido extremista. Um perigo existencial para a democracia. Agora até move as marionetas de Cabinda. Dá gás à UNITA B e ao padre excomungado Raul Tati. RTP e Club K (portal dos restos do regime racista de Pretória e do Galo Negro) servem de megafones acéfalos.

A Presidência da República esclareceu, em comunicado, que a RTP foi notificada no dia 15 de Abril de 2025, um mês antes de a sua equipa de reportagem ser convidada a sair do Palácio a Cidade Alta, que tinha cessado “a sua prestação em eventos no Palácio Presidencial”. Mas esta medida “foi ignorada pela RTP, que na última terça-feira 13 de Maio, se apresentou na sala de imprensa do Palácio, mesmo sabendo que não constava da lista de órgãos com acesso autorizado (…) Estranhamos, por isso, esta campanha de vitimização, que não abona os laços de amizade e cooperação entre os dois países”.

O Sindicato dos Jornalistas veio dizer que está em causa a Liberdade de Imprensa. O cúmulo da baixeza humana é um mabeco faminto defender a mesa dos intrusos e morder os irmãos. Atentado à Liberdade de Imprensa foi a RTP publicar uma notícia falsa que pôs em causa a soberania e integridade de Angola.

O ditador Bongo, do Gabão, derrubado pelo actual presidente, foi libertado por obra e graça de João Lourenço. Tem asilo em Angola. O mesmo benemérito atirou para o exílio a família de Agostinho Neto. E mantem no seu cárcere privado o empresário Carlos São Vicente. Ilegalizem a UNITA e demitam João Lourenço. Já!

* Jornalista

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