Bom dia. Em baixo vão desembocar no Curto do Expresso. Christiana Martins, jornalista do Expresso evoca o primeiro-mistro de Espanha, Pedro Sanchez, e uma pergunta direta ao racista e fascista Santiago Abascal, líder do Vox, partido de extrema direita espanhol. "Porque você odeia tanto os imigrantes?”, questionou Sanchez.
Todos sabemos a resposta evidente que Abascal não foi capaz de responder com verdade e que deveria ser "Porque sou nazi, porque sou fascista, porque sou racista, porque suspiro saudosamente dos tempos do colonialismo e da escravatura, da exclusão dos morenos e negros, etc., etc.. Abascal não foi capaz de ser sincero e assumir-se. Os personagens daquela índole tergiversam nas respostas, mentem, alapam-se em vocabulários de resposta que nada têm que ver com verdade. Em Portugal acontece o mesmo. No caso temos o partido "Chega Mas Estás a Mais" e os Andrés Venturas semelhantes a Abascal ou Le Pen e quejandos.
Esses tais, que existiam e que continuam a existir nas ex-colónias (subjugados ao deus dinheiro e às ações de rapina, de roubos), lá e cá, são como os Abascais e os Andrés que têm a prosápia de negar que são racistas sem o assumirem com verdade. São gentalhas cobardes nas palavras quando políticos ou mesmo quando simples cidadãos reacionários dedicados à exploração e a passar por negros ou morenos como se fossem menos que animaizinhos. Como militar português nas ex-colónias testemunhei isso mesmo de modos iguais em Angola, em Moçambique, em Timor-Leste e em Macau, assim como na Tailândia e Hong Kong por parte dos militares norte-americanos em serviço de morte na guerra no Vietname. Imensos portugueses nessas paragens eram iguaizinhos aos militares do Tio Sam... Racistas são sempre racistas e declaram na intimidade ou se formos bons observadores. Esses branquelas nojentos por mais que se ocultem oferecem sempre algumas oportunidades para observarmos o que contêm nos seus âmagos. As atitudes não enganam e são como a prova do algodão.
Sim. Perguntemos então muito clara e objetivamente a esses supremacistas o que Sanchez perguntou a Abascal: Porque você odeia tanto os imigrantes? Nada como confrontá-los com a realidade... E em vez de os desprezarmos fazermos-lhe frente do mesmo modo como a humanidade enfrentou e enfrenta a lepra. Algumas vezes resulta.
O Curto do Expresso a seguir, não percam. Já vou longo. Desculpem qualquer coisinha... Saúde e muita força neste país e neste mundo rumo ao nazi-fascismo, consequentemente ao racismo, ao neocolonialismo, à xenofobia, à desumanidade. Urge disposição para o combate. Força.
“Posso fazer-lhe uma pergunta?”
Christiana Martins, jornalista | Expresso (curto)
A frase tem oito meses e foi dita
na Espanha, mas é mais atual do que nunca e poderia/deveria ser feita
diariamente por todos nós a cada um de nós e aos nossos governantes, individual
e coletivamente. Não é apenas retórica, é concreta. Ela foi dita por Pedro
Sánchez, chefe de governo da Espanha, no Parlamento, quando perguntou a
Santiago Abascal, líder do Vox, partido de extrema direita do país vizinho, de
forma direta: “Posso fazer-lhe uma pergunta? Porque você odeia tanto os
imigrantes?”
Por que se tornou tão aceitável odiarmos o outro, que em tudo é tão semelhante
a nós em suas diferenças intrínsecas? Não chegou a hora de também em Portugal
nos questionarmos para o alargamento da nossa capacidade de aceitar essa
atitude?
Em Rotterdam, há menos de duas semanas, abriu Fenix , museu
dedicado a retratar a movimentação das massas humanas. Instalado num antigo
armazém portuário, de onde já partiram cerca três milhões de
migrantes, num país com a extrema direita no poder e que tem adotado leis
restritivas nesta área. Um dos momentos expositivos é dedicado à mostra “A
Família dos Migrantes”, inspirado na icônica exposição fotográfica “A Família
do Homem”, exibida no Museu de Arte Moderna de Nova York em 1955.
Aqui mais perto, em Almada, foi inaugurada com entrada gratuita e a curadoria
do realizador Sérgio Tréfaut, a exposição “Venham mais cinco” , com o trabalho de 30 fotógrafos
estrangeiros que retrataram o período entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de
Novembro de 1975.
Um dos participantes da mostra é Sebastião Salgado. Há uma semana recebemos a
notícia da morte do fotógrafo brasileiro, alguém que olhou com atenção e respeito
para a dignidade dos migrantes. Alguém que nos confrontou com a dureza de
situações que fazem parte da história da humanidade.
Entre 1993 e 1999, Sebastião Salgado viajou por diversos países e fotografou os
imigrantes, trabalho que deu origem ao livro “ Êxodos ”, publicado em
2000. Na introdução, escreveu o que merece ser lembrado: “Mais do que nunca,
sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas,
culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes.
Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua
sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, se adaptam a situações
extremas…” Não entender isso é não entender a condição humana.
Hoje, o presidente da República recebe pela segunda vez o
PSD, o PS e o Chega, após serem conhecidos os resultados eleitorais provisórios
com os emigrantes, com uma partilha de deputados entre a coligação liderada por
Luis Montenegro e o partido de André Ventura. E espera-se que ainda hoje,
depois de ouvido sobre a formação do Executivo, o primeiro-ministro seja
indigitado, dando início a um novo cenário de governabilidade.
As reuniões também acontecem no mesmo dia em que o Almirante Henrique Gouveia e Melo apresenta
oficialmente sua candidatura à Presidência da República. Era bom que, entre
tantos temas que Marcelo Rebelo de Sousa certamente terá sobre a
mesa, não se esquecesse também de como a narrativa sobre a imigração terá
influenciado o resultado das últimas eleições legislativas
Outras notícias
. Não pode tudo O dia amanheceu com a notícia de que u m tribunal
comercial dos Estados Unidos decidiu impedir a entrada em vigor da maior parte
das tarifas impostas por Donald Trump, depois de concluir que o Presidente dos
Estados Unidos excedeu sua autoridade ao impor taxas generalizadas sobre
importações de parceiros comerciais dos EUA. O governo americano já recorreu.
. Adeus Sr. Musk Frustrado, o magnata anunciou que deixa a equipe de
Donald Trump por discordar do orçamento e da proposta tributária apresentada
pelo presidente dos Estados Unidos. Elon Musk promete voltar a se dedicar aos
seus negócios.
. Caminho estreito na Ucrânia Volodymyr Zelensky diz estar “pronto
para qualquer formato” de reunião com seu homólogo russo e o Kremlin responde
que só após "acordos concretos" entre os dois países. Vladimir Putin quer que a Ucrânia assuma por escrito
que não se juntará à Otan. E a Rússia propôs a realização de uma segunda rodada de negociações em Istambul, em 2 de
junho.
. Leão XIV não se cala O novo Papa já sinalizou que tentará se manter
à tona do palco político em nome da paz . "Prometo minha proximidade e
minhas orações por todas as vítimas, especialmente crianças e famílias",
declarou nesta terça-feira em nome do fim das guerras em Gaza e na Ucrânia.
. Medo do que? A transfobia aumenta na Europa e os políticos estão
entre os principais responsáveis, alerta o relatório anual da Comissão Europeia contra o Racismo
e a Intolerância. São quatro áreas críticas: discriminação nas forças de
segurança, segregação escolar de crianças ciganas, transfobia e fragilidade dos
órgãos de promoção da igualdade.
. É necessário entender Além das notícias, é preciso explicar o que
está por trás do que é revelado. O caso do dermatologista de Santa Maria que
recebeu R$ 400 mil, R$ 51 mil em apenas um dia, ainda vai ao adro, mas Vera
Lúcia Arreigoso explica como funciona a atividade cirúrgica adicional nos
hospitais públicos e quem a fiscaliza.
. Mundo composto de mudança O Governo admite agora aprovar gastos de 5% na área de Defesa, o que antes Luis
Montenegro dizia ser “inexequível”. Paulo Rangel admitiu essa posição, mas o
compromisso não faz parte do programa da AD.
. Sucessão tensa O italiano Antonio Filosa sucede o português Carlos
Tavares à frente da gigante automobilística Stellantis , em um momento particularmente difícil
para o setor, marcado por mudanças estruturais.
. Autorizar a morte O Parlamento francês aprovou um projeto de lei que legaliza a morte assistida, apesar
da oposição da maioria dos deputados de direita. E, por unanimidade, aprovou
uma lei que estabelece o direito a cuidados paliativos no país.
. Punição do inimaginável O cirurgião francês que violou 299 pessoas
entre 1989 e 2014, na sua maioria crianças, condenado a 20 anos de prisão. “Tratou-se de um ato predador sobre as
vítimas mais vulneráveis, quando estavam doentes no hospital”, disse a juíza
Aude Buresi no tribunal de Vannes, uma cidade costeira da Bretanha onde
ocorreram os abusos.
. Descolonizar mentes Esta quinta-feira será lançada no Museu
Nacional de Etnologia a 2ª Edição do Catálogo “Desconstruir o
Colonialismo, Descolonizar o Imaginário”, com a presença de Jean-Michel
Mabeko-Tali, professor de História de África na Universidade de Howard,
Frases
."Os palestinianos não são as vítimas abstratas de uma guerra abstrata”,
afirmam 380 escritores de Inglaterra, País de Gales, Escócia,
Irlanda do Norte e República de Irlanda, que divulgaram uma carta pedindo aos
seus países e "aos povos do mundo que se juntem para pôr fim ao silêncio
coletivo e à inação perante o horror”. Na segunda-feira, outra carta semelhante,
assinada por 300 escritores francófonos, foi publicada no jornal
“Libération”.
. "Foi um desequilíbrio do corpo, facto confirmado pela continuidade
do jogo e pela continuidade do adversário em campo”, Matheus Reis, jogador do
Sporting, a tentar explicar a agressão ao atleta do Benfica, Andrea Belotti.
. “Eu quero mudar a alma deste país”, André Ventura, após ver o Chega tornar-se o maior partido
da oposição em Portugal, com a eleição de 60 deputados, depois de apurados os
votos da emigração.
Podcasts
. Em meio à turbulência interna do PS, Mariana Vieira da Silva vem marcar o
terreno. Na conversa com Daniel de Oliveira em “Perguntar não ofende”, a ex-ministra da Presidência e
figura central do último governo socialista liderado por António Costa faz a
sua leitura sobre a “transição simplex” no PS, da queda abrupta de um partido
com maioria absoluta para uma oposição fragmentada, e da ameaça real que
representa o crescimento do Chega.
. A “paz dos impérios, a discórdia dos povos, as sombras do Congresso de
Berlim” são o motivo da conversa desta vez entre Henrique Monteiro e Lourenço
Pereira Coutinho em “A História repete-se”. Entre os microfones debate-se “a
complexa diplomacia europeia da segunda metade do século XIX, sobretudo sobre a
evolução política da região balcânica”.
. Em tempos conturbados e de ânimos aquecidos, uma sombra sempre sabe bem. O
repouso sob as árvores motiva a conversa neste “Histórias de Lisboa” , em que o jornalista Miguel
Franco de Andrade e a diretora do Jardim Botânico da Ajuda, Ana Luísa Soares,
“explicam tudo e fazem o top das 10 árvores mais frequentes de Lisboa (e também
outras mais raras)”.
O que estou lendo
Entrevistas são um gênero jornalístico em que entrevistador e entrevistado
sobem ao palco do espaço público para dançar ao ritmo de uma música silenciosa,
mas sempre presente. À pergunta do primeiro convém que o segundo devolva
generosidade. Passos desavindos desfazem o acordo, desmobilizam o leitor. Nem
sempre é fácil para os interlocutores ouvirem a mesma música simultaneamente e
arriscarem mergulhos mais profundos nos braços um do outro. Às vezes acontece.
A partir de amanhã, os leitores do Expresso poderão ler a entrevista que
Luciana Leiderfarb fez com o pensador espanhol Antonio Monegal , a
propósito de seu mais recente livro, “O Silêncio da Guerra”, publicado em
Portugal pela Objetiva.
Nessa conversa/dança, tudo começa pelo tempo que vivemos, marcado pela pressa
de “não se considera mais necessário” fazer perguntas. Contundente, Monegal
afirma que “as guerras começam na linguagem” e, digo eu, se fazem na aceitação
da linguagem incorreta, insultuosa, desvirtuada. “Ninguém se lança em uma
guerra sem primeiro construir um discurso”, afirma o filósofo espanhol. Ninguém
a encerra, sem descontraí-lo, acrescento.
No dia
Os sinais, contudo, são contraditórios. Também nesta semana, milhares de
israelenses se juntaram à marcha violenta no bairro muçulmano de Jerusalém.
Apoiada pelo Estado de Israel, ela celebrou a ocupação da parte oriental da
cidade em 1967. Monegal e Luciana falam especificamente desse conflito
histórico e, em resposta a uma pergunta da jornalista sobre “o silêncio dos
mortos”, o filósofo espanhol responde que ou os esquecemos ou podemos
deixar que nos interpelem.
As perguntas, sempre as perguntas. Antonio Monegal também assume que seu novo
livro é “um exercício de ativismo”, e diz ainda que, mesmo que não sirva para
mais nada, “talvez apenas sirva - voltamos ao início - para formular perguntas”.
Amanhã esta entrevista, e muito mais, estará nas bancas, com a edição impressa
do Expresso. Fica o convite. Nós estaremos aqui para o informar. Bom dia e boas perguntas.
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