< J. Bazeza, Luanda >
As coisas na República da Sanzala estão a azedar como comida no lixo dos ricaços. Agora não são apenas jovens, mulheres, principalmente as mamãs zungueiras, homens e ngavives que estão a domar e cudiar o pambulo que o soba grande amassou e a kingila dos impostos fez desaparecer das nossas mesas. Também as crianças, no mês delas, gritam que estão a ser governadas por insensíveis. Por gente desalmada que não sabe o que é cuidar do futuro da Nação.
Boca Azul gosta de política. Até esta a pensar pedir um autógrafo ao Homem das Crónicas, ajudante do chefão das polícias. Mafioso é um rosqueiro e diz que vai pedir à kingila dos impostos e à pançuda da insegurança social uma dormida com direito a kapuka ao pequeno-almoço. Serviço limpo, sem camisinha (o branco está a chamar preserva o tivo) e confidencial.
Boca Azul perguntou ao amigão: O que queres ser quando fores grande?
E o Mafioso respondeu: O escritor Homem e amante da sua quinta concubina. Se não der, pode ser mesmo a sua mulher legítima.
Boca Azul quer tratar de um assunto sério, o Dia Internacional da Criança, que se comemorou este ano nas lixeiras onde os nossos filhos vão catar comida e fazem uma tremenda festa quando encontram um osso de galo, tenha a cor quer tiver. Também foi uma delegação ao palácio da cidade subterrânea, para o chefão fingir que gosta de crianças e a sua dama fazer de mamã grande.
Mas nem tudo são más notícias. Boca Azul teve uma boa nova com a qual não contava. Foi apanhado de surpresa. E partilhou sua admiração com o Mafioso. Oiçam bem. O titular do poder executivo fez uma comunicação ao país, no Dia Internacional da Criança. Discursou sobre o futuro dos nossos candenges.O chefão falou assim: As crianças da República da Sanzala estão cem por cento protegidas. Cumprimos os 11 Compromissos da Criança e vamos meter na lista mais 11. Todas as crianças desta querida república têm infantários. Ensino pré primário, primário e secundário totalmente gratuitos. Cada aluno ainda recebe um subsídio para transportes e compra de livros. Merenda escolar para todos. Mas aquela de comer e não a propaganda dos Media públicos.
Aí o Mafioso virou bicho. Tudo mentira!
Falou assim, bem zangado: Os Media públicos disseram que o conselho dos sinistros, presidido pelo soba grande e assessorado pelo Doutor Tuti Fruti Maria Feijó, aprovou a verba para a merenda escolar, mas até hoje ela não chegou à boca das crianças. Não foi metida no Carrinho. E a estrada por onde a viatura circula para levar os fundos ainda, está a em construção pela Omatapalo.
Mas a que se deve tanto atraso? – Perguntou Boca Azul.
Mafioso deu uma de compreensivo e falou a sua verdade: O sócio grande mandou fazer obras de reabilitação na cidade do Lubango no valor de 287 milhões de dólares. Mais 336 mil dólares. E uns trocos, 413 dólares. Ajuste directo e sem dividir com os do Carrinho. Este negócio tem prioridade. Só depois é construída a via por onde vai circular o carrinho que leva os fundos da merenda escolar.
O senhor Boca Azul ficou mesmo escandalizado. Os Media públicos ou privados não denunciam estes crimes contra o futuro da República que é acriança?
Aí Mafioso falou mesmo o que lhe vai n alma: O Homem recebeu ordens do chefão das polícias para ninguém reagir. O careca rançoso ameaçou. O da fruta podre em calda mostrou o chicote. Os propagandistas disfarçados de jornalistas selaram a boca e meteram gesso nas mãos. Assim não falam nem escrevem.
Conclusão dos dois amigalhaços: Há uma facção no Executivo que desviou e continua a desviar o dinheiro do povito. E o partido que é o povo esqueça isso de garantir às crianças, tudo o que merecem. Isso era no tempo do Tata Neto e do Zedu.
Onde não esperamos é que surgem as grandes surpresas. As crianças na República da Sanzala estão a cantar: O mimoso e a kingila dos impostos são gatunos. Roubam o pão dos kandengues para dar ao Carrinho e à Omatopalo! Verdades de crianças são arrasadoras. Lembram-se daquele candengue que falou: Papá, papá, o rei vai nu!
Boca Azul agora fala de títulos e fez uma pergunta ao Mafioso que parece absurda. Para se ser campeão é preciso concorrer com alguém. O campeão da paz podre em África concorreu com quem?
Mafioso preferiu não responder nem comparar a mentira com as verdades do Dia Internacional da Criança.
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