Luanda e Washington
atravessam período baixo
Lisboa - A
Secretária de Estado norte americana, Hillary Clinton recusou, em finais de
Setembro, um pedido formulado, a partir de Luanda, pelo Ministro das Relações
Exteriores, George Chicoty, a solicitar uma audiência que teria lugar em Nova
Iorque a margem da Assembléia Anual das Nações Unidas.
O departamento de
Estado apresentou como justificativa da “recusa da audiência”, questões de
agenda de Hillary Clinton relacionadas a assuntos correntes. O Ministro
angolano acabou por não se deslocar aquele país, mas entretanto, Hillary
Clinton recebeu no passado dia 28 de Setembro, no Waldorf Astoria Hotel, em
Nova Iorque, os Presidentes do Ruanda e da República Democrática do Congo, Paul
Kagame e Joseph Kabila. Ambos foram, igualmente, atender a Assembleia das
Nações Unidas.
A actual frieza dos
Estados Unidos em relação a Angola - agora mais clara com a negação do pedido
de audiência - é interligada a conduta que estes passaram a ter no seguimento
da realização das eleições gerais de 31 de Agosto, ao qual manifestam dúvidas
quanto a sua integridade.
As autoridades
angolanas, por outro lado, gostariam de ter dos Estados Unidos uma declaração
de reconhecimento quanto a eleição do Presidente José Eduardo dos Santos no
recente pleito eleitoral. Porém, semanas após a confirmação dos resultados
eleitorais por parte da CNE, o regime de Luanda envidou movimentações com
recursos a chantagens económicas que em Washington foram interpretadas como
"pressão" para “um reconhecimento mais explicito” das eleições
angolanas.
O tema foi objecto
de uma reunião entre os responsáveis da Casa Branca e do Departamento de Estado
norte-americano dias após a tomada de posse de JES ficando agora decidido que
não farão quaisquer declaração relativa as eleições em Angola para além da já
emitida logo a seguir ao pleito eleitoral em que os “EUA dão parabéns à CNE e
exortam a rápida investigação e resposta às queixas sobre as eleições”.
As relações entre
Luanda e Washington são caracterizadas, em meios com conhecimento do assunto,
como estando atravessar o período mais baixo, depois daquele atravessado na era
da administração Reagan. As contas da embaixada angolana naquele país continuam
encerradas por suspeitas de lavagem de dinheiro; o senado americano leva a cabo
(agora temporariamente suspensas) uma investigação sobre certas transações
financeiras angolanas ao qual se estimam que retomarão depois das eleições
presidências de Novembro próximo.
O Presidente
norte-americano, Barack Obama, aprovou uma directiva para África, com menção
especifica para a Angola, dando prioridade a programas de promoção da
democracia e boa governação. A referida directiva, segundo estimativas, terá
maior impacto se Obama ganhar o segundo mandato presidencial do pleito que se
avizinha. Em caso de derrota do mesmo, há a convicção em círculos competentes
em Washington de que as autoridades angolanas terão de recorrer a
"lobbies" para se aproximar da futura administração do actual
candidato republicano Mitt Romney.
Desde a subida de
Barack Obama ao poder, os Estados Unidos da América adoptaram uma política de
pressão contra os lideres políticos mundiais que se fazem eleger com recurso a
métodos extra-eleitorais. Em consequência disto tem alterado o seu
relacionamento nas relações internacionais. Para o caso especifico de Angola, o
“staff” da administração Obama é citado como estando a revelar uma conduta de
saturação em relação as autoridades angolanas que tem a fama de ser “um dos
regimes mais corruptos do mundo caracterizado pela violência, nepotismo e
autoritarismo”.
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