Sol – Lusa
O socialista
António Costa defendeu hoje que só "em circunstâncias excepcionais"
deve haver acumulação da presidência da Câmara de Lisboa com a liderança do PS
e manifestou o desejo de que "seja tudo como deve ser".
Em entrevista ao
jornal Diário de Notícias e à rádio TSF, de acordo com a edição impressa,
António Costa nunca respondeu directamente às perguntas sobre a possibilidade
de ainda vir a ser candidato às próximas eleições directas para
secretário-geral do PS, manifestando-se "de boa-fé" na procura de um
entendimento com o actual líder socialista, António José Seguro, sobre "as
bases comuns para uma orientação estratégica" do partido.
O actual presidente
da Câmara de Lisboa defendeu que, em tese, o cargo que ocupa e ao qual pretende
recandidatar-se não deve ser acumulado com a liderança do PS, mas admitiu que
"em circunstâncias excepcionais" esse princípio "pode ter de ser
contrariado".
Questionado, em
seguida, se gostaria de ser apenas candidato a presidente da Câmara de Lisboa,
afirmou: "Desejo que seja tudo como deve ser, a não ser que tenha de ser
de outra forma".
Antes, o antigo
ministro dos governos socialistas de António Guterres e de José Sócrates evitou
esclarecer quais serão as consequências de um eventual fracasso na procura de
um entendimento com Seguro.
Nesta entrevista, o
presidente da Câmara de Lisboa considerou que "o PS hoje não está bem, tem
um problema interno, tem hoje um problema de afirmação na sociedade
portuguesa", que tem uma "ânsia enorme" de "sentir que
existe uma alternativa forte ao actual Governo".
Interrogado se o PS
deve participar no debate sobre o corte de 4 mil milhões de euros na despesa
pública que o Governo PSD/CDS-PP se comprometeu a fazer, retorquiu: "O PS
tem de participar em tudo e não pode ser um partido esquivo à intervenção na
vida política".
Segundo António
Costa, foi a sua opinião sobre a necessidade de afirmação do PS que o levou a
declarar na última reunião da Comissão Política do PS que seria candidato a
secretário-geral, caso António José Seguro não se mostrasse "capaz de
fazer esse esforço de alcançar essa unidade, pôr o partido a funcionar,
reforçar a capacidade do PS de se afirmar como alternativa forte na sociedade
portuguesa".
De acordo com o
relato de Costa, o desfecho dessa reunião foi o seguinte: "O que aconteceu
foi que o secretário-geral, na sua intervenção final, aceitou a minha proposta
e, num sinal, creio que de boa relação pessoal, teve a amabilidade de me
estender a mão e cumprimentarmo-nos com camaradagem".
O ex-líder do grupo
parlamentar socialista alegou que "a generalidade dos militantes do PS não
deseja agora qualquer tipo de confrontação interna" e, no seu entender,
todos têm o dever de "fazer um esforço de entendimento" antes de
avançarem "para um confronto num clima de radicalização em que se verifique
uma enorme tensão, que deixaria sempre marcas duradouras na vida do PS".
António Costa
afirmou que o processo de diálogo que iniciou com o secretário-geral do PS não
envolve lugares e tem como objetivo elaborar um documento "que fixe as
bases gerais que possam ser desenvolvidas numa moção futura e depois ter
expressão noutros documentos do partido".
Sobre a
possibilidade de listas conjuntas ao Congresso, respondeu apenas que "as
listas devem ser decorrência das políticas".
Quanto ao seu
futuro político, António Costa não excluiu vir a ser candidato a primeiro-ministro
nem a Presidente da República, embora ressalvando que não concebe a vida como
"uma corrida a cargos" e que é movido pelo combate de ideias.
No que respeita ao
município de Lisboa, António Costa reiterou a sua disponibilidade para um
acordo com o PCP e o BE, expressou "estima" pelo candidato da
coligação PSD/CDS-PP, Fernando Seara, sobre quem observou: "Será,
certamente, um bom contributo na vereação".
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