PEDRO CRISÓSTOMO e SÉRGIO ANÍBAL (Nicósia) - Público - foto Patrick Baz-AFP
“Plano B” do Governo cipriota recebeu luz
verde dos partidos
O Presidente
cipriota, Nicos Anastasiades, e os líderes dos partidos chegaram a acordo para
ser criado um “Fundo de Investimento de Solidariedade”, como alternativa à
proposta rejeitada no Parlamento para taxar os depósitos bancários nos bancos
da ilha mediterrânica.
O “Plano B”, cujos
termos ainda não são conhecidos, foi anunciado pelo porta-voz do Governo de
Chipre, Christos Stylianides, depois de uma nova ronda negocial entre os
responsáveis políticos no palácio presidencial, em Nicósia.
A ideia é que empresas
cipriotas possam participar no fundo de investimento, convertendo o dinheiro
dos fundos de pensões e dos planos de previdência em títulos desse fundo.
Assim, em troca recebem obrigações do fundo, tendo como garantia as receitas de
exploração de gás. Com isto, prevê-se que o Estado consiga obter cerca de 4000
milhões de euros.
Neste esquema, que
permite ao Estado ganhar liquidez, os particulares podem comprar títulos do
fundo de investimento, para o qual também a Igreja Ortodoxa de Chipre se
mostrou disponível em contribuir, graças ao património e investimentos que tem
na ilha mediterrânica.
A proposta está já
sob avaliação técnica para que, “se necessário”, o Conselho de Ministros a
possa aprovar imediatamente e dar seguimento ao projecto para este ser votado
no Parlamento.
Os bancos cipriotas
continuam encerrados e estão a receber financiamento de emergência do Banco
Central Europeu, que, horas antes de ser anunciado um acordo, lançou um aviso
directo às autoridades do país, alertando que só manterá a linha de
emergência até segunda-feira.
Quando saiu da reunião convocada por Anastasiades, o presidente do Parlamento,
Yiannakis Omirou, garantiu que a proposta da taxa sobre os depósitos era uma
questão do passado. O tema não esteve em cima da mesa, assegurou Yiannakis
Omirou, citado pela AFP.
Como
as necessidades de financiamento de Chipre são superiores ao montante que
a União Europeia e o FMI estão dispostos a emprestar, Nicósia procura garantir
fundos para complementar o resgate de 10.000 milhões de euros acordados
com os parceiros europeus. Segundo a proposta inicial, muito
criticada, o executivo previa arrecadar 5800 milhões de euros, sendo
aplicado um imposto extraordinário (de dois escalões) sobre os aforros,
independentemente do montante depositado. Não sendo excluído qualquer
depósito, a medida quebrava a “regra de ouro” europeia de proteger os montantes
até aos 100 mil euros.
Proposta inicial
sob fogo
Envolvidos pelas críticas, o Eurogrupo e o Governo recuaram em relação ao que
tinha sido fechado na madrugada de sábado em Bruxelas, mas a proposta revista
que foi a votação no Parlamento cipriota acabou
por ser chumbada.
Os termos iniciais
terão caído definitivamente por terra, mas continuam a gerar críticas. Uma
decisão irreflectida, pouco transparente e tomada sem pensar nos cidadãos – é
assim que a conferência de líderes do Parlamento Europeu olha para a posição
inicial do Eurogrupo.
A Conferência dos
Presidentes, órgão do Parlamento Europeu onde têm assento o presidente, Martin
Schulz, e os líderes dos grupos parlamentares, esteve reunida ontem. E daí
resultou um comunicado, conhecido nesta quinta-feira antes de ser anunciado o
“Plano B”, onde se exige que o Eurogrupo assuma a responsabilidade sobre a
“solução original” desenhada para o sistema bancário cipriota.
As reportagens em
Chipre são financiadas no âmbito do projecto Público Mais
Sem comentários:
Enviar um comentário