Na comemoração dos
50 anos da União Africana, Dilma Rousseff anuncia na Etiópia que cancelamento
de débitos chegará a 900 milhões de dólares. Anúncio procura aprofundar
relações econômicas entre Brasil e a África.
O governo
brasileiro anunciou neste domingo (25/05) que pretende perdoar 900 milhões de
dólares de dívidas de 12 países africanos junto ao Brasil, como parte da
estratégia para intensificar as relações econômicas com o continente. O anúncio
foi feito durante a participação da presidente Dilma Rousseff no evento de
comemoração pelos 50 anos da União Africana (UA), na Etiópia.
"Manter
relações especiais com a África é estratégico para a política externa
brasileira", disse o porta-voz da presidente, Thomas Traumann, à imprensa.
Dos 12 países que terão a dívida anulada, os principais beneficiados são a
República do Congo, com um débito cancelado de 352 milhões de dólares, e a
Tanzânia, com 237 milhões de dólares.
A proposta da
renegociação das dívidas do Gabão, São Tomé e Príncipe, Senegal e Sudão havia
sido aprovada há poucos dias pelo Senado Federal. Em mensagem enviada aos
senadores, o Ministério da Fazenda justificou o pedido assinalando que "a
iniciativa alinha-se à prioridade que as relações com a África assumem na
política externa brasileira voltada para a promoção da estabilidade econômica e
social daquele continente".
Acordos de
cooperação
Na sexta-feira,
quando desembarcou na capital etíope, Adis Abeba, Dilma se reuniu com o
primeiro-ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn. Os dois líderes assinaram
quatro acordos de cooperação nas áreas de agricultura, educação, serviços
aéreos, ciência e tecnologia.
Segundo Dilma, o
Brasil quer estabelecer não apenas relações comerciais, mas também uma
cooperação "no padrão Sul-Sul". “Uma cooperação que não seja
opressiva, que seja baseada em vantagens mútuas e valores compartilhados”,
disse a presidente.
O intercâmbio
comercial entre Brasil e África quintuplicou nos últimos dez anos, evoluindo de
US$ 5 bilhões, em 2002, para US$ 26,5 bilhões, em 2012.
Convidado de honra
As comemorações do
cinquentenário da UA, que vão se prolongar por um ano, foram iniciadas em abril
pela presidente da Comissão da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma, e pelo ministro
etíope do Exterior, Teodros Adhanom.
O Brasil foi
convidado de honra no evento – o que, para a presidente, "reflete o
reconhecimento da importância que o Brasil atribui à África". Dilma
Rousseff foi a única líder latino-americana presente no evento na Etiópia.
Além dos chefes de
Estado e governo dos países africanos que integram a União, também participaram
das comemorações o vice-primeiro-ministro chinês, Wang Yang, os presidentes do
Irã, Mahmud Ahmadinejad, e da França, François Hollande, além do secretário de
Estado norte-americano, John Kerry.
A Organização da
Unidade Africana (OUA) foi fundada no dia 25 de maio de 1963, em Adis Abeba,
por 32 países africanos. Na época, o principal objetivo da instituição era
superar o colonialismo no continente. Apesar de vários países já terem
conquistado a independência naquela época, outros como a Angola ainda viviam
sob domínio estrangeiro. Os negros da África do Sul ainda lutavam para acabar
com o regime da minoria branca.
Em 2002, diante do
fim do colonialismo e do apartheid, e da necessidade de pautar novos debates
internos, a organização foi substituída pela União Africana – que atualmente
conta com 54 membros. Especialistas avaliam que, apesar de a África de hoje ser
mais democrática do que há dez anos, quando havia menos governos eleitos, ainda
é necessário democratizar as lideranças e a liberdade de opinião, que continuam
sendo a causa da maioria dos problemas no continente.
1 comentário:
País que gasta bilhões com um lixo de Copa do Mundo pode muito perdoar uma miséria de dívida com a Africa, não é mesmo?
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