Entre os
participantes dos Jogos da Lusofonia, aquele que aparenta ser mais distante da
realidade lusófona é o Sri Lanka, onde o português não é língua oficial,
existindo apenas um crioulo, ou o “Indo-português do Sri Lanka”, falado por uma
minoria. De acordo com o um jornalista da VFM Radio, a emissora pública do
país, a entrada na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), como
membro observador, não tem sido discutida, pelo menos na esfera pública.
No entanto, quando
questionado sobre se o Sri Lanka se sente parte do mundo lusófono, Supun
Hettiarachchi responde sem hesitação: “Claro”. O jornalista lembra a passagem
dos portugueses pelo país, entre 1506 e 1658, liderados por Francisco de
Almeida, época em que dominaram o território e levaram a cabo campanhas de
evangelização.
Além da herança
edificada, ficaram desse tempo apelidos como Almeida da Silva ou Salgado, e
também palavras do quotidiano. “Dizemos ‘almari’ para armário, ‘spiritale’ para
hospital, são palavras que vêm do português”, explica Hettiarachchi.
Apesar deste
legado, e de um sentimento de pertença ao que se chama a lusofonia, a
integração na CPLP, como membro observador, não tem estado em discussão. “Não
faço ideia, nunca ouvi falar disso. Nunca ouvi essa discussão nos meios de
comunicação, na minha rádio nunca passámos [notícias]”, conta o jornalista, que
nunca visitou nenhum país de expressão portuguesa.
A sua presença como
jornalista nos Jogos é justificada, em parte, pela vontade de promover o
desporto cingalês. “A maioria das pessoas conhece o Sri Lanka como um país
jogador de críquete, temos de publicitar outros desportos”, explica.
Hettiarachchi lembra as medalha de prata e bronze que o país já conquistou no
torneio por equipas do ténis de mesa feminino e masculino, respectivamente.
O jornalista espera
mais distinções: “Temos uma equipa de atletismo forte. Temos de dar essas
notícias aos cingaleses. Por isso, o meu editor pediu-me para vir, já que sou
jornalista de desporto na rádio”.
Aos 24 anos,
Hettiarachchi faz um balanço positivo da evolução do jornalismo no Sri Lanka.
“Se precisarmos de saber algo de um ministro ou de outro dirigente, podemos
ligar-lhes directamente. Temos liberdade e algumas infra-estruturas”, garante. I.S.G.
Ponto Final (Macau)
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