sexta-feira, 7 de março de 2014

Angola: PGR LIBERTA ASSASSINO DE KAMULINGUE E CASSULE



CÚMPLICE É TÃO ASSASSINO COMO O AUTOR

No inquérito que foi feito, por pressão da sociedade civil e da oposição política, a mando do Titular do poder executivo, a Procuradoria-Geral da República a propósito dos assassinatos de Cassule e Kamulingue, esses encomendados, como é mais que consabido, alegadamente, pelo ex-ministro do Interior, Sebastião Martins, acaba de soltar, para espanto geral, um dos principais assassinos; Benilson Pereira Bravo da Silva, tcp Tucayanu.

William Tonet e Arlindo Santana – Folha 8, 1 março 2014

Hoje, F8 traz em exclusivo mais uma, das muitas bar­baridades e discriminações jurídicas, cometidas pela má interpretação da norma, quando utilizada para pro­teger os algozes do regime e penalizar os pobres, quanto aos agentes do crime, capitulado no Código Penal, por parte do Ministério Público.

A “destempo” e sem uma justificativa plausível, o órgão responsável pela instru­ção processual, o DNIAP, decidiu, sabe-se lá, porque magia, soltar com muito inte­resse o principal “actor” e agente funda­mental da trama tecida para capturar os dois malogrados soldados da UGP, um tal Benilson Pereira Bravo da Silva, tcp, Tucayanu, agente duplo do SINSE e prin­cipal responsável pela morte de Kamulin­gue e Cassule. Não fosse a sua acção de “bufo profissional” e assassino frio, como alegam, muitos que com ele trabalham e ainda hoje estariam vivos os nossos ilus­tres compatriotas, cujo delito foi o de pen­sarem diferente.

Tucayanu, para além de ser qualificado como agente 5 estrelas, nos meios castren­ses, quanto a eliminação de cidadãos con­siderados opositores do regime é também visto, como agente frio, calculista e “ca­maleão”, que, na maioria das vezes, con­vive com as vítimas, conquistando a sua confiança, antes de as encaminhar para o campo da cobarde morte, por assassinato.

De facto, Benilson Pereira Bravo da Silva, tcp Tucayanu, informador dos Serviços de Inteligência, SINSE, controlado e orienta­do, nos últimos anos, por Sebastião Mar­tins, foi a pessoa a quem o ex-patrão da secreta teria incumbido a tarefa de “atrair” Kamulingue e Cassule para a rede da mor­te, uma missão cumprida com maestria.

Revisitemos os factos e atentemos aos da­dos novos.

TOCAYANU, O ASSASSINO E KAMULINGUE

A esse propósito, nós escrevemos em exclu­sivo na edição do 23 de Novembro de 2013, e fomos os únicos a ousar dizer a verdade, como foi organizada a trama que conduziu ao assas­sinato desses dois agentes da UGP que tinham apenas tentado organizar uma marcha de pro­testo contra as condições degradantes a que eram sujeitos no seio da sua Unidade Militar, considerada pela maioria como de elite… no caso de morte, também.

No dia 27 de Maio de 2012, pelas 14h00, o agen­te secreto Tucayanu, do SINSE, liga para Alves Kamulingue, propondo-lhe um encontro nas bombas de combustível da Sonangol junto aos Bombeiros, por detrás do Hospital Militar para uma suposta entrevista. Kamulingue aceita e aí chegado, surge uma viatura Chevrolet Spark, com elementos no interior que o chamam e ele, ao aproximar-se, é empurrado rapidamen­te para o interior da viatura, que arranca de imediato em alta velocidade.

Entretanto, desde o início da operação, To­cayanu ia fornecendo informações via rádio ao ex-delegado provincial de Luanda do SIN­SE, Vieira Lopes, que no início se encontrava na sua viatura, a subir o Largo das Ingombotas, na companhia do seu adjunto Paulo Mota, tcp, “Pablito”. Eram eles que monitoravam tudo, já com a viatura de marca Spark, preparada e estacionada inicialmente defronte ao Colégio Elizângela, simulando ir buscar uma criança a escola.

Capturado Kamulingue, a viatura seguiu em di­recção ao Km 44, zona da Barra do Kwanza e, pelo caminho, ligaram para o agente, Francisco Pimentel Tenda Daniel, tcp Kiko, que deveria juntar-se a eles, o que ele fez no meio do per­curso, já mata adentro. Levaram-no para a zona do crime, onde viria a ser morto a tiro, na pre­sença de Paulo Mota Pablito.

Os raptores, incluindo os elementos que se encontravam a bordo da Chevtolet, foram, An­tónio Manuel Gamboa Vieira Lopes, delegado do SINSE em Luanda, Paulo Mota, delegado adjunto do SINSE Luanda, Comissário Dias do Nascimento, 2.º comandante provincial de Luanda, Manuel Miranda, chefe de Investiga­ção Criminal da Ingombota, Luís Miranda, che­fe dos Serviços Sectores do Comando de Divi­são da Ingombota .

Ademais, saliente-se que, na reconstituição do crime ou corpo de delito, os autores do rapto e assassinato foram ao local da matança, para tentar encontrar o corpo ou as ossadas de Ka­mulingue, conforme promessa das autoridades, para o entregar a família, no sentido de realizar um funeral de acordo com as nossas tradições.

E o que aconteceu? Estarrecedor. Demoníaco!

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