Díli,
27 mai (Lusa) - O antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, defendeu
hoje o apoio de Timor-Leste à Guiné-Bissau, após o golpe de Estado de 2012,
decidido contra a vontade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"Começo
por uma questão polémica. O ano passado quando Timor-Leste decidiu apoiar a
Guiné-Bissau fê-lo contra vontade da CPLP e as pessoas não entendiam porque
Timor-Leste decidiu apoiar um povo irmão", afirmou Mari Alkatiri.
O
secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin) falava na conferência "África/Timor-Leste: passado, presente e
futuro", que decorreu no Ministério dos Negócios Estrangeiros em Díli, no
âmbito da celebração do Dia de África, assinalado no domingo.
"Fizemo-lo
conscientes das relações históricas e culturais que unem num passado longínquo
e recente. Fizemo-lo porque tivemos a perceção de que era a nossa vez de
mostrar a solidariedade", afirmou Mari Alkatiri, lembrando que a
Guiné-Bissau foi o primeiro país a reconhecer a independência de Timor-Leste.
"Um
dirigente de outro país disse que não devíamos ter feito isso porque o governo
era ilegítimo. Respondi que a comunidade era de países e não de governos",
acrescentou.
Timor-Leste
apoiou o processo eleitoral na Guiné-Bissau, que conduziu à realização das
eleições legislativas e presidenciais, com mais de quatro milhões de euros.
Na
sua intervenção, Mari Alkatiri recordou também o apoio dado pelos Países
Africanos de Língua Portuguesa à frente diplomática durante a ocupação indonésia
de Timor-Leste afirmando: "Partilharam a sua própria pobreza para nos
ajudarem a fazer o nosso trabalho".
Em
declarações à Lusa no final da sua intervenção, Mari Alkatiri defendeu também
uma CPLP mais ativa nas relações económicas internacionais para deixar de ficar
limitada a uma organização para "matar saudades".
"Não
nos limitemos só a fazer da CPLP uma organização para matar saudades, falar do
passado, é preciso que seja uma CPLP que possa intervir nas relações
internacionais de forma sistemática e coerente e fundamentalmente nas relações
económicas internacionais", afirmou Mari Alkatiri.
Timor-Leste
assume pela primeira vez durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da
CPLP, marcada para 23 de julho em Díli, a presidência da organização.
MSE
// APN - Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário