Verdade (mz) - Editorial
Assistimos,
impávidos e serenos, à reiteração de uma prática cuja finalidade é deixar o
país num abismo sem precedentes. Frustrando as melhores expectativas criadas
pelo povo, os partidos políticos moçambicanos revelam-se cada vez mais
insensíveis relativamente às inquietações do povo que lhes confiou o destino da
nação.
As
leis aprovadas, recentemente, pela Assembleia da República sobre os direitos,
os deveres e as regalias dos Chefes de Estado e dos deputados são exemplos de
mau serviço que se presta à causa do eleitor moçambicano. Mas o radicalismo das
formações políticas vai mais longe.
No
mês passado, o Centro de Integridade Pública (CIP) publicou um artigo no qual
levantava o véu sobre a rede de máfia que lesa o Estado em milhões de meticais,
envolvendo os partidos políticos. O Movimento Democrático de Moçambique (MDM)
aparece como o principal actor no esquema de importação de viaturas luxuosas.
Esta
semana uma reportagem investigativa do CIP constanta, com consternação, que a
Frelimo fez justamente o que as autoridades tributárias moçambicanas procuram
erradicar: a fuga ao fisco. Infelizmente, pelas piores razões, a Frelimo e o
MDM são, como se diz na expressão popular, “farinha do mesmo saco”.
Diante
dos factos, os discursos que se sustentam nos slogans “Moçambique para todos” e
“Futuro melhor” são contraditórios, revelando, assim, a falta de moral política
por parte de quem pretende dirigir ou dirige o destino do país.
Se
a Frelimo e o MDM desejam, realmente, ajudar o povo moçambicano e contribuírem
para o desenvolvimento socioeconómico e cultural de Moçambique, basta
simplesmente ignorarem a ideia de governar o país. Não precisam de invocar as
razões, pois está claro e é sabido, por experiência, que a vocação não é
governar um país, mas sim delapidar os cofres do Estado de todas as maneiras
possíveis.
Num
país normal, a Procuradoria Geral da República já teria agido em defesa das
vítimas dessas acções fraudulentas que privam milhares de moçambicanos do
acesso à saúde, à educação e ao emprego condigno. Em síntese, ao contrário do
que algumas pessoas imaginam, infelizmente os partidos políticos, no poder e na
oposição, não estão para servir o povo, mas sim se servirem do povo.
Eles,
na verdade, almejam reforçar os seus privilégios de elite, deixando a população
morrer à fome e ao abandono. Diante dessa situação repugnante, a pergunta que
se coloca é: Afinal, são partidos políticos ou um bando de abutres? É, sem
dúvidas, caso para dizer que “a sujeira está na sala” e, como sempre, a solução
será empurrar para debaixo do tapete mais próximo.
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