segunda-feira, 19 de maio de 2014

Moçambique: FARINHA DO MESMO SACO



Verdade (mz) - Editorial

Assistimos, impávidos e serenos, à reiteração de uma prática cuja finalidade é deixar o país num abismo sem precedentes. Frustrando as melhores expectativas criadas pelo povo, os partidos políticos moçambicanos revelam-se cada vez mais insensíveis relativamente às inquietações do povo que lhes confiou o destino da nação.

As leis aprovadas, recentemente, pela Assembleia da República sobre os direitos, os deveres e as regalias dos Chefes de Estado e dos deputados são exemplos de mau serviço que se presta à causa do eleitor moçambicano. Mas o radicalismo das formações políticas vai mais longe.

No mês passado, o Centro de Integridade Pública (CIP) publicou um artigo no qual levantava o véu sobre a rede de máfia que lesa o Estado em milhões de meticais, envolvendo os partidos políticos. O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) aparece como o principal actor no esquema de importação de viaturas luxuosas.

Esta semana uma reportagem investigativa do CIP constanta, com consternação, que a Frelimo fez justamente o que as autoridades tributárias moçambicanas procuram erradicar: a fuga ao fisco. Infelizmente, pelas piores razões, a Frelimo e o MDM são, como se diz na expressão popular, “farinha do mesmo saco”.

Diante dos factos, os discursos que se sustentam nos slogans “Moçambique para todos” e “Futuro melhor” são contraditórios, revelando, assim, a falta de moral política por parte de quem pretende dirigir ou dirige o destino do país.

Se a Frelimo e o MDM desejam, realmente, ajudar o povo moçambicano e contribuírem para o desenvolvimento socioeconómico e cultural de Moçambique, basta simplesmente ignorarem a ideia de governar o país. Não precisam de invocar as razões, pois está claro e é sabido, por experiência, que a vocação não é governar um país, mas sim delapidar os cofres do Estado de todas as maneiras possíveis.

Num país normal, a Procuradoria Geral da República já teria agido em defesa das vítimas dessas acções fraudulentas que privam milhares de moçambicanos do acesso à saúde, à educação e ao emprego condigno. Em síntese, ao contrário do que algumas pessoas imaginam, infelizmente os partidos políticos, no poder e na oposição, não estão para servir o povo, mas sim se servirem do povo.

Eles, na verdade, almejam reforçar os seus privilégios de elite, deixando a população morrer à fome e ao abandono. Diante dessa situação repugnante, a pergunta que se coloca é: Afinal, são partidos políticos ou um bando de abutres? É, sem dúvidas, caso para dizer que “a sujeira está na sala” e, como sempre, a solução será empurrar para debaixo do tapete mais próximo.

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