segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Detenções no lançamento do referendo civil em Macau são "abuso de poder"-- pró-democratas




Macau, China, 24 ago (Lusa) -- A associação pró-democracia Novo Macau considerou hoje um "ultraje" e "um abuso de poder" pelo Governo e autoridades a detenção de cinco pessoas envolvidas na realização do referendo civil sobre o sufrágio universal, lançado hoje na região.

"Deter cinco pessoas que estavam envolvidas na organização e implementação do referendo civil é ultrajante e um abuso de poder. O Governo e os agentes que aplicam a lei levaram a cabo ações ilegais contra os nossos voluntários", disse em conferência de imprensa o vice-presidente da associação Novo Macau, Bill Chou.

O ativista e académico referia-se à detenção de Jason Chao, líder de duas das três associações organizadoras do referendo - Sociedade Aberta de Macau e Consciência de Macau - , do também vice-presidente da Novo Macau Scott Chiang, e de três dos voluntários que esta manhã facultaram a votação presencial em 'tablets' em cinco pontos da região, depois de o Tribunal de Última Instância (TUI) ter proibido a instalação de urnas.

Jason Chao e os quatro voluntários foram colocados em liberdade esta noite (tarde em Lisboa) várias horas depois de terem sido levados para interrogatório.

"O referendo civil é uma ação legal, pacífica e racional. (...) O Governo e os agentes que aplicam a lei levaram a cabo ações ilegais contra os nossos voluntários", acrescentou Bill Chou.

Para o dirigente da Novo Macau, o referendo civil não viola a Lei de Proteção dos Dados Pessoais: "Se ninguém se queixar as autoridades, incluindo quem recolhe os dados pessoais e quem os fornece, não está sob a alçada da polícia intervir ou deter ninguém".

"Acreditamos que a polícia está, mais uma vez, a abusar do seu poder e a infringir os direitos e as liberdades fundamentais garantidos pela Lei Básica", defendeu Bill Chou.

O ativista argumentou que a polícia alegadamente agiu com base no fundamento de que o referendo civil "é um tipo de assembleia ilegal", mas observou que "o TUI já tinha deliberado que a iniciativa não é um tipo de reunião, pelo que a polícia não pode dizer que é uma reunião ilegal".

"Paralelamente, a polícia proibiu a distribuição de panfletos sobre o referendo civil e isto é uma opressão da liberdade de expressão", defendeu.

As questões no referendo indagam sobre a confiança da população no chefe do Executivo e sobre a implementação do voto por sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo, que terá lugar em 2019. Na próxima, a realizar a 31 de agosto, mantém-se o método de escolha por um colégio eleitoral composto por 400 membros.

Bill Chou salientou que o objetivo das autoridades era "parar o referendo civil, que não é aceitável para o Governo, simplesmente porque o resultado é potencialmente embaraçoso para o chefe do Executivo, sobretudo quando os votos de não-confiança ao chefe do Executivo são potencialmente mais elevados do que os de confiança, e os favoráveis ao sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo em 2019 também são potencialmente superiores".

A votação presencial foi suspensa pela organização depois de Jason Chao ter denunciado a alegada pressão das autoridades sobre os residentes que exerceram o direito de voto. Já o voto 'online' continua a decorrer, podendo ser feito através da página de Internet do referendo em Macau2014.org.

Até às 22:00 (15:00 em Lisboa), tinham votado 3.808 pessoas no referendo.

FV//GC. - Lusa

Sem comentários:

Mais lidas da semana