Sydney,
05 ago (Lusa) - O sistema australiano de detenção de imigrantes é um ambiente
comparável a tortura, afirma o psiquiatra chefe de requerentes de asilo dos últimos
três anos num relatório divulgado hoje.
Peter
Young, até recentemente o diretor de saúde mental da empresa que fornece
cuidados de saúde a imigrantes detidos, alegou que o período de detenção era
deliberadamente difícil de maneira a coagir as pessoas a voltarem para o seu
país de origem.
"Temos
aqui um ambiente que é inerentemente tóxico", afirmou Young ao jornal The
Guardian Australia, salientando que o sistema "tem estas características
que, ao longo do tempo, causam danos à saúde mental dos imigrantes. Temos
provas muito claras de que este é o caso".
As
rígidas políticas de imigração australianas visam levar os refugiados a não
arriscarem a entrada no país.
Após
um endurecimento da política no ano passado, todas as pessoas que cheguem em
barcos não autorizados não podem instalar-se no país, mesmo sendo refugiados, e
são enviados para a Papua Nova Guiné ou para Nauru, uma pequena ilha a nordeste
da Papua Nova Guiné.
Scott
Morrison, o ministro da imigração, refutou acusações de esconder problemas de saúde
mental nos campos de requerentes de asilo, e pediu às pessoas para não
retirarem já conclusões, durante a realização de um inquérito da Comissão dos
Direitos Humanos.
Young,
que na última semana respondeu no inquérito, acusou o governo de criar um sistema
designado para produzir sofrimento e criar um estado mental negativo entre os
detidos.
"Se
considerarmos a tortura como o dano deliberado de outras pessoas em ordem a
coagi-las para um resultado desejado, penso que esta situação está dentro da
definição", afirmou Young.
Young
relatou ao The Guardian que um terço dos imigrantes detidos pela Austrália no
país, no território remoto da Ilha Natal no oceano Indico, e nos campos
pacíficos de Nauru e Papua Nova Guiné apresentavam um nível significante de
distúrbios mentais.
Segundo
Young, "quanto mais tempo as pessoas passam detidas, maior é o risco de
que estes sintomas evolvam para algo que pode ser reconhecido num diagnóstico
psiquiátrico".
De
acordo com números oficiais, atualizados a 31 de julho, perto de 1127
requerentes de asilo encontravam-se na ilha de Manus, na Papua Nova Guiné, e
1146 em Nauru. Outros
355 detidos voltaram voluntariamente para o seu país natal desde setembro.
HZL//
PJA - Lusa
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