A
Renamo, principal partido de oposição em Moçambique, sugeriu hoje que o acordo
para o fim das hostilidades seja assinado pelo seu líder, Afonso Dhlakama, no
seu esconderijo na Gorongosa e posteriormente devolvido ao Presidente da
República
"Havendo
essa pressão e ansiedade da sua assinatura, mesmo sabendo-se que nem todas as
condições estão reunidas para que isto aconteça aqui em Maputo, sugerimos que o
documento seja enviado ao nosso líder, Afonso Dhlakama, para ele assinar com o
próprio punho", disse hoje Eduardo Namburete, membro da delegação da
Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) nas negociações com o Governo, citado
pela agência de notícias moçambicana AIM.
O
Presidente da República, Armando Guebuza, tem insistido na assinatura do acordo
ao mais alto nível em Maputo com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama não tem
dado sinais de interesse nesse encontro, tendo mandatado os negociadores do
partido na capital moçambicana para assinar o documento em seu nome.
"Assinado
dentro ou fora de Maputo, o objetivo final terá também sido alcançado sem que
seja necessário que os dois líderes estejam juntos", afirmou Namburete,
reconhecendo porém que a "vontade de ambas as partes é que os dois líderes
se encontrem e mostrem aos moçambicanos que efetivamente a paz foi
restabelecida no país".
No
passado dia 11, os negociadores das duas partes assinaram em Maputo os três
documentos essenciais visando o fim da violência militar que assola o país há
mais de um ano.
Os
três documentos foram assinados pelo chefe da delegação do Governo e ministro
da Agricultura, José Pacheco, e pelo chefe da delegação da Renamo, Saimone
Macuiana.
O
acordo prevê um memorando de entendimento sobre os princípios gerais para o fim
da violência militar e os termos de referência da missão de observadores
militares internacionais que vão fiscalizar o fim das hostilidades, bem como os
mecanismos de garantia de implementação dos entendimentos, que incluem uma lei
da amnistia para crimes cometidos durante o período de confrontação, já
aprovada pelo parlamento e promulgada pelo chefe de Estado.
Afonso
Dhlakama vive num lugar incerto algures na Serra da Gorongosa, centro de
Moçambique, desde que o seu acampamento na região foi tomado pelo exército em
outubro do ano passado, devendo sair nos próximos dias para participar na
campanha para as eleições gerais de 15 de outubro, nas quais é candidato
presidencial pela Renamo.
Em
declarações ao semanário Savana, Dhlakama disse na sexta-feira que só sairá do
seu refúgio após a formalização de um cessar-fogo, reiterando que não tenciona
assinar o acordo com Guebuza em Maputo por questões de segurança.
Os
confrontos entre Renamo e Forças de Defesa e Segurança em Moçambique provocaram
no último ano e meio um número indeterminado de mortos e feridos, bem como a
destruição de veículos em ataques de homens armados do partido de oposição num
dos troços da principal estrada do país, na região centro do país.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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