domingo, 17 de agosto de 2014

Moçambique - Renamo: Acordo com Governo deve ser assinado na Gorongosa




A Renamo, principal partido de oposição em Moçambique, sugeriu hoje que o acordo para o fim das hostilidades seja assinado pelo seu líder, Afonso Dhlakama, no seu esconderijo na Gorongosa e posteriormente devolvido ao Presidente da República

"Havendo essa pressão e ansiedade da sua assinatura, mesmo sabendo-se que nem todas as condições estão reunidas para que isto aconteça aqui em Maputo, sugerimos que o documento seja enviado ao nosso líder, Afonso Dhlakama, para ele assinar com o próprio punho", disse hoje Eduardo Namburete, membro da delegação da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) nas negociações com o Governo, citado pela agência de notícias moçambicana AIM.

O Presidente da República, Armando Guebuza, tem insistido na assinatura do acordo ao mais alto nível em Maputo com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama não tem dado sinais de interesse nesse encontro, tendo mandatado os negociadores do partido na capital moçambicana para assinar o documento em seu nome.

"Assinado dentro ou fora de Maputo, o objetivo final terá também sido alcançado sem que seja necessário que os dois líderes estejam juntos", afirmou Namburete, reconhecendo porém que a "vontade de ambas as partes é que os dois líderes se encontrem e mostrem aos moçambicanos que efetivamente a paz foi restabelecida no país".

No passado dia 11, os negociadores das duas partes assinaram em Maputo os três documentos essenciais visando o fim da violência militar que assola o país há mais de um ano.

Os três documentos foram assinados pelo chefe da delegação do Governo e ministro da Agricultura, José Pacheco, e pelo chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiana.

O acordo prevê um memorando de entendimento sobre os princípios gerais para o fim da violência militar e os termos de referência da missão de observadores militares internacionais que vão fiscalizar o fim das hostilidades, bem como os mecanismos de garantia de implementação dos entendimentos, que incluem uma lei da amnistia para crimes cometidos durante o período de confrontação, já aprovada pelo parlamento e promulgada pelo chefe de Estado.

Afonso Dhlakama vive num lugar incerto algures na Serra da Gorongosa, centro de Moçambique, desde que o seu acampamento na região foi tomado pelo exército em outubro do ano passado, devendo sair nos próximos dias para participar na campanha para as eleições gerais de 15 de outubro, nas quais é candidato presidencial pela Renamo.

Em declarações ao semanário Savana, Dhlakama disse na sexta-feira que só sairá do seu refúgio após a formalização de um cessar-fogo, reiterando que não tenciona assinar o acordo com Guebuza em Maputo por questões de segurança.

Os confrontos entre Renamo e Forças de Defesa e Segurança em Moçambique provocaram no último ano e meio um número indeterminado de mortos e feridos, bem como a destruição de veículos em ataques de homens armados do partido de oposição num dos troços da principal estrada do país, na região centro do país.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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