António
Ribeiro Ferreira – jornal i
Com
as bolsas a pique e os juros da dívida em alta, salva-se o porto de abrigo
alemão, com Merkel a defender com unhas e dentes a austeridade
Foi
mais um dia negro para a Europa e também para o mundo. Os mercados estão em
pânico com a possível terceira recessão na zona euro e com os maus ventos que
sopram em Atenas. As
bolsas caíram a pique pela oitava sessão consecutiva e só não caíram mais
porque na hora do fecho dos mercados vieram umas vozes de Bruxelas garantir que
não iam deixar cair a Grécia por nada deste mundo. Acontece que as palavras não
fazem crescer as economias da zona euro de muito menos fazer subir a inflação.
Com recessão à vista e a deflação atrás da porta, só faltava mesmo uma nova
crise grega. De facto. a Grécia está de novo no radar da atenção dos mercados
financeiros após os juros das obrigações soberanas a 10 anos terem subido acima
dos 8%, o que acontece pela primeira vez desde Fevereiro.
GRÉCIA
MAIS UMA VEZ
O
movimento de venda de títulos de dívida grega a 10 anos está a ser suportado,
pela tentativa de saída prematura da Grécia do programa de ajuda por parte do
Fundo Monetário Internacional (FMI) apontado para 2016. Uma saída já recusada
pelo FMI e pela Comissão Europeia e que pode levar à queda do governo de
coligação de Samaras e à vitória do Syriza, partido de extrema-esquerda
liderado por Alexis Tsipras.
HOLLANDE
ATACA ESTAGNAÇÃO
A
queda dos mercados bolsistas é resultado da "estagnação" europeia, do
abrandamento da economia norte-americana e da "incerteza
internacional", declarou ontem o presidente francês, François Hollande.
"Há uma incerteza internacional", "os Estados Unidos abrandam e
a Europa tem um crescimento fraco", afirmou em declarações aos jornalistas
em Milão, onde participa numa cimeira euro-asiática.
"É
preciso que a Europa possa encontrar o caminho do crescimento e de um
crescimento mais vigoroso, tem sido esse o meu combate", acrescentou. O
presidente francês referiu que "a zona euro saiu da crise, mas a Europa
não retomou o caminho do crescimento e vive uma estagnação". Segundo
Hollande, a fraqueza dos mercados deve-se em primeiro lugar à
"instabilidade da situação internacional" na Ucrânia, no Médio
Oriente e na África Ocidental com a epidemia de ébola. "Mas também há
causas na Europa" como "o crescimento fraco, as interrogações e as
incertezas quanto ao plano de investimento que deve ser aplicado e os planos de
austeridade que se seguem uns aos outros", prosseguiu.
A
ÂNCORA ALEMÃ
A
chanceler alemã, Ângela Merkel, considerou ontem que a Europa tomou desde o
início o caminho "correcto" para ultrapassar a crise e instou de novo
todos os países-membros a respeitarem o Pacto de Estabilidade e Crescimento
(PEC). "Todos, e sobretudo, os Estados-membros devem respeitar as regras
do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC)", disse Merkel no plenário do
parlamento alemão, antes da próxima reunião do Conselho Europeu. Para Angela
Merkel, o respeito pelas regras do PEC é a "âncora central" para que
se volte a confiar na zona euro. Com Lusa
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