O
coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo declarou hoje que o partido vai
votar contra o Orçamento do Estado para 2015 por considerar que contém uma
lista de "sete pecados capitais" e define uma carga fiscal recorde.
Numa
conferência de imprensa em que o voto negativo foi anunciado, João Semedo
sublinhou que, "em 2015, os portugueses vão voltar a pagar mais impostos
como nunca pagaram até hoje" e que vão continuar "a ver os seus
salários cortados, os apoios sociais diminuídos", para além de reduções no
financiamento de serviços públicos.
"Este
é o orçamento que beneficia os lucros das grandes empresas, que prejudica todos
os que vivem dos rendimentos do seu trabalho e que esquece os mais
pobres", declarou o coordenador do Bloco de Esquerda.
De
acordo com João Semedo, a lista dos "sete pecados capitais" inicia-se
precisamente com "a maior carga fiscal de sempre", à qual se junta
"o embuste do crédito fiscal, que mais não é do que um estratagema, do que
uma aldrabice, para iludir aquilo que é a realidade deste orçamento: mais
impostos sobre todos os portugueses".
João
Semedo recordou ainda os cortes nos serviços públicos, em particular nas áreas
da educação e da justiça, acrescentando, noutro ponto, que o "aumento nas
pensões mínimas no valor de dois euros mensais" é um dos elementos
"mais revoltantes, mais vergonhosos deste Orçamento do Estado" por
não ser um aumento, mas sim "um insulto".
De
seguida, o dirigente do Bloco de Esquerda salientou o "teto criado agora
pelo Governo sobre os apoios sociais", em particular "no momento em
que a pobreza atinge níveis como até hoje nunca [se tinham] visto na história
da democracia portuguesa".
O
coordenador do Bloco de Esquerda adicionou também o que considerou ser um
"Orçamento do Estado zero em matéria de investimento público", o que
"torna impossível o crescimento económico e sem crescimento económico não
há mais emprego e sem mais emprego não há mais rendimento e sem mais rendimento
não há mais consumo".
Por
último, João Semedo classificou o Orçamento do Estado para 2015 como um
documento "irrealista", contendo metas "impossíveis de
concretizar" face à situação da economia portuguesa e da zona euro.
"O
pior ponto deste Orçamento do Estado é que é o Orçamento do Estado em que de
uma forma mais flagrante quem sai favorecido são os acionistas das grandes empresas,
que vão pagar menos impostos, e os que saem mais prejudicados são exatamente
todos os que vivem do seu trabalho e, sobretudo, isso é flagrante, é um
Orçamento do Estado que esconde os mais pobres", afirmou o responsável do
Bloco de Esquerda.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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