segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Timor-Leste: Julgar ministra em espera, xenofobia inconstitucional, mau “negócio” fronteiriço




Início do julgamento da Ministras das Finanças de Timor-Leste adiado "sine die"

Díli, 27 out (Lusa) - O início do julgamento da ministra das Finanças de Timor-Leste, Emília Pires, por alegada gestão danosa e participação económica em negócio foi hoje adiado "sine die", informou à agência Lusa fonte judicial.

Segundo a mesma fonte, o início do julgamento foi adiado porque o parlamento timorense ainda não levantou a imunidade à ministra e porque não teve ainda acesso ao processo, que está no Tribunal de Recurso depois de Emília Pires ter invocado nulidades da acusação.

Outro fator que contribui para o adiamento do julgamento foi o facto de a ministra das Finanças não estar presente.

Emília Pires integra a delegação que acompanha a visita do primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, aos Emirados Árabes Unidos.

No início de agosto, o Ministério Público de Timor-Leste acusou a ministra Emília Pires de alegada gestão danosa e participação económica em negócio num caso relacionado com a aquisição de camas para o Hospital Guido Valadares.

Em declarações à imprensa, a ministra das Finanças considerou "falsa e sem fundamento" a acusação deduzida contra si.

"No dia 25 de julho fui notificada da acusação deduzida contra mim pelo Ministério Público por dois crimes que não cometi. Rejeito veemente a acusação, que é falsa e não tem qualquer fundamento", afirmou Emília Pires.

Emília Pires ocupa a pasta das Finanças em Timor-Leste desde 2007, tendo sido reconduzida no cargo após as eleições legislativas de 2012.

"Toda a gente sabe que nos últimos anos, especialmente nos últimos dois anos, tenho sido alvo de uma campanha para destruir o meu nome, a minha reputação e o meu trabalho e consequentemente o próprio governo", afirmou Emília Pires.

MSE // JPS

Governo timorense enviou carta a PM e PR portugueses a explicar fim de contratos judiciais

Díli, 27 out (Lusa) - O Governo timorense enviou cartas ao Presidente e ao primeiro-ministro de Portugal a explicar a resolução do parlamento que suspende os contratos com funcionários judiciais internacionais, a maioria portugueses, disse à Lusa o ministro da Justiça.

"Hoje entreguei uma carta dirigida ao Presidente da República (Cavaco Silva) e ao primeiro-ministro (Pedro Passos Coelho) onde é explicado que a resolução não está relacionada com as relações existentes entre os dois países, nem com o tipo de cooperação que tem existido", afirmou Dionísio Babo em declarações à agência Lusa.

O parlamento de Timor-Leste aprovou na sexta-feira uma resolução a suspender os contratos com funcionários judiciais internacionais, a maior parte portugueses, alegando "motivos de força maior e de interesse nacional".

Segundo fonte governamental, esta medida afeta cerca de 50 funcionários, a maioria portugueses, a exercer funções na magistratura judicial, no Ministério Público, na Defensoria Pública, na Comissão Anticorrupção e no Centro de Formação Jurídica.

"Transitoriamente, e sem prejuízo de uma decisão em sentido inverso no futuro, deverão cessar de imediato, por motivos de força maior e de interesse nacional, todas as contratações existentes e renovações contratuais dos funcionários judiciais internacionais, incluindo as respetivas assessorias internacionais", refere-se a resolução, aprovada na sexta-feira e a que a agência Lusa teve hoje acesso.

Na resolução, o parlamento pede também ao Governo, "enquanto órgão responsável pela execução das políticas de Justiça", para efetuar uma auditoria técnica "aprofundada sobre o funcionamento do setor".

No documento, refere-se que "estes profissionais externos" revelaram "falta de capacidade técnica" para "dotarem funcionários timorenses de conhecimentos técnicos adequados".

O parlamento acrescenta que na Comissão Anticorrupção a contratação de profissionais estrangeiros também "não se tem revelado satisfatória, uma vez que é público que a Comissão Anticorrupção não tem agido em conformidade com os indícios criminais de que toma conhecimento, no sentido de promover investigações sobre os mesmos".

Na resolução, o parlamento explica também que o sistema Justiça de Timor-Leste tem vindo a ser chamado a resolver processos com "cada vez maior complexidade", que têm "revelado algumas das fragilidades" de que o sistema judicial timorense padece".

Entre essas fragilidades, está referida a "capacidade de resposta dos tribunais", mas também "incidentes referentes a irregularidades jurídicas, tanto materiais, como processuais, que vêm contaminando os processos, expondo o país a ameaças externas à sua soberania e subsequente segurança nacional".

"Esta decisão foi política com base em considerações e análises profundas do parlamento, que considera ser necessário a realização de uma auditoria", disse o ministro da Justiça.

Segundo Dionísio Babo, após a auditoria poderão vir a ser feitos novos contratos, mas baseados numa nova forma, que não especificou.

MSE // VM

Suspensão de contratos de estrangeiros em Timor-Leste é inconstitucional - deputado

Díli, 27 out (Lusa) - O deputado timorense Estanislau da Silva, da Fretilin, considerou hoje inconstitucional a resolução aprovada pelo parlamento de Timor-Leste, que determina o fim dos contratos com funcionários judiciais internacionais, a maioria portugueses.

A resolução é uma "interferência direta de um órgão de soberania e cria um precedente bastante mau", sublinhou o deputado da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que votou contra a resolução, aprovada na sexta-feira no parlamento numa sessão encerrada ao público e a que a agência Lusa teve hoje acesso.

A resolução suspende os contratos com funcionários judiciais internacionais, a maior parte portugueses, alegando "motivos de força maior e de interesse nacional".

Segundo fonte governamental, esta medida afeta cerca de 50 funcionários, a maioria portugueses, a exercer funções na magistratura judicial, no Ministério Público, na Defensoria Pública, na Comissão Anticorrupção e no Centro de Formação Jurídica.

Na resolução, o parlamento pede também ao Governo, "enquanto órgão responsável pela execução das políticas de Justiça", para efetuar uma auditoria técnica "aprofundada sobre o funcionamento do setor".

No documento, refere-se que "estes profissionais externos" revelaram "falta de capacidade técnica" para "dotarem funcionários timorenses de conhecimentos técnicos adequados".

Na resolução, o parlamento explica também que o sistema Justiça de Timor-Leste tem vindo a ser chamado a resolver processos com "cada vez maior complexidade", que têm "revelado algumas das fragilidades" de que o sistema judicial timorense padece".

Entre essas fragilidades, está referida a "capacidade de resposta dos tribunais", mas também "incidentes referentes a irregularidades jurídicas, tanto materiais, como processuais, que vêm contaminando os processos, expondo o país a ameaças externas à sua soberania e subsequente segurança nacional".

O deputado da Fretilin sublinhou que é "preciso melhorar serviços e capacitar juízes", mas que esta não é a melhor forma de o fazer.

"A resolução padece de constitucionalidade porque existem mecanismos para fazer a auditoria", disse, referindo, por exemplo, o Conselho de Magistratura, que poderia fazer uma auditoria técnica.

MSE // VM

Parlamento timorense apoia Governo nas negociações de fronteiras com Austrália

Díli, 27 out (Lusa) -- O parlamento timorenses decidiu através de uma resolução apoiar a decisão do Governo de Timor-Leste de iniciar as negociações de delimitação das fronteiras marítimas com a Austrália, divulgou o Jornal da República.

Os parlamentares timorenses, através da resolução número 12/2014, de 24 de outubro, decidiram "apoiar e aceitar o início imediato das negociações com a Commonwealth da Austrália com o objetivo de estabelecer as fronteiras marítimas definitivas entre a República Democrática de Timor-Leste e a Commonwealth da Austrália".

Timor-Leste e a Austrália suspenderam o litígio em instâncias internacionais sobre as fronteiras marítimas, que envolve a exploração de petróleo, durante um período de seis meses para tentar resolver o litígio através de negociações amigáveis.

Na resolução também se refere que o parlamento decidiu "apoiar a decisão do Governo em constituir um Conselho para a Delimitação Definitiva das Fronteira Marítimas", que terá várias atribuições, entre as quais, definir as condições chave das negociações de um tratado.

O conselho deverá atuar "na qualidade de comité de supervisão e órgão de controlo de direção-geral do processo negocial, e determinar os objetivos pretendidos".

O órgão irá funcionar "como órgão de supervisão da equipa de negociação e prestar a esta as instruções e diretrizes sobre decisões e orientações estratégicas relevantes".

O parlamento apoia ainda a integração no Conselho para a Delimitação Definitiva das Fronteira Marítimas do primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, de ministros do Governo, e figuras eminentes da nação.

Em setembro, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) adiou o início das audições a Timor-Leste e à Austrália (previstas de 17 a 24 daquele mês), no caso sobre a apreensão de documentos das autoridades australianas a um advogado timorense.

Segundo o TIJ, Timor-Leste e a Austrália enviaram uma carta conjunta a pedir para "adiar a audiência para tentarem encontrar uma solução amigável".

O TIJ estava a analisar uma queixa feita por Timor-Leste contra a Austrália, depois dos serviços secretos australianos terem feitos rusgas ao escritório e residência de um advogado australiano que representa as autoridades timorenses no caso das acusações de espionagem e apreendido documentos.

As rusgas ao escritório e residência do advogado timorense ocorreram após Timor-Leste ter acusado formalmente, junto do tribunal arbitral de Haia, a Austrália de espionagem quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), em 2004.

O processo de espionagem também está a ser tratado em Haia, mas pelo Tribunal Permanente de Arbitragem.

Com a arbitragem internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim negociar a limitação das fronteiras marítimas e tirar todos os proveitos da exploração do campo de gás de Greater Sunrise, que vale milhares de milhões de dólares.

Por outro lado, a petrolífera estatal australiana Woodside continua empenhada em desenvolver o campo de gás Greater Sunrise, situado na costa sul timorense, com Timor-Leste.

"A Woodside continua empenhada em desenvolver (a exploração) do Greater Sunrise", referiu um relatório da companhia, divulgado a 16 de outubro.

CSR (MSE) // APN

*Título PG

Sem comentários:

Mais lidas da semana