terça-feira, 11 de novembro de 2014

David Cameron diz que Reino Unido não fica na Europa de qualquer maneira



Francisco Castelo Branco - jornal i

David Cameron, primeiro-ministro britânico, insistiu que o Reino Unido e a própria União Europeia devem ter uma nova política de imigração

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou ontem que "o Reino Unido não está preparado para permanecer na União Europeia de qualquer forma" e que "Bruxelas tem de ouvir as preocupações dos britânicos em relação à imigração". No discurso realizado numa conferência organizada pela Confederação da Indústria Britânica (CBI), que contou com a presença de Nick Clegg e Ed Miliband, o chefe de governo acrescentou que "o país só vai conseguir vencer os desafios do futuro caso tenha uma economia forte". David Cameron rejeitou as críticas que associam a realização do referendo sobre a manutenção do Reino Unido na União Europeia a uma provável queda da economia devido ao forte investimento que se tem feito nos últimos anos.

O tema que tem causado maior atenção por parte do executivo é a imigração que chega dos países europeus para o território britânico. David Cameron entende que a solução para resolver o problema passa por "haver um controlo adequado da imigração", tendo adiantado que "é preciso fazer mais dentro e fora do espaço europeu".

A imigração e a economia são as duas grandes preocupações do povo britânico quando faltam poucos meses para o início da campanha eleitoral para as legislativas de 2015. Na opinião do professor de Ciência Política da Universidade do Exeter Richard Toye, a questão "tornou-se um enorme problema político que vai ser aproveitado pelo UKIP durante a campanha eleitoral". No entanto, o docente britânico garante que a população "está mais centrada nos resultados económicos, embora esteja atenta ao desenrolar dos fluxos migratórios que chegam ao Reino Unido". Por tudo isto, Richard Toye considera que o discurso de David Cameron é "eleitoralista e previsível".

Na conferência também participaram o vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, e o líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband. Nick Clegg pediu às pessoas que se concentrem mais nos benefícios inerentes ao facto de o Reino Unido ser membro da União Europeia. O líder dos Liberais-Democratas considera que o Reino Unido sempre foi "uma sociedade aberta e que não haverá futuro caso os britânicos voltem as costas ao mundo". Por seu lado, Ed Miliband acusou o primeiro-ministro de fazer promessas sobre os temas políticos mais discutidos. O líder dos trabalhistas aproveitou para dizer que "se acharmos que a verdadeiro resposta é sair da União Europeia, isso aproxima-nos mais da saída", tendo garantido que a actual atitude do executivo em relação à Europa põe em risco o investimento estrangeiro em todo o território britânico. Por fim, Miliband avisou que a recuperação económica foi feita sem alegria.

O presidente da Confederação da Indústria Britânica, Mike Rake, teve um discurso semelhante aos principais líderes partidários britânicos. O dirigente afirmou que "não estamos perante uma situação em que temos de escolher um trabalhador vindo do exterior ou um cidadão britânico".

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