Amadeu
Rocha – O País (ao)
O
sociólogo Paulo de Carvalho defendeu para os media angolanos um papel
interventivo que promova a estabilidade social, livrando-se da tentação de
acirrar divisões. “Devem reforçar aquilo que nos une e não o que nos divide”,
disse.
Paulo
de Carvalho foi orador Sexta-feira passada, 31 de Outubro, numa palestra
consagrada aos 39 anos de jornalismo do pós-Independência, iniciativa da UJA,
União dos Jornalistas Angolanos. Manifestando visível preocupação em relação à
postura de um conjunto de meios de imprensa – que citou nominalmente -, o
palestrante defendeu que “num país que viveu uma longa guerra civil, como o
nosso, não é admissível que haja meios de comunicação social que aticem antigos
ódios ou promovam novas revoltas”. A crítica teve como alvos o Folha 8, a Rádio Despertar e o
Jornal de Angola.
O
sociólogo, que tem numerosos estudos sobre o desempenho da media angolana,
transmitiu aos participantes o seu olhar sobre as quase quatro décadas de um
jornalismo feito por angolanos para os angolanos, um período que dividiu em
dois, a saber: “fase das nacionalizações e fase de liberalização”, com o marco
divisório em 1991, ano em que se consagrou o multipartidarismo e a economia de
mercado. Na concorrida palestra, além das fortes críticas ao pior do jornalismo
que se pratica entre nós, Paulo de Carvalho avançou ideias que podem concorrer
para um desempenho melhor desse sector fundamental da vida em democracia. Uma
das suas teses defende que os jornalistas devem “viver e conviver” com as
pessoas e que o boato, na mídia, é um mal a evitar em absoluto. “Afirmações
sobre informações não confirmadas é o que o boato é. Na sua essência, vai
contra as regras sagradas do jornalismo”, observou o catedrático.
A
nata do jornalismo da dipanda
Paulo
de Carvalho, na palestra que proferiu sobre a saga do jornalismo feito em
Angola depois do dia 11 de Novembro de 1975, elegeu os profissionais que
considera os nomes mais relevantes dos dois períodos em que se subdivide o
percurso.
Assim,
na avaliação do sociólogo, entre 1975 até 1991, altura em que aconteceu a
abertura democrática, os grandes “mestres” da arte de informar, foram:
Gustavo
Costa; Silva Candembo; David Mestre; João Melo; Sebastião Coelho; Francisco
Simons; Rui Carvalho; Luísa Fançony; Alexandre Gourgel; Carlos Henriques;
Nelson Rosa; Pedro Ramalhoso; Mariana Ribeiro; José Amorim e José Maria
Fernandes (os dois últimos operadores de câmara).
No período da sociedade
plural (contado a partir de 1991), de acordo sempre com as escolhas de Paulo de
Carvalho, os jornalistas de maior peso são, entre outros, os seguintes:
Gustavo
Costa; Reginaldo Silva; Graça Campos; Jaime Azulay; Luís Fernando; Víctor
Aleixo; Aguiar dos Santos; Luísa Damião;Josué Isaías; Víctor Silva; Jorge
Airosa; Pires Ferreira; Mariano Brás; Josina de Carvalho; Américo Gonçalves;
Virgílio Coelho; Luísa Rogério; Salas Neto; Paulo Miranda; Paula Simons;
Eduardo Magalhães; Francisco Mendes; Joaquim Gonçalves; Ismael Mateus; José
Rodrigues; Arlindo Macedo; Mateus Gonçalves; Silva Candembo; Salu Gonçalves;
Afonso Quintas; Alves Fernandes; Manuel da Silva; Edgar Cunha; Ernesto
Bartolomeu; Isidro Sanhanga; Joana Tomás; Sérgio Rodrigues; Mara d’Alva;
Feliciano Mágico (operador de câmara).
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