sábado, 15 de novembro de 2014

Três líderes da contestação estudantil em Hong Kong impedidos de viajar para Pequim




Hong Kong, 15 nov (Lusa) -- Três dirigentes dos estudantes que se manifestantam em Hong Kong anunciaram terem sido impedidos hoje de embarcar num avião para Pequim, onde queriam reclamar ao regime comunista democracia para o território.

Os dirigentes da Federação de Estudantes de Hong Kong (HKFS), que lideram o movimento de contestação que paralisa desde há seis semanas muitos bairros de Hong Kong, indicaram terem sido informados por responsáveis da companhia aérea Cathay Pacific que as suas autorizações de viagem tinham sido recusadas por Pequim.

"Eles não tinham os documentos de viagem exigidos para embarcar", declarou o número dois do HKFS, Lester Shum, à imprensa, referindo-se à autorização de Pequim que permite aos residentes de Hong Kong viajar para a China continental.

O dirigente da Federação, Alex Chow, assim como Nathan Law e Easton Chung pretendiam ir a Pequim para discutir com representantes do regime "a reforma política" e "a questão de 'Um país, dois sistemas'", tinha precisado num comunicado a Federação de estudantes.

Dezenas de milhares de manifestantes estudantes, que reclamam a instauração de um verdadeiro sufrágio universal em Hong Kong, território que beneficia de um estatuto especial, têm saído às ruas desde 28 de setembro.

O seu número reduziu-se consideravelmente, mas ocupam atualmente três locais da antiga colónia britânica, perturbando seriamente os transportes públicos, entre outras atividades.

Fontes do governo central, citadas na sexta-feira pelo diário de Hong Kong Mingpao, descartam a hipótese de o executivo de Pequim se envolver nas ações para devolver a normalidade às zonas ocupadas.

Segundo o diário independente, a visita que o Presidente chinês, Xi Jinping, tem prevista a Macau em dezembro, no âmbito das celebrações do 15.º aniversário da transição do exercício de soberania, é a principal razão pela qual o Governo central não quer intervir.

A pressão sobre as centenas de estudantes que permanecem acampados nas ruas intensificou-se nos últimos dias, sobretudo depois de o Tribunal Superior de Justiça se ter pronunciado contra a possibilidade de os jovens recorrerem da ordem judicial que dá autoridade à polícia para desocupar várias das ruas ocupadas no âmbito dos protestos iniciados há mais de seis semanas.

A polícia tem ainda autorização judicial para levar a cabo detenções no caso de os manifestantes terem algum tipo de resistência física.

A antiga colónia britânica vive a mais grave crise política desde a transição de soberania para Pequim, em 1997.

Pequim aprovou o princípio "uma voz, um voto", mas reserva a um comité eleitoral, maioritariamente favorável ao Partido Comunista chinês a pré-seleção dos candidatos a chefe do executivo em 2017, condições consideradas inaceitáveis pelo movimento pró-democracia.

RCS (FV) // VM

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