segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

NA UE, ELES ESTÃO A VER-SE GREGOS


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Os eleitores gregos votaram e demonstraram aos sorrateiros fascistas, alapados na condução dos destinos da União Europeia, que enveredaram pelo caminho errado. Que basta de servir os mercados em prejuízo dos interesses dos cidadãos europeus que enganados neles votaram. Perante tal demonstração em ato eleitoral, uma hecatombe para os ressabiados cúmplices do grande capitalismo que ocupam os principais pelouros da UE, as declarações são bem demonstrativas da contrariedade dos gregos elegerem Tsipras para primeiro-ministro. Nem as chantagens exercidas por quase todos - da UE ao FMI - e principalmente por Merkel, demoveram os gregos de dar a lição merecida aos sorrateiros fascistas na UE.

Na Europa, a manhã de hoje foi preenchida por um corropio de declarações hipócritas sobre o acontecimento por parte dos dirigentes dos vários países constituintes da UE, assim como de Bruxelas, Londres e Berlim. Declarações que escondem a chantagem e as ameaças veladas. Os sorrateiros fascistas estão a ver-se gregos para digerir o que ontem aconteceu nas eleições gregas e seus resultados. Cameron, com fleuma londrina, já deu a entender que os resultados lhe desagradaram monumentalmente e que "isto não é nada de bom".

Em Portugal, os sorrateiros fascistas no governo tem a mesma opinião mas nem por sombras o dizem. Em vez disso usam a hipocrisia habitual. Recorrem às palavras democracia, democraticamente, legitimidade para deixarem entre-linhas e subentendido que à Grécia nada de bom vai acontecer se não "cumprir as suas obrigações para com a União Europeia". O que significa que apesar do resultado das eleições na Grécia ter ocorrido sob o signo da recuperação da dignidade dos povos europeus e do não rotundo ao servilismo aos interesses dos mercados e da exploração selvagem capitalista, os gregos, os europeus, têm de se sujeitar às imposições e sacrifícios ditados pelos sorrateiros fascistas da UE em conluio com os negreiros do esclavagismo capitalista, denominados por mercado.

Para quem escutou hoje de manhã a TSF e as declarações de um saramongo eurodeputado por Portugal, do PSD, Paulo Rangel, o esclarecimento foi instantâneo sobre os propósitos dos do diretório da UE afeto à corrente dos Populares (sorrateiros fascistas) que dirige a UE. Notou-se que o propósito é levar os gregos a pagar com língua de palmo o atrevimento de terem elegido forças contrárias ao ditado por Merkel, pelo FMi e pelos que do grande capital põe e dispõem na UE.

Horas depois, Passos Coelho, maquiavélico primeiro-ministro português e servo de Merkel e daquilo que ela representa, teve a prosápia de afirmar que "o programa do Syriza é dificilmente conciliável com as regras europeias, mas disse esperar que o novo Governo grego as cumpra e possa manter-se na zona euro e na União Europeia". E ainda “apelidou de «conto de crianças» a ideia de que «é possível que um país, por exemplo, não queira assumir os seus compromissos, não pagar as suas dívidas, querer aumentar os salários, baixar os impostos e ainda ter a obrigação de, nos seus parceiros, garantir o financiamento sem contrapartidas». Citando o que divulgou a TSF.

Passos Coelho, servil capacho de Merkel e dos interesses do mercado, foi a fiel reprodução e voz da dona. Merkel espera que novo governo da Grécia respeite compromissos, podemos ler também na TSF. Passos, a seu modo, reproduziu as palavras da dona. Teve o cuidado de se pronunciar depois das declarações de Merkel. Passos, um papagaio que os portugueses aguardam depenar dentro de alguns meses, nas eleições que se aproximam.

Eles estão a ver-se gregos para lidarem com as evidências eleitas em democracia.

Este uníssono das declarações dos governantes e deputados afetos ao sorrateirismo fascista é o prenúncio das vontades e prováveis planeamentos já existentes de causarem o descalabro na Grécia e darem "uma lição" aos gregos por se terem "portado mal" e votarem em personalidades e partidos antagónicos aos interesses dos selvagens capitalistas que têm por funcionários os principais governantes e deputados na UE.

A moral da história está para se conhecer, depois da UE atuar declaradamente contra a Grécia, como indicia. Quanto ao resultado também está por conhecer, dependendo muito dos restantes povos europeus a decisão de querer continuar a ser explorado e escravizado por um regime imposto por uns quantos sorrateiros fascistas que nos últimos anos têm destruído a democracia, a justiça social, a dignidade e a esperança do bem-estar dos europeus.

Eles estão a ver-se gregos para lidarem com as evidências eleitas em democracia. A reação pode ser das piores que possamos imaginar.

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