O
SALAZARISMO NAZI FOI REGIME POR 48 ANOS EM PORTUGAL
São
imensos os antifascistas assassinados pela polícia política de Salazar, a PIDE,
mas também a GNR e a PSP participou de forma assassina e selvática no festim da
repressão fascista. Abram-se os olhos a uma das listas quase infindáveis que o
Página Vermelha publicou em Dezembro de 2005. Outras há.
Numa
visita ao Youtube podemos ver e ouvir os que foram torturados pela PIDE. Ali
existem muita documentação audiovisual sobre o tema. Existem filmes portugueses
que abordam igualmente o tema. O filme de Susana Sousa Dias com o título “48”
inclui testemunhos de muitos dos antifascistas torturados. O testemunho da realizadora. Aqui poderá ver um vídeo
sobre o tema, do Youtube. Outros encontrará no final deste texto, encontrados
após uma breve pesquisa. Se pesquisar encontrará muitos mais.
Dito
isto o que se pergunta é como podem os portugueses ignorar quanto hediondo foi
o regime salazarista que os políticos portugueses e os media têm vindo a
branquear? Como podem os portugueses terem eleito para a Presidência da República
um individuo que hoje é voz corrente (documentação na internet) ter sido colaborador da PIDE? Como podem
alguns duvidar da existência da polícia política de Salazar e Marcello Caetano?
Com Caetano a PIDE passou a ter o nome de DGS… mas era a mesma coisa. Estavam lá os mesmos torcionários e assassinos.
Foi a PIDE, em 25 de Abril de 1974, a única força fascista que às portas da
sua sede, em Lisboa, na Rua António Maria Cardoso, assassinou com tiros de
rajada portugueses.
Numa
operação de branqueamento da PIDE o edifício da sua sede foi vendido para um condomínio
privado em vez de um museu que mostrasse aos portugueses o que foi o
salazarismo e a PIDE. Salazarismo que está vivo e bem vivo. Cavaco Silva é
atualmente um dos que no poder político mais se assemelha com os fascistas dessa
época devastadora das liberdades e violações dos direitos humanos. Fá-lo a
reboque do governo que é seu. De sua vontade e proteção.
O
salazarismo fascista e a PIDE existiram e ainda estão por aí a entravar e a
destruir os direitos democráticos e constitucionais dos portugueses. Não restem
dúvidas. Nem falta de coragem para resistir e combater aqueles que querem e estão
a fazer-nos regressar ao 24 de Abril de 1974.
Não
tenham dúvidas, os mais jovens. A PIDE existiu mesmo, torturou e assassinou, assim como
também a GNR e a PSP assassinaram antifascistas. Não branqueiem o fascismo em
Portugal.
Redação
PG
Assassinados
pela PIDE
Página Vermelha - 9 de Dezembro de 2005
Numa
altura em que nos querem fazer crer que o fascismo nunca existiu, e que Salazar
era apenas "autoritário", numa altura em que querem apagar os poucos
vestígios físicos que ainda existem, convém relembrar que o seu braço mais
sinistro, a PIDE-DGS, bem como outros braços armados do fascismo, perseguiram,
torturaram e assassinaram muitos portugueses e patriotas africanos, e que os
seus responsáveis e agentes nunca foram punidos nem sequer julgados. Para
reavivar a memória, voltamos a publicar excertos de um texto da Comissão
"Abril Revolucionário e Popular" em 2002, o qual inclui uma lista de
mortos pelo fascismo.
- 1931,
o estudante Branco é morto pela PSP, durante uma manifestação no Porto;
- 1932,
Armando Ramos, jovem, é morto em consequência de espancamentos; Aurélio Dias,
fragateiro, é morto após 30 dias de tortura; Alfredo Ruas, é assassinado a tiro
durante uma manifestação em Lisboa;
- 1934,
Américo Gomes, operário, morre em Peniche após dois meses de tortura; Manuel
Vieira Tomé, sindicalista ferroviário morre durante a tortura em consequência
da repressão da greve de 18 de Janeiro; Júlio Pinto, operário vidreiro, morto à
pancada durante a repressão da greve de 18 de Janeiro; a PSP mata um operário
conserveiro durante a repressão de uma greve em Setúbal
- 1935,
Ferreira de Abreu, dirigente da organização juvenil do PCP, morre no hospital
após ter sido espancado na sede da PIDE (então PVDE);
- 1936,
Francisco Cruz, operário da Marinha Grande, morre na Fortaleza de Angra do
Heroísmo, vítima de maus tratos, é deportado do 18 de Janeiro; Manuel Pestana
Garcez, trabalhador, é morto durante a tortura;
- 1937,
Ernesto Faustino, operário; José Lopes, operário anarquista, morre durante a
tortura, sendo um dos presos da onda de repressão que se seguiu ao atentado a
Salazar; Manuel Salgueiro Valente, tenente-coronel, morre em condições
suspeitas no forte de Caxias; Augusto Costa, operário da Marinha Grande, Rafael
Tobias Pinto da Silva, de Lisboa, Francisco Domingues Quintas, de Gaia,
Francisco Manuel Pereira, marinheiro de Lisboa, Pedro Matos Filipe, de Almada e
Cândido Alves Barja, marinheiro, de Castro Verde, morrem no espaço de quatro
dias no Tarrafal, vítimas das febres e dos maus tratos; Augusto Almeida Martins,
operário, é assassinado na sede da PIDE (PVDE) durante a tortura ; Abílio
Augusto Belchior, operário do Porto, morre no Tarrafal, vítima das febres e dos
maus tratos;
- 1938,
António Mano Fernandes, estudante de Coimbra, morre no Forte de Peniche, por lhe
ter sido recusada assistência médica, sofria de doença cardíaca; Rui Ricardo da
Silva, operário do Arsenal, morre no Aljube, devido a tuberculose contraída em
consequência de espancamento perpetrado por seis agentes da Pide durante oito
horas; Arnaldo Simões Januário, dirigente anarco-sindicalista, morre no campo
do Tarrafal, vítima de maus tratos; Francisco Esteves, operário torneiro de
Lisboa, morre na tortura na sede da PIDE; Alfredo Caldeira, pintor, dirigente
do PCP, morre no Tarrafal após lenta agonia sem assistência médica;
- 1939,
Fernando Alcobia, morre no Tarrafal, vítima de doença e de maus tratos;
- 1940,
Jaime Fonseca de Sousa, morre no Tarrafal, vítima de maus tratos; Albino
Coelho, morre também no Tarrafal; Mário Castelhano, dirigente anarco-sindicalista,
morre sem assistência médica no Tarrafal;
- 1941,
Jacinto Faria Vilaça, Casimiro Ferreira; Albino de Carvalho; António Guedes
Oliveira e Silva; Ernesto José Ribeiro, operário, e José Lopes Dinis morrem no
Tarrafal;
- 1942,
Henrique Domingues Fernandes morre no Tarrafal; Carlos Ferreira Soares, médico,
é assassinado no seu consultório com rajadas de metralhadora, os agentes
assassinos alegam legítima defesa (?!); Bento António Gonçalves,
secretário-geral do P. C. P. Morre no Tarrafal; Damásio Martins Pereira,
fragateiro, morre no Tarrafal; Fernando Óscar Gaspar, morre tuberculoso no
regresso da deportação; António de Jesus Branco morre no Tarrafal;
- 1943,
Rosa Morgado, camponesa do Ameal (Águeda), e os seus filhos, António, Júlio e
Constantina, são mortos a tiro pela GNR; Paulo José Dias morre tuberculoso no
Tarrafal; Joaquim Montes morre no Tarrafal com febre biliosa; José Manuel Alves
dos Reis morre no Tarrafal; Américo Lourenço Nunes, operário, morre em
consequência de espancamento perpetrado durante a repressão da greve de Agosto
na região de Lisboa; Francisco do Nascimento Gomes, do Porto, morre no
Tarrafal; Francisco dos Reis Gomes, operário da Carris do Porto, é morto
durante a tortura;
- 1944,
general José Garcia Godinho morre no Forte da Trafaria, por lhe ser recusado
internamento hospitalar; Francisco Ferreira Marques, de Lisboa, militante do
PCP, em consequência de espancamento e após mês e meio de incomunicabilidade;
Edmundo Gonçalves morre tuberculoso no Tarrafal; assassinados a tiro de metralhadora
uma mulher e uma criança, durante a repressão da GNR sobre os camponeses
rendeiros da herdade da Goucha (Benavente), mais 40 camponeses são feridos a
tiro.
- 1945,
Manuel Augusto da Costa morre no Tarrafal; Germano Vidigal, operário,
assassinado com esmagamento dos testículos, depois de três dias de tortura no
posto da GNR de Montemor-o-Novo; Alfredo Dinis (Alex), operário e dirigente do
PCP, é assassinado a tiro na estrada de Bucelas; José António Companheiro,
operário, de Borba, morre de tuberculose em consequência dos maus tratos na
prisão;
- 1946,
Manuel Simões Júnior, operário corticeiro, morre de tuberculose após doze anos
de prisão e de deportação; Joaquim Correia, operário litógrafo do Porto, é
morto por espancamento após quinze meses de prisão;
- 1947,
José Patuleia, assalariado rural de Vila Viçosa, morre durante a tortura na
sede da PIDE;
- 1948,
António Lopes de Almeida, operário da Marinha Grande, é morto durante a
tortura; Artur de Oliveira morre no Tarrafal; Joaquim Marreiros, marinheiro da
Armada, morre no Tarrafal após doze anos de deportação; António Guerra, operário
da Marinha Grande, preso desde 18 de Janeiro de 1934, morre quase cego e após
doença prolongada;
- 1950,
Militão Bessa Ribeiro, operário e dirigente do PCP, morre na Penitenciária de
Lisboa, durante uma greve de fome e após nove meses de incomunicabilidade; José
Moreira, operário, assassinado na tortura na sede da PIDE, dois dias após a
prisão, o corpo é lançado por uma janela do quarto andar para simular suicídio;
Venceslau Ferreira morre em Lisboa após tortura; Alfredo Dias Lima, assalariado
rural, é assassinado a tiro pela GNR durante uma manifestação em Alpiarça;
- 1951,
Gervásio da Costa, operário de Fafe, morre vítima de maus tratos na prisão;
- 1954,
Catarina Eufémia, assalariada rural, assassinada a tiro em Baleizão, durante
uma greve, grávida e com uma filha nos braços;
- 1957,
Joaquim Lemos Oliveira, barbeiro de Fafe, morre na sede da PIDE no Porto após
quinze dias de tortura; Manuel da Silva Júnior, de Viana do Castelo, é morto durante
a tortura na sede da PIDE no Porto, sendo o corpo, irreconhecível, enterrado às
escondidas num cemitério do Porto; José Centeio, assalariado rural de Alpiarça,
é assassinado pela PIDE;
- 1958,
José Adelino dos Santos, assalariado rural, é assassinado a tiro pela GNR,
durante uma manifestação em Montemor-o-Novo, vários outros trabalhadores são
feridos a tiro; Raul Alves, operário da Póvoa de Santa Iria, após quinze dias
de tortura, é lançado por uma janela do quarto andar da sede da PIDE, à sua
morte assiste a esposa do embaixador do Brasil;
- 1961,
Cândido Martins Capilé, operário corticeiro, é assassinado a tiro pela GNR
durante uma manifestação em Almada; José Dias Coelho, escultor e militante do
PCP, é assassinado à queima-roupa numa rua de Lisboa;
- 1962,
António Graciano Adângio e Francisco Madeira, mineiros em Aljustrel, são
assassinados a tiro pela GNR; Estêvão Giro, operário de Alcochete, é
assassinado a tiro pela PSP durante a manifestação do 1º de Maio em Lisboa;
- 1963,
Agostinho Fineza, operário tipógrafo do Funchal, é assassinado pela PSP, sob a
indicação da PIDE, durante uma manifestação em Lisboa;
- 1964,
Francisco Brito, desertor da guerra colonial, é assassinado em Loulé pela GNR;
David Almeida Reis, trabalhador, é assassinado por agentes da PIDE durante uma
manifestação em Lisboa;
- 1965,
general Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos são assassinados a
tiro em Vila Nueva
del Fresno (Espanha), os assassinos são o inspector da PIDE Rosa Casaco e o
subinspector Agostinho Tienza e o agente Casimiro Monteiro;
- 1967,
Manuel Agostinho Góis, trabalhador agrícola de Cuba, more vítima de tortura na
PIDE;
- 1968,
Luís António Firmino, trabalhador de Montemor, morre em Caxias, vítima de maus
tratos; Herculano Augusto, trabalhador rural, é morto à pancada no posto da PSP
de Lamego por condenar publicamente a guerra colonial; Daniel Teixeira,
estudante, morre no Forte de Caxias, em situação de incomunicabilidade, depois
de agonizar durante uma noite sem assistência;
- 1969,
Eduardo Mondlane, dirigente da Frelimo, é assassinado através de um atentado
organizado pela PIDE;
- 1972,
José António Leitão Ribeiro Santos, estudante de Direito em Lisboa e militante
do MRPP, é assassinado a tiro durante uma reunião de apoio à luta do povo
vietnamita e contra a repressão, o seu assassino, o agente da PIDE Coelha da
Rocha, viria a escapar-se na "fuga-libertação" de Alcoentre, em Junho
de 1975;
- 1973,
Amilcar Cabral, dirigente da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde, é
assassinado por um bando mercenário a soldo da PIDE, chefiado por Alpoim
Galvão;
~1974,
(dia 25 de Abril), Fernando Carvalho Gesteira, de Montalegre, José James
Barneto, de Vendas Novas, Fernando Barreiros dos Reis, soldado de Lisboa, e
José Guilherme Rego Arruda, estudante dos Açores, são assassinados a tiro pelos
pides acoitados na sua sede na Rua António Maria Cardoso, são ainda feridas
duas dezenas de pessoas.
A
PIDE acaba como começou, assassinando. Aqui não ficam contabilizadas as
inúmeras vítimas anónimas da PIDE, GNR e PSP em outros locais de repressão. Mas
ainda podemos referir, duas centenas de homens, mulheres e crianças massacradas
a tiro de canhão durante o bombardeamento da cidade do Porto, ordenada pelo
coronel Passos e Sousa, na repressão da revolta de 3 de Fevereiro de 1927.
Dezenas de mortos na repressão da revolta de 7 de Fevereiro de 1927 em Lisboa,
vários deles assassinados por um pelotão de fuzilamento, à ordens do capitão
Jorge Botelho Moniz, no Jardim Zoológico. Dezenas de mortos na repressão da
revolta da Madeira, em Abril de 1931, ou outras tantas dezenas na repressão da
revolta de 26 de Agosto de 1931. Um número indeterminado de mortos na
deportação na Guiné, Timor, Angra e no Cunene. Um número indeterminado de
mortos devido à intervenção da força fascista dos "Viriatos" na
guerra civil de Espanha e a entrega de fugitivos aos pelotões de fuzilamento
franquistas. Dezenas de mortos em
São Tomé , na repressão ordenada pelo governador Carlos
Gorgulho sobre os trabalhadores que recusaram o trabalho forçado, em Fevereiro
de 1953. Muitos milhares de mortos durante as guerras coloniais, vítimas do
Exército, da PIDE, da OPVDC, dos "Flechas", etc.
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1 comentário:
Um povo sem memória e que volta deliberadamente as costas à sua história, é um povo sem dignidade.
Esta impunidade relativa a todos estes crimes que se instalou depois do 25 de Abril por muitos dos que nos governam é uma vergonha!
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