ESTÁ
EM CURSO O PROCESSO
DE TENTATIVA DE ASSIMILAÇÃO DAS ELITES ANGOLANAS E O MPLA ESTÁ A TORNAR-SE
POUCO A POUCO NUM FULCRAL “CAMPO DE BATALHA”, O QUE PODE PÔR EM CAUSA OS FACTORES
DA “HARMONIA” NACIONAL!
Martinho Júnior, Luanda
Ao
choque que foi a “guerra dos diamantes de sangue” (que terminou em
2002), passou-se à terapia de choque seguindo a trilha de Franz-Joseph Strauss
e naturalmente do “Le Cercle”.
De
acordo com Jaime Nogueira Pinto em “Jogos Africanos” e quando se
referia a Dlakama, o autor lembrava-se da “sapiência” de Franz-Joseph
Strauss, quando dizia:
“Fomos
desenvolvendo outras acções em seu favor, sempre no sentido de uma maior
abertura e respeitabilidade como caminho para a paz. Era aliás o que ouvira e
vira praticar a Franz-Joseph Strauss em relação à Alemanha do Leste e ao mundo
comunista – abrir-lhes as portas e os créditos para os levar a entrar no jogo.
Se o processo fosse bem conduzido acabariam por tomar-lhe o gosto”…
Foi
o BES um dos principais componentes da terapêutica do choque, dirigindo a “abertura
de portas” em direcção a determinados sectores das elites angolanas, que
segundo Margareth Anstee, eram ”órfãos da guerra fria”, atraindo-as,
modelando-as, adaptando-as aos seus interesses, conveniências e geo
estratégias!
As
transformações “pragmáticas” que foi sofrendo o aparelho de estado
angolano desde meados da década de 80 do século passado, (estavam em curso
sintomaticamente as transformações no bloco socialista e na própria URSS) e o
próprio esboço do Partido do Trabalho que de forma aparentemente abrupta tinha
os seus dias contados, correspondiam já aos estímulos da terapia de choque, no
âmbito das envolvências sócio-políticas-económicas-financeiras globais levadas
a cabo pela aristocracia financeira mundial, suas plataformas de acção e seu
cortejo de agentes espalhados por todo o mundo, que incluíam muitas oligarquias
nacionais, elas próprias absorvendo as ideologias cristãs ultra conservadoras,
ou suas ramificações!
É
nesse quadro que se operaram as transformações de 1986 na então Segurança do
Estado, que implicou também o render da guarda do Tribunal Popular
Revolucionário por outa entidade afim às “transformações”, assim como o
fim das FAPLA, no dobrar dos sinos” pelo “apartheid”, em
1991.
Desse
modo procuraram e procuram desvirtuar o próprio MPLA, moldar ou neutralizar o
seu rumo histórico, impedindo que ele possa realizar o seu Programa Maior, tal
qual a visão que foi cultivada pelo Movimento de Libertação em África durante
as guerrilhas e após a independência, até 1991, ou seja nas horas mais difíceis
e decisivas da luta pela afirmação da identidade angolana!
Desse
modo, desvirtuar por tabela o rumo de Angola, nestes tortuosos caminhos da paz,
é um objectivo: para quem pensa e age em função do “Bilderberg” , da “Trilateral”,
ou do “Le Cercle”, Angola deve tornar-se numa “democracia dócil”, ou
seja, enfeudada aos interesses da aristocracia financeira mundial, sem
remissão, o que implica a batalha da construção duma oligarquia nacional afim e
a actuação persistente do que há de mais alienatórios e ultraconservador das
igrejas“cristãs”!
É
evidente que essas “portas abertas” são um processo de recuperação da
assimilação das elites angolanas, ao “diktat” da hegemonia unipolar e
seguindo a mais perversa de suas vias materiais e ideológicas, a via a que se
propunha e propõe o “Le Cercle”, tão bem interpretada aliás pelo seu“homem
de África”, Jaime Nogueira Pinto!
A “oposição” angolana,
mesmo não ganhando eleições, tem portanto um papel ao nível dum projecto desta
natureza e o seu único “calcanhar de Aquiles” é a sua dificuldade em “encostar-se”às
grandes emergências que advogam o multipolarismo!
Tudo
se passa pois na esteira da “cultura cristã ocidental” que advogou e
advoga a “espada” de“luta contra o comunismo”, uma “espada” que
em relação ao “Terceiro Mundo” pretende dar continuidade à exploração
desenfreada de suas riquezas e manter os povos numa situação de alienação,
letargia, miséria, fome, opressão e subdesenvolvimento!
É
claro que tudo se passa utilizando a plataforma dócil e sempre disponível de
Portugal, onde Partidos como o CDS, o PSD e o PS são efectivamente filtrados
pelo “Bilderberg”, pelo “Le Cercle”, assim como pelos sistemas
financeiros sob seu domínio… o Banco Espírito Santo (Ricardo Espírito Santo
Salgado já esteve presente em reuniões pelo menos do “Bilderberg”) é pois
uma “emanação”muito útil e provavelmente corresponde aos estímulos de
casas como a Rothdchield, ou a Rockefeller, presentes além desses dois “think
tanks”, ainda no “Trilateral”.
Este
é pois um processo profundamente dialéctico que não está alheio à situação
global das disputas, muito pelo contrário, disputas essas que se podem resumir
em dois campos:
-
Aqueles que mantêm o pendor da hegemonia unipolar;
-
Aqueles que advogam a emergência multipolar.
O
caso BES/BESA vale pois muito mais pela radiografia de suas implicações
culturais, sócio-políticas, psicológicas e históricas de fundo, na raiz de sua
fecundidade mais íntima e não na folhagem económica e financeira agora à vista
de todos e vendida como um “fait divers” apodrecido com as
intempéries da crise, dita “sistémica” e encoberta pelos “mídia” afectos
e infectos, também eles nascidos como o BES/BESA, das mesmíssimas entranhas!
Foto:
O novo edifício do BESA em Luanda, iluminado no Natal de 2014.
A
consultar:
-
VIIª Cimeira das Américas – “A insurgência no hemisfério cristão
ocidental!” – http://paginaglobal.blogspot.pt/2015/04/vii-cimeira-das-americas-insurgencia-no.html
-
Anatomia oculta do caso BES/BESA – http://paginaglobal.blogspot.com/2015/04/especial-besges-anatomia-da-queda-do.html
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