Em
outubro passado, forças sauditas fizeram treinamentos nos Alpes franceses, com
topografia parecida com a fronteira entre a Arábia Saudita e o Iêmen.
José
Luis Lobato – Carta Maior
Quando o embaixador
saudita em Washington, Adel Yubair, disse à cadeia
estadunidense NBC
que a Arábia e os EUA vinham discutindo há vários
meses as opções a respeito do Iêmen, não estava mentindo. Vários
sinais comprovam que os preparativos da guerra contra o
Iêmen começaram há nove meses, muito antes da renúncia e posterior
fuga do presidente iemenita Abed Rabbo Mansur Hadi.
A Arábia
Saudita não poupou esforços para convencer alguns de seus
aliados a participar da coalizão formada por 10
países que atuaram na guerra contra o Iêmen, e insistiu
principalmente com Egito e Paquistão. Diversos meios de
comunicação revelaram que, no final de 2014, a Arábia pediu ao Egito que
transferisse vários militares ao seu território e a outros países
do Golfo Pérsico. Com o Paquistão, a negociação foi mais
difícil. A imprensa mostrou que os paquistaneses não aceitaram a proposta
de enviar suas tropas.
Riad
utilizou seu poder para forçar a autoridade militar
paquistanesa a pressionar o seu governo. Os
contratos assinados em março entre a Arábia e o Exército
paquistanês são a prova. Trata-se de vários bilhões de
dólares para relançar a indústria militar do país. Entretanto, a
decisão do Parlamento, tomada no dia 9 de abril, foi a
de rechaçar a petição saudita por unanimidade, o que
impôs uma grande derrota diplomática para o gigante
reino árabe.
Treinamento
de militares sauditas na França
Enquanto
isso, as tropas sauditas realizavam treinamentos que
formavam parte dos preparativos para desencadear a guerra contra o
Iêmen. Em outubro passado – ou seja, seis meses antes do início dos
ataques sauditas no país – as forças especiais, paraquedistas
e unidades de reconhecimento faziam simulações de enfrentamento nos Alpes
franceses.
Muitos
analistas acreditaram que o treinamento
estava vinculado à luta
contra o terrorismo do Estado Islâmico na
fronteira com o Iraque. Porém, essa região é desértica, o que não explica
por que as forças sauditas realizariam simulações em regiões montanhosas, mais
parecidas às da fronteira do sul da Arábia com o norte do Iêmen. Os
treinamentos, portanto, eram parte dos preparativos para a
guerra prevista contra o Iêmen.
Príncipe
saudita: “os paquistaneses são uns bandidos, e são nossos
serventes”, declaração que dá ideia da comoção na Arábia Saudita pela
decisão do Parlamento do Paquistão, que rejeitou o pedido do reino árabe a que
se unissem à coalizão que já atua no Iêmen, com ataques aéreos.Os dirigentes
sauditas não conseguiram frear sua irritação pelo
fato. Um deles, o governador da província de Nayran, Yalawi ibn
Abdul, fez uma dura declaração em referência ao povo paquistanês em geral. Segundo Yalawi, ao
negar a petição saudita, os paquistaneses mostraram que são “uns bandidos”, e
“gente muito baixa”. Também disse que eles “são
nossos serventes”. Além disso, ameaçou tomar medidas contra os
paquistaneses que trabalham na província de Nayran, em represália à decisão do
Parlamento.
O Parlamento
do Paquistão pediu ao governo que se
mantenha distante do conflito no Iêmen, e que se
mantenha firme na negativa de Islamabad em se
unir à coalizão e participar do conflito no sul do Oriente
Médio.
Uma
resolução unânime, aprovada em sessão especial
do Parlamento, disse que o Paquistão deve insistir
no papel de mediador, e não se envolver na luta. Dezenas de
soldados sauditas morreram e vários foram capturados após o ataque das forças
tribais iemenitas perto da cidade de Saada, segundo informou a Press
TV. A ofensiva aconteceu perto de uma base militar saudita.
Se trata
da tribo iemenita Takhya, que realizou o ataque “em
represália” aos bombardeios da Arábia Saudita e seus aliados.
Créditos
da foto: Martin Sojka / Flickr
Sem comentários:
Enviar um comentário