Paulo
Baldaia – Diário de Notícias, opinião
Por
mais que eu mude de país, o meu país não muda. Vindo de outras paragens, chego
a Portugal com necessidade de procurar informação para escrever este texto e
descubro que Sócrates voltou a declarar-se preso político. Fico também a saber
que António Costa voltou a apresentar o programa do PS, antes de dar uma
entrevista em que avisa que só existirá um governo do Bloco Central se os
marcianos descerem à Terra. Entretanto, Maria já é candidata a Belém e há quem
veja nisto uma traição ao PS, ao mesmo tempo que Ferreira Leite é vista como
amiga. "Morro" de espanto ao aterrar e "ressuscito"
espantado por de nada me ter servido a minha "morte".
Confesso
que cheguei a acreditar que alguma coisa tinha mudado quando li que Costa tinha
voltado a trazer o programa para a campanha e que a política estava de
regresso. Mais e melhores explicações iriam gerar verdadeiro esclarecimento e,
assim, quem gosta e acredita na ideia que o PS tem para o país podia votar em António Costa e quem
não gosta ou não acredita tinha 19 alternativas. Como sei da propensão
jornalística para a polémica, descobri rapidamente que a esmola era grande e
que o que tinha ficado dessa discussão era uma uma espécie de distinção
teológica sobre promessas e estimativas. Também não lembra ao diabo fazer tanto
estudo para anunciar 207 mil empregos. Por que não se ficaram pelos 200 mil?
Sempre era um número redondo, gerador de menos desconfianças.
A
promessa de que teríamos os programas políticos mais escrutinados de sempre
parece ter acabado por aqui, porque também é muito típico do jornalismo
fait-divers repetir perguntas para as quais já sabem a resposta. Nada como, com
um sorriso na cara, confundir a prima do mestre-de-obras com a obra-prima do
mestre e julgar que é serviço público tentar obrigar Costa a dizer se concorda
com Sócrates, quando ele repete que a justiça quer impedir a vitória do PS.
Melhor mesmo é a ideia de que Maria de Belém se candidata à Presidência da
República para prejudicar o seu partido. Estaria, portanto, Maria a fazer um
favor ao PSD, ao mesmo tempo que Manuela ajudava o PS. Daí que o elogio
político que Costa fez a Ferreira Leite não o poderíamos ouvir feito a Maria. E
no que diz respeito a fitas, a semana política não parece ter ficado por aqui.
Costa também fez saber que iria ao cinema com Portas, embora não aceite ir a
debate com ele.
Como
nem tudo é a brincadeira que parece e o estado do país é mesmo uma coisa séria
e a precisar de mais ideias e mais responsabilidade, na forte possibilidade de
não haver uma maioria absoluta, o melhor mesmo é começar já a ligar para Marte:
"Enviem a nave, pelo caminho que isto leva, lá vão eles ter de reeditar o
Bloco Central."
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