Volvidos
alguns dias após o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ter garantido que não iria
retaliar o atentado
que sofrera no sábado passado (12) em Chibata, junto do rio Boamalanga, na
província de Manica, supostamente perpetrado pela Unidade de Intervenção Rápida
(UIR), uma força anti-motim e repressiva do Estado, pois para ele é “como se
não tivesse acontecido nada”, na quinta-feira (17), em Maputo, Manuel Bissopo,
secretário-geral desta formação política, prometeu vingança e recorrer a tudo o
que estiver ao seu alcance para o efeito. Todavia, deixou claro que não se
trata de uma declaração de guerra, “mas que fique claro que a Renamo irá reagir
política e sabiamente”.
"A
Renamo vai usar tudo o que estiver ao seu alcance para se vingar da tentativa
directa para assassinar a pessoa mais querida dos moçambicanos e que dedicou a
sua vida para devolver a dignidade ao povo moçambicano. O povo vai reagir para
repor a justiça", declarou Manuel Bissopo, em conferência de imprensa,
dando sinais de existência de forças com posicionamentos contrários em relação
à emboscada em alusão.
O
secretário-geral do maio partido de oposição em Moçambique, que há
sensivelmente três anos está em braço-de-ferro com o Governo devido ao
desacordo relativamente à forma como o país é governado, bem como à gestão dos
ganhos provenientes dos recursos naturais, lembrou que não é segredo para ninguém
que a Renamo detém armas – em quantidades publicamente desconhecidas – contudo,
"a reacção (vingança) será à medida dos ataques das Forças de Defesa e
Segurança moçambicanas".
Para
este antigo movimento beligerante – ainda com homens armados em número
desconhecido “aquartelados” e aos quais recorre para confrontar o Governo e as
suas Forças de Defesa e Segurança – "uma vez que as autoridades têm estado
a desmentir a autoria do atentado (contra Afonso Dhlakama), exigimos que haja
uma investigação séria e imparcial e que haja responsabilização do chefe do
Estado-Maior General (Graça Chongo), bem como do comandante do Exército".
A
“Perdiz” acredita que o general” Eugénio Mussá, comandante das Forças Armadas
de Defesa de Moçambique, tenha estado “em frente da operação que visava matar o
líder da Renamo, tenha recebido ordens diretas de Filipe Jacinto Nyusi.
Acreditamos que o ministro da Defesa (Salvador Mtumuke) e o chefe do
Estado-Maior General sejam coniventes", acusou Bissopo.
O
militante deste partido não só disse que um grupo de Polícias da República de
Moçambique (PRM) se juntou a 20 militares das Forças Armadas de Defesa de
Moçambique, alinhados pelo general Eugénio Mussá, como também supõe que as duas
dezenas de guerrilheiros “são todos provenientes das ex-Forças Populares de
Libertação de Moçambique, braço armado da Frelimo”.
Face
às declarações do porta-voz da Frelimo, Damião José, na sequência das acusações
de Afonso Dhlakama em relação ao ataque em causa e do anúncio de criação de um
quartel na Zambézia, a posição da Renamo pode ser também uma resposta ao
partido no poder. Refira-se que o spokesman da formação política dirigida pelo
Presidente da República, Filipe Nyusi, dirigiu adjectivos depreciativos a
Dhlakama. Apelidou-o de “malandro”, logo depois de o ter acusado de ser
apologista do terrorismo.
Emildo Sambo - @Verdade
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