Mário Motta, Lisboa
Mais
vale tarde que nunca. Um nome e duas palavras: José Sócrates, liberdade domiciliária.
Após nove meses a prisão pariu um adulto que foi primeiro-ministro de Portugal.
A Justiça pariu um rato. Carlos Alexandre, o tal que dizem ser um super-juiz ,ficou horripilante na fotografia e aumenta as dúvidas sobre a sua superioridade
no pelouro que lhe toca. O Ministério Público, esse nem se fala. Afinal não
existem acusações contra Sócrates. Ao fim de nove meses não se conhece nada
sobre os crimes de que o acusam. Ou será que já não o acusam?
Sabe-se,
por supostos segredos de justiça (outra palhaçada) o que um jornal geralmente
porta-voz do “segredo de justiça”, o Correio da Manha, tem divulgado e…
vendido. Enquanto isto, esta cegada, a senhora PGR lá continua a fazer o seu
crochete e os bordados dos Açores (bem bonitos). Afinal, José Sócrates é
criminoso ou não? Há acusação com provas correspondentes? Sabem? Não sabem? E,
se sabem, por que motivo o libertam para o depositarem vigiado em casa? Se não
sabem, se de nada o podem acusar (para além das salganhadas que saíram na
comunicação social sem fundamentos legais) por que não o libertam
incondicionalmente? Isto será uma novela cujos episódios se vão sucedendo para
alimentar o suspense e a intriga? A produção é da Justiça? Má produção, está
visto. Para mais caríssima. A usar verbas dantescas que esgotam o erário público.
Mil vezes piores que as novelas e produções da RTP cujos custos são suportados
por todos os portugueses. Já no caso do senhor Portas Submarino foram despendidas avultadas importâncias para NADA. Mas que justiça é esta? Que
super-juízes são estes? Superes nos gastos inúteis? Parece que sim.
Recorrendo
à comunicação social, à imprensa online, podemos ver na TSF, simples e
objetiva, as fotos do ex-PM a sair da prisão. Se está inocente é evidente que não
merecia aquele trato de polé. E parece que nada vão provar contra ele. Portanto
está inocente. É triste ver um homem assim. Como é triste ver qualquer outra
pessoa privada da sua liberdade por jogadas, incompetências, interesses políticos
supostamente desenvolvidos com o conluio dos que são agentes de um setor vital
da democracia, a Justiça. Justiça que só não se dirá que é um circo porque
ofenderia a dignidade do circo. Tal como chamar palhaço a Cavaco Silva ofendeu
(e ofende) a dignidade dos palhaços.
Da
TSF:
As
primeiras imagens de Sócrates depois da cadeia
Eram
9h da noite. José Sócrates chegou sorridente e aparentemente descontraído à
casa em Lisboa onde vai permanecer em prisão domiciliária.
O
antigo primeiro-ministro chegou acompanhado pelo advogado João Araújo, que não
quis prestar declarações. Alguns populares no local aplaudiram a chegada.
José
Sócrates foi detido a 21 de novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa e está
indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção
passiva para ato ilícito. Era o único dos nove arguidos das "Operação
Marquês" em prisão preventiva. Em junho deste ano o antigo primeiro
ministro recusou a prisão domiciliária com pulseira electrónica. Justificou na
altura que "pelo respeito a si próprio e aos cargos publicos que exerceu,
recusava a medida de coacção". Agora o juiz decreta a prisão domiciliária
sem pulseira electrónica. (TSF)
O
advogado de José Sócrates acusa a Justiça de prática de sequestro. Parece,
realmente, que se trata disso, se acaso se demonstrar que Sócrates não é caso
para a Justiça. E se não é… Mas então por que foi preso e assim esteve durante
nove meses, aliás, porque limitam a liberdade de Sócrates só ao domicilio com
vigilância policial? Por muitos mais milhões e milhões, fuga ao Fisco,
fraudes, etc., vimos Ricardo Salgado nunca ter batido com os costados na prisão
e agora lá está, sim, em suposta prisão domiciliária. Suposta, aqui escrito,
porque os portugueses já não confiam na Justiça, nem em super-juízes. Uma
coisa transparece: a mediocridade abunda nos poderes que estão a destruir a
democracia, Portugal.
Mais
TSF:
Defesa
de Sócrates diz que prisão domiciliária é "manobra de propaganda"
O
advogado do antigo primeiro-ministro critica o Ministério Público por, nove
meses depois, não ter deduzido acusação contra José Sócrates. João Araújo
lamenta que este processo já tenha ultrapassado todos os "prazos da
decência".
João
Araújo falava em conferência de imprensa, num hotel de Lisboa, convocada depois
de, ontem, o ex-primeiro ministro ter deixado a prisão de Évora e ficado, por
proposta do Ministério Público, em prisão domiciliária, sem pulseira
eletrónica.
O
advogado de Sócrates considerou que se "ultrapassaram todos os prazos da
decência (...) este é um país que está doente, esqueceu a liberdade".
Acrescentando que o Ministério Público "finalmente começa a mostrar o que
sempre dissemos: este processo não tem sentido, razão séria, não há factos, não
há provas e ao fim de nove meses não há acusação".
Pedro
Delile, também advogado de José Sócrates e igualmente presente na conferência
de imprensa, disse estar convencido de que o final deste processo será o
arquivamento.
"Espero
que tenha razões para estar convencido de que não vai haver acusação (..) porque
acredito na justiça. Foram dois anos e dois meses de devassa pessoal e
profissional da vida do engenheiro Sócrates", afirmou.
José
Sócrates voltou a casa na sexta-feira, após nove meses e meio de prisão, no
âmbito da chamada "Operação Marquês", embora continue detido, só que
agora em prisão domiciliária.
A
decisão de alterar as medidas de coação do antigo primeiro-ministro, o único
dos arguidos que ainda estava na cadeia, foi tomada pelo Tribunal da Comarca de
Lisboa, na sequência de uma diligência nesse sentido do Ministério Público, e
foi tornada pública ao fim da tarde de sexta-feira.
Esta
alteração foi considerada "insuficiente" pelo advogado do antigo
primeiro-ministro, que reafirmou hoje que vai recorrer da decisão. (TSF)
Soma
e segue. Quais os próximos episódios desta onerosa novela de lixo?
O
Caso Marquês, de Sócrates, vai somar e seguir. Há muitos tablóides para vender
puro esterco. Ignoramos quais os próximos episódios. Os próprios argumentistas
também ignoram. Vão criando a ficção de acordo com as reações do público. Também
conforme as conveniências do timing político e outras, presume-se. Quanto vai
custar mais às carteiras dos portugueses… Bem, como os filmes de Manuel de
Oliveira, nunca se sabia quanto podiam custar. No Amor de Perdição mais que duplicou o valor inicialmente estimado. Se assim foi para um super-realizador
condecorado, por que não poderá assim ser para um super-juiz a condecorar?
Esperemos
e oremos. Nada mais resta, com uma Justiça assim.
Foto:
Lusa / João Relvas
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