sábado, 5 de setembro de 2015

Portugal. José Sócrates. COM UMA JUSTIÇA ASSIM… ESPEREMOS E OREMOS



Mário Motta, Lisboa

Mais vale tarde que nunca. Um nome e duas palavras: José Sócrates, liberdade domiciliária. Após nove meses a prisão pariu um adulto que foi primeiro-ministro de Portugal. A Justiça pariu um rato. Carlos Alexandre, o tal que dizem ser um super-juiz ,ficou horripilante na fotografia e aumenta as dúvidas sobre a sua superioridade no pelouro que lhe toca. O Ministério Público, esse nem se fala. Afinal não existem acusações contra Sócrates. Ao fim de nove meses não se conhece nada sobre os crimes de que o acusam. Ou será que já não o acusam?

Sabe-se, por supostos segredos de justiça (outra palhaçada) o que um jornal geralmente porta-voz do “segredo de justiça”, o Correio da Manha, tem divulgado e… vendido. Enquanto isto, esta cegada, a senhora PGR lá continua a fazer o seu crochete e os bordados dos Açores (bem bonitos). Afinal, José Sócrates é criminoso ou não? Há acusação com provas correspondentes? Sabem? Não sabem? E, se sabem, por que motivo o libertam para o depositarem vigiado em casa? Se não sabem, se de nada o podem acusar (para além das salganhadas que saíram na comunicação social sem fundamentos legais) por que não o libertam incondicionalmente? Isto será uma novela cujos episódios se vão sucedendo para alimentar o suspense e a intriga? A produção é da Justiça? Má produção, está visto. Para mais caríssima. A usar verbas dantescas que esgotam o erário público. Mil vezes piores que as novelas e produções da RTP cujos custos são suportados por todos os portugueses. Já no caso do senhor Portas Submarino foram despendidas avultadas importâncias para NADA. Mas que justiça é esta? Que super-juízes são estes? Superes nos gastos inúteis? Parece que sim.

Recorrendo à comunicação social, à imprensa online, podemos ver na TSF, simples e objetiva, as fotos do ex-PM a sair da prisão. Se está inocente é evidente que não merecia aquele trato de polé. E parece que nada vão provar contra ele. Portanto está inocente. É triste ver um homem assim. Como é triste ver qualquer outra pessoa privada da sua liberdade por jogadas, incompetências, interesses políticos supostamente desenvolvidos com o conluio dos que são agentes de um setor vital da democracia, a Justiça. Justiça que só não se dirá que é um circo porque ofenderia a dignidade do circo. Tal como chamar palhaço a Cavaco Silva ofendeu (e ofende) a dignidade dos palhaços.

Da TSF:

As primeiras imagens de Sócrates depois da cadeia

Eram 9h da noite. José Sócrates chegou sorridente e aparentemente descontraído à casa em Lisboa onde vai permanecer em prisão domiciliária.

O antigo primeiro-ministro chegou acompanhado pelo advogado João Araújo, que não quis prestar declarações. Alguns populares no local aplaudiram a chegada.

José Sócrates foi detido a 21 de novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa e está indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito. Era o único dos nove arguidos das "Operação Marquês" em prisão preventiva. Em junho deste ano o antigo primeiro ministro recusou a prisão domiciliária com pulseira electrónica. Justificou na altura que "pelo respeito a si próprio e aos cargos publicos que exerceu, recusava a medida de coacção". Agora o juiz decreta a prisão domiciliária sem pulseira electrónica. (TSF)


O advogado de José Sócrates acusa a Justiça de prática de sequestro. Parece, realmente, que se trata disso, se acaso se demonstrar que Sócrates não é caso para a Justiça. E se não é… Mas então por que foi preso e assim esteve durante nove meses, aliás, porque limitam a liberdade de Sócrates só ao domicilio com vigilância policial? Por muitos mais milhões e milhões, fuga ao Fisco, fraudes, etc., vimos Ricardo Salgado nunca ter batido com os costados na prisão e agora lá está, sim, em suposta prisão domiciliária. Suposta, aqui escrito, porque os portugueses já não confiam na Justiça, nem em super-juízes. Uma coisa transparece: a mediocridade abunda nos poderes que estão a destruir a democracia, Portugal.

Mais TSF:

Defesa de Sócrates diz que prisão domiciliária é "manobra de propaganda"

O advogado do antigo primeiro-ministro critica o Ministério Público por, nove meses depois, não ter deduzido acusação contra José Sócrates. João Araújo lamenta que este processo já tenha ultrapassado todos os "prazos da decência".

João Araújo falava em conferência de imprensa, num hotel de Lisboa, convocada depois de, ontem, o ex-primeiro ministro ter deixado a prisão de Évora e ficado, por proposta do Ministério Público, em prisão domiciliária, sem pulseira eletrónica.

O advogado de Sócrates considerou que se "ultrapassaram todos os prazos da decência (...) este é um país que está doente, esqueceu a liberdade". Acrescentando que o Ministério Público "finalmente começa a mostrar o que sempre dissemos: este processo não tem sentido, razão séria, não há factos, não há provas e ao fim de nove meses não há acusação".

Pedro Delile, também advogado de José Sócrates e igualmente presente na conferência de imprensa, disse estar convencido de que o final deste processo será o arquivamento.

"Espero que tenha razões para estar convencido de que não vai haver acusação (..) porque acredito na justiça. Foram dois anos e dois meses de devassa pessoal e profissional da vida do engenheiro Sócrates", afirmou.

José Sócrates voltou a casa na sexta-feira, após nove meses e meio de prisão, no âmbito da chamada "Operação Marquês", embora continue detido, só que agora em prisão domiciliária.

A decisão de alterar as medidas de coação do antigo primeiro-ministro, o único dos arguidos que ainda estava na cadeia, foi tomada pelo Tribunal da Comarca de Lisboa, na sequência de uma diligência nesse sentido do Ministério Público, e foi tornada pública ao fim da tarde de sexta-feira.

Esta alteração foi considerada "insuficiente" pelo advogado do antigo primeiro-ministro, que reafirmou hoje que vai recorrer da decisão. (TSF)

Soma e segue. Quais os próximos episódios desta onerosa novela de lixo?

O Caso Marquês, de Sócrates, vai somar e seguir. Há muitos tablóides para vender puro esterco. Ignoramos quais os próximos episódios. Os próprios argumentistas também ignoram. Vão criando a ficção de acordo com as reações do público. Também conforme as conveniências do timing político e outras, presume-se. Quanto vai custar mais às carteiras dos portugueses… Bem, como os filmes de Manuel de Oliveira, nunca se sabia quanto podiam custar. No Amor de Perdição mais que duplicou o valor inicialmente estimado. Se assim foi para um super-realizador condecorado, por que não poderá assim ser para um super-juiz a condecorar?

Esperemos e oremos. Nada mais resta, com uma Justiça assim.

Foto: Lusa / João Relvas

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