"Tanto
nos prometeram que tudo seria muito bem explicado, para chegarmos a esta fase e
acabarem a vender um candidato a primeiro-ministro, como quem vende sabonetes."
Paulo
Baldaia* – TSF, opinião
Estamos
a aproximar-nos a passos largos do dia das eleições e o voto útil, com
sondagens que teimam em empatar, vai rapidamente dominar a campanha. Na
verdade, úteis são todos os votos e inúteis todas as abstenções, mas para quem
quer chegar à vitória chegou a época da pesca à linha.
No
centro da campanha estará cada vez mais o PS, muito à esquerda para o PSD e o
CDS e muito à direita para o PCP e o Bloco. É chegada a altura de os
socialistas copiarem o modelo PaF. Como não foram capazes de pescar de arrasto
no eleitorado do centro, resta-lhes fazer de mortos, não cometer erros, não
prometer coisa alguma e esperar que quem não quer a continuação do actual
governo perceba que só votando PS consegue tirar de lá o centro-direita.
Estamos,
portanto, numa fase em que o voto útil (à esquerda) só pode nascer de uma
campanha inútil. Tanto nos prometeram que tudo seria muito bem explicado, para
chegarmos a esta fase e acabarem a vender um candidato a primeiro-ministro,
como quem vende sabonetes. É o melhor que se consegue.
Esta
inutilidade de fazer campanha a fazer de conta que se produz esclarecimento,
nem é sequer uma ideia original do PS. A coligação PSD mais CDS está a fazer o
mesmo há quase um ano e também acredita que é possível ganhar as eleições com
os votos de quem não quer lá a "irresponsabilidade socialista".
Seguem
empatados, esperemos que os frente-a-frente (já na próxima quarta-feira nas
televisões e na próxima semana nas rádios) seja útil para esclarecer os
indecisos. Em torno de ideias, não de medos. É o medo que tem estado a empatar
o desenvolvimento económico e social do país.
*Diretor
da TSF
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