Presidente
chinês embarca para visita de sete dias aos Estados Unidos. Questões como
cibersegurança e reivindicações territoriais no Mar da China Meridional devem
testar a relação entre os dois países.
O
presidente chinês, Xi Jinping, chega aos Estados Unidos nesta terça-feira
(22/09) para uma visita de sete dias. Em Seattle, ele tem uma reunião com
líderes de corporações americanas. Depois, o chefe de Estado da segunda maior
economia do mundo segue para Washington, onde vai se reunir com o presidente
Barack Obama na Casa Branca nesta quinta-feira.
A
passagem de Xi pelos Estados Unidos acontece num momento crítico das relações
entre os dois países. Enquanto questões de longa data como o grande excedente
comercial chinês em relação a Washington continuam a afetar os laços
bilaterais, novos problemas relacionados à cibersegurança e à crescente pressão
de Pequim em disputas com países vizinhos sobre o Mar da China Meridional têm
desgastado ainda mais as relações, comenta o analista político Guo Xiangang, do
Instituto da China de Estudos Internacionais, ligado ao governo chinês.
A
cibersegurança, por exemplo, é um assunto delicado. Nos últimos anos, a China
têm sido acusada repetidamente de lançar ataques cibernéticos aos Estados
Unidos. Pequim, por outro lado, nega essas alegações, sublinhando que a própria
China é uma vítima da espionagem cibernética. Mesmo assim, Obama deve
apresentar as preocupações do governo americano durante a reunião com Xi em
Washington, afirmou recentemente o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.
Acordo
sobre cibersegurança
"No
curto prazo, estou realmente pessimista sobre as possibilidades das duas
potências chegarem a uma solução amigável para essa questão", diz Robert
Daly, diretor do Instituto Kissinger sobre a China e os Estados Unidos, com
sede no Woodrow Wilson Center, de Washington.
Porém,
Guo afirma que a China pode mostrar um maior interesse em enfrentar a questão
da espionagem cibernética, já que a nação asiática se vê como uma vítima desse
tipo de prática. O especialista diz que tanto Obama quanto Xi vão abordar o
assunto de maneira compreensiva. O especialista acrescenta que Meng Jianzhu,
chefe da segurança interna chinesa, chegou alguns dias antes aos Estados Unidos
para discutir o assunto com membros autoridades em Washington.
Segundo
uma reportagem publicada recentemente pelo The New York Times, os dois
países também estariam negociando um pacto com o objetivo de proteger ambos de
ataques cibernéticos. O jornal afirma que as duas potências intensificaram as
conversas para poder anunciar o acordo durante a visita de Xi. Porém, Daly diz
que é mais provável que o assunto seja resolvido em médio prazo do que nos
próximos dias.
"Grandes
potências"
Paralelamente,
o chefe de governo chinês afirmou que espera desenvolver um novo tipo de
relação entre as chamadas "grandes potências" e que seu país seja tratado
em "pé de igualdade" com os Estados Unidos. Contudo, enquanto o termo
"relação entre grandes potências", utilizado por Xi, tem figurado nas
manchetes da imprensa chinesa, o conceito ainda encontra resistência dentro dos
Estados Unidos.
"O
presidente Obama pode acabar utilizando esse termo uma vez para agradar o
convidado da China", analisa Daly, acrescentando que uma nova relação de
superpotências entre China e Estados Unidos significaria que ambos evitariam a
hostilidade mútua. "O motivo por trás disso é positivo, mas os americanos
não gostam desses termos", afirma o especialista do Woodrow Wilson Center.
Disputas
no Mar da China Meridional
Em
contraste com a questão da cibersegurança, Pequim não faz segredo sobre o fato
de que encara o Mar da China Meridional como parte de seu território. Os
controversos projetos de reivindicação territorial da China nas disputadas
águas em torno das Ilhas Spraty não apenas irritam os países vizinhos como
também são alvo de críticas ferrenhas de Washington.
"As
disputas sobre o Mar da China Meridional não são uma questão entre China e
Estados Unidos", explica o especialista Guo, ressaltando que o problema
deve ser resolvido entre a potência asiática e seus vizinhos. "Os
americanos não devem intervir e devem agir de maneira geopoliticamente
inteligente na abordagem desses assuntos", diz.
Porém,
os Estados Unidos veem a questão de outra maneira, afirma Daly. "Os
interesses centrais da China e dos Estados Unidos são incompatíveis quando se
trata do Mar da China Meridional", analisa. Pequim reivindica a maior
parte das rotas marítimas, potencialmente ricas em energia e que geram cerca de
5 trilhões de dólares em comércio fluvial por ano, com o argumento de estar se
valendo dos chamados "direitos históricos" sobre os recursos
marítimos da área. Mas Washington insiste na liberdade de navegação e em manter
abertas as vias marítimas.
Dados
os inúmeros pontos de disputa entre os dois lados, Guo argumenta que é preciso
desenvolver mecanismos para prevenir um aumento no atrito diplomático. "No
momento, esse talvez seja o maior desafio para os laços entre Estados Unidos e
China", conclui.
Cui
Mu (fca) – Deutsche Welle
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