A
Europa tal como está não vai funcionar. O alerta chega de Stuart Holland,
professor convidado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, antigo
membro do Parlamento britânico e conselheiro de Jacques Delors e de António
Guterres, nos anos 90.
Stuart
Holland participa um seminário que decorre, esta manhã, na Universidade de
Coimbra e irá responder à questão: "o que fazer perante esta
situação?".
A
Europa, a coesão da União Europeia e o Estado Social têm vindo a ser colocados
em causa e Stuart Hollan defende uma Europa que vá para além da economia e dos
mercados.
A
TSF desafiou Stuart Holland a dar uma resposta à pergunta que dá nome ao
seminário. Em resposta afirma que "a coesão significa uma Europa social e
não apenas uma Europa de mercados" e acrescenta que desenhou
"políticas como um fundo de investimento, as eurobonds, que são totalmente
inaceitáveis para Angela Merkel ou para Schauble, o seu ministro das
finanças".
Intitula-se
como "o avô das eurobonds" e é o coautor do livro "Uma Modesta
Proposta Para Resolver a Crise do Euro", escrito em parceria com o
ex-ministro das finanças grego, Yanis Varoufakis.
A
recuperação da Europa está mesmo ali, diz, e basta que olhe menos para fora e
mais para si própria. "A Europa comercializa mais consigo própria do que
com o resto do mundo. Outro argumento que criei para Jacques Delors foi que, no
contexto do modelo social da Europa, colocamos sempre juntas as palavras
economia e eficiência e não as palavras social e eficiência. A sociedade não
pode ser socialmente eficiente se tolera a especulação de que as pessoas são
salvas pelos bancos e depois penalizam as pessoas e não os bancos pela crise
financeira", afirma.
A
Europa não tem bases económicas para fazer uma reforma estrutural como pretende
a União Europeia e garante que até já o Fundo Monetário Internacional se
apercebeu disso. Por isso alerta: "esta Europa não vai funcionar. Se
tivermos outra crise bancária poderemos ter dois ou três governos atualmente,
entre eles Portugal, Espanha, França e Itália, que teriam nesta altura
sensibilidade de intervir socialmente, nacionalizar os bancos e garantir os
depósitos das pessoas", refere.
A
TSF quis ainda perceber o que falta a Portugal para estar ao nível económico da
Europa. Stuart Holland apesar de responder que não se tratava de uma pergunta
de difícil resposta, considera que não se trata de uma questão de nivelar.
"Isso é o paradigma convencional. Precisamos de um novo modelo social de
desenvolvimento para a Europa, baseado em investimento social, que gera retorno
no setor privado".
Em
suma, Stuart Holland não tem dúvidas. O problema europeu é mais político do que
económico.
Miguel
Midões – TSF – foto yves Herman/ Reuters
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