sábado, 3 de outubro de 2015

“ESTA EUROPA NÃO VAI FUNCIONAR”, alerta Stuart Holland



A Europa tal como está não vai funcionar. O alerta chega de Stuart Holland, professor convidado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, antigo membro do Parlamento britânico e conselheiro de Jacques Delors e de António Guterres, nos anos 90.

Stuart Holland participa um seminário que decorre, esta manhã, na Universidade de Coimbra e irá responder à questão: "o que fazer perante esta situação?".

A Europa, a coesão da União Europeia e o Estado Social têm vindo a ser colocados em causa e Stuart Hollan defende uma Europa que vá para além da economia e dos mercados.

A TSF desafiou Stuart Holland a dar uma resposta à pergunta que dá nome ao seminário. Em resposta afirma que "a coesão significa uma Europa social e não apenas uma Europa de mercados" e acrescenta que desenhou "políticas como um fundo de investimento, as eurobonds, que são totalmente inaceitáveis para Angela Merkel ou para Schauble, o seu ministro das finanças".

Intitula-se como "o avô das eurobonds" e é o coautor do livro "Uma Modesta Proposta Para Resolver a Crise do Euro", escrito em parceria com o ex-ministro das finanças grego, Yanis Varoufakis.

A recuperação da Europa está mesmo ali, diz, e basta que olhe menos para fora e mais para si própria. "A Europa comercializa mais consigo própria do que com o resto do mundo. Outro argumento que criei para Jacques Delors foi que, no contexto do modelo social da Europa, colocamos sempre juntas as palavras economia e eficiência e não as palavras social e eficiência. A sociedade não pode ser socialmente eficiente se tolera a especulação de que as pessoas são salvas pelos bancos e depois penalizam as pessoas e não os bancos pela crise financeira", afirma.

A Europa não tem bases económicas para fazer uma reforma estrutural como pretende a União Europeia e garante que até já o Fundo Monetário Internacional se apercebeu disso. Por isso alerta: "esta Europa não vai funcionar. Se tivermos outra crise bancária poderemos ter dois ou três governos atualmente, entre eles Portugal, Espanha, França e Itália, que teriam nesta altura sensibilidade de intervir socialmente, nacionalizar os bancos e garantir os depósitos das pessoas", refere.

A TSF quis ainda perceber o que falta a Portugal para estar ao nível económico da Europa. Stuart Holland apesar de responder que não se tratava de uma pergunta de difícil resposta, considera que não se trata de uma questão de nivelar. "Isso é o paradigma convencional. Precisamos de um novo modelo social de desenvolvimento para a Europa, baseado em investimento social, que gera retorno no setor privado".

Em suma, Stuart Holland não tem dúvidas. O problema europeu é mais político do que económico.

Miguel Midões – TSF – foto yves Herman/ Reuters

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