Jerry
White e Eric London - WSWS*
Com
o fim do contrato de 141.000 trabalhadores da General Motors, Ford e Fiat
Chrysler, os trabalhadores automotivos dos EUA enfrentam uma batalha decisiva,
cujo desfecho é de enorme importância para toda a classe trabalhadora.
Os
trabalhadores automotivos foram os primeiros a ter os salários reduzidos pelas
empresas e pelo governo depois da crise econômica de 2008. Tendo entregado
centenas de bilhões de dólares para os bancos de Wall Street, o próximo passo
do Presidente Obama foi reestruturar a indústria automotiva à custa dos
trabalhadores, realizando cortes de salários, nos planos de saúde e nas
pensões, que depois foram ampliados para outras categorias. A assim chamada
“recuperação” econômica significou lucros recordes para as companhias
automotivas e para os especuladores financeiros, ao mesmo tempo que aumentaram
os problemas da classe trabalhadora.
Enquanto
bilhões de dólares foram tirados da educação, assistência médica, moradia e
outros serviços sociais para financiar o resgatefinanceiro do governo aos
bancos, além de todos os ataques às pensões dos trabalhadores, os chefes das
empresas automotivas, com lucros e bônus exorbitantes, declaram que não
voltarão ao tempo de “contratos não competitivos”.
Está
na hora dos trabalhadores automotivos iniciarem uma contraofensiva de toda a
classe trabalhadora para garantir salários bem pagos e trabalhos seguros,
assistência médica e aposentadoria pagas pelo empregador,e redução da jornada
de trabalho sem redução salarial.
A
disposição de luta dos trabalhadores automotivos foi demostrada com 98% da
categoria apoiando a greve. Essa disposição é compartilhada por dezenas de
milhões de trabalhadores – na indústria de aço, de equipamentos agrícolas, na
aviação e na indústria de telecomunicação, e entre professores, trabalhadores
dos correios e outros funcionários públicos.
O
maior obstáculo para se unificar a luta da classe trabalhadora é União dos
Trabalhadores Automotivos (United Auto Workers--UAW) e outros sindicatos. A UAW
não está realizando as negociações segundo os interesses dos trabalhadores.
Pelo contrário, seu presidente, Dannis Williams, e vice-presidentes, Cindy
Estrada, Noorwood Jewell e James Settles, junto com seu exército de
representantes internacionais, regionais e locais, estão a serviço das
empresas. Os altos executivos do sindicato recebem centenas de milhares de
dólares, se acrescentarmos os salários e as suas despesas pagas com o dinheiro
das contribuições sindicais e dinheiro tirado de fundo de greve aos pagamentos
recebidos por suas posições nos conselhos administrativos das empresas, nas
operações conjuntas entre sindicato e empresas e no fundo que administra os
planos de saúde dos aposentados da UAW.
A
UAW não tem informado a base da categoria sobre o andamento das negociações,
insistindo que os trabalhadores não tem o direito de saberem o que está sendo
acordado. Porém, as notícias na mídia deixam claro que o sindicato está
discutindo a possibilidade de se implementar um novo e terceiro tipo de
contrato com salários ainda mais baixos, criando os assim chamados
trabalhadores da sub-linha de montagem. Esses trabalhadores receberiam salários
ainda menores do que os trabalhadores da atual segunda faixa salarial.
A
UAW quer também estabelecer um “super fundo de assistência”
("super-VEBA", na sigla em inglês) para acabar com a obrigação das
empresas em relação aos planos de saúde dos trabalhadores horistas e
mensalistas da ativa e horistas aposentados, e deseja expandir seu negócio
multibilionário de planos de saúde. Isso acabaria com a conquista dos
trabalhadores automotivos da década de 1940 e levaria ao desmantelamento dos
benefícios de saúde também de outras categorias. Os líderes da UAW estariam,
portanto, sendo incentivados a acabar com benefícios dos membros do sindicato e
dos empregados administrativos.
Para
prevenir outra traição da UAW e reverter todas as concessões realizadas sobre
salários, benefícios e nas condições de trabalho, o Partido Socialista pela
Igualdade chama os trabalhadores a formarem novas organizações de luta, com
comitês de base democraticamente eleitos totalmente independentes da UAW.
Os
trabalhadores devem ser alertados sobre as jogadas e manobras que a UAW possa
vir a realizar. Para isso:
1.
Não devem acreditar em uma palavra que a UAW diz.
A
UAW é um negócio, cujos líderes possuem um interesse direto em reduzir os
salários dos trabalhadores e cortar os benefícios de saúde cada vez mais
rápido. Ela trabalha para dividir os trabalhadores, diminuindo a força deles
para impor as politicas do sindicato e das empresas. Um advogado que trabalha
contra aquele que o contrato deve ser demitido e expulso da categoria; o mesmo
vale para a UAW.
2.
A UAW está se preparando para pressionar os trabalhadores através da extensão
dos contratos.
O
sindicato não tem intenção em chamar uma greve efetiva e usar de maneira
completa seu fundo de greve. Ao contrário, a UAW se associará às empresas para
enfraquecer os trabalhadores, oferecendo-os suborno na forma de bônus e
utilizando-se das ameaças de demissões e do fechamento de plantas para chegar a
um acordo que beneficie as empresas. Qualquer disposição na negociação sobre a
manutenção dos empregos não deve ser levada a sério, como é comprovado por
quase um milhão de empregos cortados na indústria automotiva desde 1979.
3.
A UAW pode decidir convocar uma greve simbólica de um ou dois dias para
dissipar a energia de luta dos trabalhadores.
Em
2007, o sindicato chamou uma “greve hollywoodiana” na GM e Chrysler, enquanto
estabelecia o precário sistema de dois níveis salariais e expandia o VEBA.
4.
A intenção da UAW é esconder qualquer detalhe do acordo final.
Aos
trabalhadores será mostrado apenas os “pontos principais” de qualquer acordo, e
não o completo acordo ou todos os inumeráveis anexos. Ninguém fecharia um
acordo para comprar um carro baseado nos “pontos principais” exigidos pelo
vendedor.
5.
A UAW pode acordar um aumento salarial simbólico, uma participação nos lucros
ou um bônus em nome de diminuir a desigualdade criada pelo sistema de dois
níveis.
Qualquer
que seja o aumento salarial oferecido será compensado por um aumento nas
despesas de saúde dos trabalhadores, ao mesmo tempo de que as empresas
compensarão o aumento salarial oferecido com a permissão do sindicato de
contratar trabalhadores super-explorados em um terceiro nível salarial, dos
chamados trabalhadores da "sub linha de montagem”.
Os
trabalhadores da base da categoria devem exigir transparência das negociações
entre o sindicato e as empresas e cópias completas do acordo para estuda-lo e
discuti-lo antes do fim das negociações. Todos os trabalhadores, inclusive os
demitidos, aposentados e os que não estão ligados à UAW, devem ter o direito de
decidir sobre o conteúdo das negociações, pois diz respeito a todos eles.
As
empresas e os bancos, além de seus aliados nos partidos Democrata e Republicano
e nos sindicatos, insistem que os trabalhadores não conseguirão qualquer
melhora na suas condições de vida. A “regra geral”, a partir de agora, é
salários na linha de pobreza, condições de trabalho cada vez mais precarizadas
e redução da expectativa de vida dos trabalhadores.
Existe
um sentimento entre os trabalhadores – não apenas entre os trabalhadores
automotivos, mas entre todos os trabalhadores em todas as indústrias e países –
que as coisas não podem continuar como estão. Assim como os trabalhadores
automotivos abriram o caminho de luta nos piores momentos da Depressão, eles
devem mais uma vez tomar à frente em uma nova crise do sistema capitalista.
Todos os trabalhadores, a juventude, os aposentados e os desempregados nos EUA
e em todo o mundo estão procurando uma maneira de lutar contra a desigualdade
social, os ataques dos governos sobre os direitos democráticos e a guerra.
Para
unir a classe trabalhadores, uma nova estratégia política é necessária. O
Partido Socialista pela Igualdade chama todos os trabalhadores automotivos a
rejeitarem a política nacionalista da UAW, que permite as empresas
automobilísticas transnacionais derrotar seus trabalhadores nos EUA, Brasil,
México, Canadá, Europa, Japão, China e outros países, em suas lutas contra o
rebaixamento salarial edeterioração nas condições de trabalho. Essas empresas
globais podem ser derrotadas apenas se os trabalhadores dos EUA se levantarem
junto com a classe trabalhadora de todo o mundo.
Os
comitês de base dos trabalhadores automotivos devem alcançar outras categorias
da classe trabalhadora dos EUA para conquistarem seu apoio. Um grande movimento
econômico e politico deve ser lançado para derrotar a ditadura dos bancos e das
empresas, que estão tomando toda a riqueza produzida pela classe trabalhadora.
Todos
os partidos políticos e instituições do capital, desde os Democratas e os
Republicanos até a justiça e a polícia, são instrumentos da burguesia. É essa a
razão pela qual os trabalhadores devem construir um movimento político
independente, unir todas as categorias da classe trabalhadora para acabar com
os lucros dos bilionários; estabelecer o controle público e democrático dos
bancos, das empresas e dos recursos naturais; e organizar a economia nos EUA e
no mundo para garantir os direitos sociais – empregos bem pagos e seguros,
assistência médica, educação, moradia, opções de lazer, aposentadoria digna e
um futuro livre da pobreza e da guerra para a próxima geração.
Convocamos
todos os trabalhadores automotivos organizados nos comitês de base a entrarem
em contato com Boletim de Notícias dos Trabalhadores Automotivos do World
Socialist Web Site e do Partido Socialista pela Igualdade.
*World
Socialist Web Site - 3 de outubro de 2015 - Publicado originalmente em inglês
em 14 de Setembro de 2015
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