Paula
Santos – Expresso, opinião
O
que parecia estar certo para PSD e CDS-PP na noite de 4 de outubro - a
continuação do governo PSD/CDS-PP - a que Cavaco Silva se apressou na sua
concretização, à margem do que dispõe a Constituição da República Portuguesa,
afinal está cada vez mais incerto.
E
foi a intervenção do PCP que tornou clara a derrota sofrida por PSD e CDS-PP e
a possibilidade de ser encontrada uma solução governativa diferente não
ignorando todas as dificuldades que se colocam. Quando no dia 7 de outubro o
PCP afirmou a sua disponibilidade para discutir uma solução programática de
governo construída na base de uma política que vá ao encontro dos interesses
dos trabalhadores, do povo e do país, ou para derrotar qualquer moção de
rejeição que seja apresentada por PSD e CDS-PP para obstaculizar a construção
de uma solução de governo diferente; ficou evidente que a coligação PSD/CDS-PP
não dispõe de condições para se manter no poder, a menos que o PS decida
viabilizar essa hipótese.
Até
ao momento, a solução governativa para o país continua em aberto. É visível o
desespero e a desorientação dos partidos da direita. As declarações de membros
do PSD e do CDS-PP e os fazedores de opinião recorrem aos argumentos mais
rocambolescos para evitarem a sua saída do poder.
Estando
já de parte as questões legais e constitucionais, porque não há nada na lei nem
na Constituição que impeça outras soluções de formação de um governo, são
colocadas falsas questões de legitimidade, tudo para procurarem esconder que
perderam a maioria absoluta de que dispunham. A coligação PSD/CDS-PP perdeu 700
mil votos.
Os
portugueses pretendem uma mudança de política e rejeitam a continuação da
política de exploração e empobrecimento prosseguida por PSD e CDS-PP.
O
ainda ministro Pires de Lima em declarações à comunicação social questionava a
legitimidade de forças políticas constituírem governo quando não obtiveram a
votação de 90% dos portugueses. Estranho é que só coloque estas questões agora
e não o tenha feito em 2011, quando o CDS-PP integrou o governo, apesar de mais
de 88% dos portugueses não terem votado no CDS-PP. Creio que quanto a esta
matéria não há mais nada a dizer.
Noutro
registo, António Lobo Xavier afirmou que os votos obtidos pelo PCP não deveriam
ser considerados para uma solução governativa. Para este “grande democrata”
afinal há votos de primeira e de segunda, como se os votos noutros partidos
valessem mais do que os votos do PCP.
A
desorientação de PSD e CDS-PP assume uma tal dimensão (que por mais que queiram
não conseguem esconder) que se encontram já numa espécie “de vale tudo” para
impedir outra qualquer solução de governo que não passe por um governo
PSD/CDS-PP.
Apesar
da derrota eleitoral de PSD e CDS-PP, estes partidos insistem na manutenção da
mesma opção política que o povo rejeitou nas ruas e nas urnas. Querem à força
toda permanecer no Governo para continuarem uma política de desastre para o
povo e o país, com mais desemprego, precariedade, emigração, baixos salários,
novos cortes nos salários e nas pensões, novos cortes nas prestações sociais e
mais dificuldades no acesso à educação e à saúde.
É
tendo em conta os resultados eleitorais e a alteração da correlação de forças
na Assembleia da República, que o PCP tudo fará para respeitar a vontade popular
- impedir a formação de um governo pelo PSD e CDS-PP e contribuir para uma
mudança política que valorize os salários e pensões e reponha tudo o que foi
roubado aos trabalhadores e ao povo; que combata a precariedade; que valorize
os direitos dos trabalhadores; que alivie a carga fiscal sobre os trabalhadores,
os reformados e os micro e pequenos empresários e aumente a tributação sobre o
lucro das grandes empresas; que reforce e diversifique o financiamento da
Segurança Social com vista ao alargamento do acesso às prestações sociais; que
reforce o Serviço Nacional de Saúde, através da contratação dos profissionais
em falta, da atribuição do transporte de doentes não urgentes e pondo fim às
taxas moderadoras; que reverta os processos de privatização e que revogue as
recentes alterações na lei da IVG.
Na foto: Paula Santos
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