João
Quadros – Jornal de Negócios, opinião
Dizem
os especialistas que os mercados reagem particularmente bem a Céline Dion e
muito mal a Zeca Afonso. Os mercados são foleiros.
Nos últimos dias, os jornais têm sido invadidos por títulos como: "Aproximação entre PS e BE afunda acções da banca nacional"; "Acordo com Catarina com impacto negativo na bolsa"; etc. Ou seja, supostamente, o nosso PSI-20, que afinal são só 18, está mau por causa de conversas entre a Catarina e o Costa. É sabido que Catarina Martins esteve os oito últimos anos como presidente da PT e que o Bloco de Esquerda foi responsável pelo descalabro do BES. Nunca é de menos recordar que era Mariana Mortágua que ia jogar golfe com Carlos Costa, o que naturalmente o distraía da supervisão bancária. Quem nunca deu por nada em diversos bancos e mercados quer fazer-nos crer que a aproximação entre o PS e o BE assusta a banca nacional, mas o Carlos Costa ser reconduzido no Banco de Portugal, o Rendeiro dar palpites na televisão e ninguém saber onde anda o Dias Loureiro não lhes causa stress. No fundo, a bolsa é caguinchas e tem medo de meninas.
Resumindo, a coligação (e a comunicação social) soltou o papão. Depois de dias com o discurso da preocupação com o respeito pelo sentido de voto, voltaram ao que se lixe a democracia e ao "também não interessa porque os mercados não deixam!". Os mesmos que diziam que não ser o partido mais votado a fazer Governo é antidemocrático apostam tudo em que sejam os mercados a não deixar governar a esquerda. Os que ainda agora estavam preocupados com a nossa democracia suspiram que Bruxelas a limite. Passos, que fez discursos de: a Grécia votou, mas lamento não pode ser, tornou-se o maior adepto do respeito e análise aprofundada do sentido de voto. Esperava-se que Passos chegasse e não viesse com a conversa mole do tivemos mais votos. Noutros tempos, o Passos da maioria chegava e dizia: é uma vergonha andar a discutir resultados eleitorais quando toda a gente sabe que quem pode ser poder é quem tem o apoio do Schäuble e da Merkel. Ponto.
Junto com o papão dos mercados veio o papão dos comunistas. No meu tempo de criança, dizia-se que os comunistas comiam crianças ao pequeno-almoço, e muitos acreditavam, talvez porque fosse mais provável do que no Vaticano. Tentando despertar velhos fantasmas, as capas dos diversos jornais portugueses falavam no PREC e o Expresso tinha um mural comunista na sua edição online. Depois de semanas a distribuir a biografia do Hitler, agora estão em pânico com o PREC. Pinto Balsemão está com ataques de anacronismo. Percebo o descontrolo, em 15 dias perderam o Governo e a indústria alemã como exemplo. Só falta o Marcelo ser um travesti.
No fundo, tudo isto se resume a um medo terrível de que alguma coisa mude no que tem estado tão bem assim. Tudo pela tradição que aqui nos trouxe. Até a lógica do deve fazer Governo o partido mais votado, com o apoio do outro do arco, é a mesma da praxe: se não fizeres, és excluído. Não vem na lei, mas é tradição. Estamos perante a chamada Democracia de Barrancos. O melhor é matar o animal.
Nos últimos dias, os jornais têm sido invadidos por títulos como: "Aproximação entre PS e BE afunda acções da banca nacional"; "Acordo com Catarina com impacto negativo na bolsa"; etc. Ou seja, supostamente, o nosso PSI-20, que afinal são só 18, está mau por causa de conversas entre a Catarina e o Costa. É sabido que Catarina Martins esteve os oito últimos anos como presidente da PT e que o Bloco de Esquerda foi responsável pelo descalabro do BES. Nunca é de menos recordar que era Mariana Mortágua que ia jogar golfe com Carlos Costa, o que naturalmente o distraía da supervisão bancária. Quem nunca deu por nada em diversos bancos e mercados quer fazer-nos crer que a aproximação entre o PS e o BE assusta a banca nacional, mas o Carlos Costa ser reconduzido no Banco de Portugal, o Rendeiro dar palpites na televisão e ninguém saber onde anda o Dias Loureiro não lhes causa stress. No fundo, a bolsa é caguinchas e tem medo de meninas.
Resumindo, a coligação (e a comunicação social) soltou o papão. Depois de dias com o discurso da preocupação com o respeito pelo sentido de voto, voltaram ao que se lixe a democracia e ao "também não interessa porque os mercados não deixam!". Os mesmos que diziam que não ser o partido mais votado a fazer Governo é antidemocrático apostam tudo em que sejam os mercados a não deixar governar a esquerda. Os que ainda agora estavam preocupados com a nossa democracia suspiram que Bruxelas a limite. Passos, que fez discursos de: a Grécia votou, mas lamento não pode ser, tornou-se o maior adepto do respeito e análise aprofundada do sentido de voto. Esperava-se que Passos chegasse e não viesse com a conversa mole do tivemos mais votos. Noutros tempos, o Passos da maioria chegava e dizia: é uma vergonha andar a discutir resultados eleitorais quando toda a gente sabe que quem pode ser poder é quem tem o apoio do Schäuble e da Merkel. Ponto.
Junto com o papão dos mercados veio o papão dos comunistas. No meu tempo de criança, dizia-se que os comunistas comiam crianças ao pequeno-almoço, e muitos acreditavam, talvez porque fosse mais provável do que no Vaticano. Tentando despertar velhos fantasmas, as capas dos diversos jornais portugueses falavam no PREC e o Expresso tinha um mural comunista na sua edição online. Depois de semanas a distribuir a biografia do Hitler, agora estão em pânico com o PREC. Pinto Balsemão está com ataques de anacronismo. Percebo o descontrolo, em 15 dias perderam o Governo e a indústria alemã como exemplo. Só falta o Marcelo ser um travesti.
No fundo, tudo isto se resume a um medo terrível de que alguma coisa mude no que tem estado tão bem assim. Tudo pela tradição que aqui nos trouxe. Até a lógica do deve fazer Governo o partido mais votado, com o apoio do outro do arco, é a mesma da praxe: se não fizeres, és excluído. Não vem na lei, mas é tradição. Estamos perante a chamada Democracia de Barrancos. O melhor é matar o animal.
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