sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Moçambique. EX-FUNCIONÁRIOS DA ROMON ESPERAM INDMNIZAÇÕES HÁ 20 ANOS



Dezenas de ex-trabalhadores da antiga Rodoviária de Moçambique - Norte (ROMON) estão há duas semanas em protesto. Exigem o pagamento das indemnizações, que pedem há já 20 anos, depois da falência da empresa.

337 ex-trabalhadores da extinta Rodoviária de Moçambique - Norte (ROMON), entre os 50 e os 75 anos, esperam há duas décadas pelas indemnizações a que tinham direito após o fecho da transportadora pública. Alguns têm ainda em dívida três meses de salário.

Alberto Essara começou a trabalhar como mecânico na ROMON aos 25 anos. Hoje, tem 63 e é pai de seis filhos. A sua família sobrevive graças à agricultura. Essara não sabe se algum dia receberá a sua indemnização, mas já fez planos para o dinheiro:

"Vou construir a minha casa e deixá-la para os meus filhos quando morrer. Os meus filhos têm de ficar numa boa casa."

Essara é um dos ex-trabalhadores que, nas últimas duas semanas, têm protestado junto ao edifício do Governo provincial de Nampula. Já fizeram soar vuvuzelas, latas e jerricãs para chamar a atenção do governador para o assunto. Levaram ainda uma faixa com os dizeres: "Queremos os nossos direitos, cansámos de enganos e mentiras".

Provas?

A ROMON foi criada no período colonial. Com a saída dos portugueses, a gestão da empresa passou para o Governo da FRELIMO, o partido no poder em Moçambique.

A falência da empresa foi decretada em 1994. Desde então, os trabalhadores nunca mais receberam. Zio Aruela, de 75 anos, conta que já escreveram ao Governo moçambicano a exigir o pagamento, sem sucesso.

"Desde que começámos a exigir não há resultados. Já enviámos muitos documentos ao ministro dos Transportes e Comunicações [do anterior Governo]. O diretor provincial dos Transportes diz que o dossier ainda está com o ministro", refere Aruela.

Por seu turno, o diretor provincial dos Transportes e Comunicações de Nampula, Francisco Bonzo, comenta que os manifestantes nunca provaram que são antigos trabalhadores da ROMON.

"O Governo fez o recenseamento das pessoas que estiveram a reclamar. Este processo teve muitas fases e cada fase foi sempre de consenso com os ex-trabalhadores. Um dos problemas que é preciso resolver agora é encontrar elementos que possam justificar que eram trabalhadores", diz.

Os trabalhadores contestam estas declarações. E afirmam que nenhum grupo de ex-funcionários da ROMON recebeu ordenados, como tem sido dito, explica Alberto Essara:

"Esses que estão a dizer que já receberam eram trabalhadores da TPU [Transportes Públicos Urbanos de Nampula], não os da ROMON. Nenhum de nós recebeu."

Os antigos trabalhadores da Rodoviária de Moçambique - Norte garantem que vão continuar em protesto até que seja resolvido o problema. E falam em apresentar o assunto à comunidade internacional, a quem poderão pedir mediação.

Sitoi Lutxeque (Nampula) – Deutsche Welle

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