domingo, 24 de janeiro de 2016

Portugal. MARCELO VAI SER O PRÓXIMO PRESIDENTE DA REPÚBLICA



Inês David Bastos*

Com cerca de 62% dos votos já contados, Marcelo Rebelo de Sousa vence à primeira volta.

Marcelo Rebelo de Sousa terá garantido hoje a Presidência da República, sucedendo a Cavaco Silva, conseguindo cerca de 57% dos votos, isto numa altura em que 62% dos votos já estão apurados. 

Esta era de resto a tendência revelada pelas sondagens à boca das urnas. A Universidade Católica foi a única a deixar em aberto a possibilidade de as eleições terem que ser decididas numa segunda volta. As sondagens da Intercampus e Eurosondagem garantiam às 20h que não vai haver segunda volta a 14 de Fevereiro. 

Durante os quinze dias de campanha eleitoral oficial, e até mesmo antes, as sondagens apontaram desde sempre para a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa logo à primeira volta, embora também sempre se tivesse alertado para a incerteza que é o factor abstenção.

Marcelo surgia à frente na corrida com uma percentagem que variava entre os 51% e os 54% mas as empresas de sondagens não medem a abstenção em Portugal e, uma vez que o voto não é obrigatório, como é o caso do Brasil, para os analistas é difícil antever qual a percentagem de eleitorado que diz que vai votar mas depois fica em casa no dia das eleições. Rui Oliveira e Costa, presidente da Eurosondagem, explica mesmo ao Económico que a abstenção é o "inimigo número um,dois e três dos candidatos" porque é o factor mais incerto e aquele que pode dar a volta a tudo o que é previsões.

Marcelo e a sua ‘entourage’ sempre tiveram consciência que a abstenção era o seu maior risco. Se o número de abstencionista à direita crescesse na ‘hora H’, o professor sabia que corria o risco de ter de defrontar uma segunda volta com a esquerda. E, nesse caso, cair na possibilidade de não conseguir à direita tantos votos quanto uma esquerda totalmente unida em torno de um candidato. Por isso, depois de ter incomodado uma boa fatia do eleitorado de direita ao fazer uma primeira semana de campanha virado para a esquerda, Marcelo guinou na última semana com um derradeiro apelo à mobilização do eleitorado de centro-direita: moderou o discurso, teve a seu lado os aparelhos partidários do PSD e CDS (na primeira semana distanciou-se de partidos) e viu Passos Coelho e Paulo Portas virem apelar ao voto na sua candidatura. Era a derradeira tentativa de mobilização da direita para travar o risco da abstenção.

Rui Oliveira e Costa explica ao Económico que basta a abstenção duplicar o que surge nas sondagens – para 35% - para trocar as contas à vitória numa primeira volta de Marcelo, obrigando-o a uma segunda volta. Isto se a abstenção se der sobretudo no eleitorado que tradicionalmente vota à direita. Marcelo esteve assim, desde sempre, dependente da abstenção. Ou conseguia mobilizar todo o eleitorado de direita e algum do centro ou a esquerda não conseguir mobilizar todo o seu eleitorado. Um dos fantasmas, aliás, que o BE,. PCP e PS acenaram repetidamente foi que a falta de mobilização à esquerda podia dar a vitória a Marcelo Rebelo de Sousa.

*Económico

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