A
vontade é por demais, a esperança também. Que na Guiné-Bissau tudo se encaminhe para a normalidade característica de um país democrático e em desenvolvimento dos setores que
permitam às populações atingirem a meta do progresso e dignidade que todos os
seres humanos merecem. Assim não acontece na Guiné-Bissau, flagrantemente. A
Guiné-Bissau, infelizmente, cumpre o adágio: “O que nasce torto tarde ou nunca
se endireita”. A instabilidade social e política, a péssima qualidade dos políticos,
a desonestidade, a divisão semeada, não têm permitido que a Guiné-Bissau atire
para longe o que significa o adágio e lhe corresponde enquanto país que, tudo
indica, não beneficiou de uma “descolonização exemplar” por parte de Portugal.
O
karma é complexo. As grandes vítimas são as populações mais desfavorecidas, a
maioria. Os beneficiados são os políticos sem escrúpulos que matam ou mandam
matar, que roubam, que fazem do país uma plataforma paradisíaca dos grandes barões
da droga. Quem se “lixa” é o povo guineense. Assim tem sido nestes já mais de
40 anos de independência. Para quando a paz e estabilidade tão merecida pelos
guineenses?
Resposta
a isso, com todos os pontos nos is, não existe. O que existem são tentativas de
conseguir conduzir a Guiné-Bissau para a normalidade de uma nação democrática e
com a justiça de que carece. Ao longo dos anos o PAIGC – que lutou com armas
contra o colonialismo – não conseguiu cumprir as promessas e objetivos de Amílcar
Cabral. Parecia que agora, com Simões Pereira, algo semelhante à democracia
seria conseguido implementar. Forças contrárias opuseram-se. A confusão é mais
que muita. Ao que é dado a conhecer, o PR da Guiné-Bissau é defensor do quanto
pior melhor. Aliado a forças políticas defensoras do mesmo estatuto fez
regressar ao país a instabilidade que a comunidade internacional julgou
definitivamente afastada. Quem quer uma Guiné-Bissau plataforma dos barões da
droga? Quem quer manter a instabilidade na Guiné-Bissau? Quem semeia a confusão
e a divisão entre as populações?
O
que nasce torto tarde ou nunca se endireita? Será realmente assim?
O
comunicado do PAIGC que se segue talvez contribua para se entender alguns
pormenores. Talvez.
Redação
PG / MM
COMUNICADO
DO PAIGC
O
Secretariado Nacional do PAIGC vem por este meio manifestar publicamente o seu
inequívoco repúdio pelas posições que algumas formações políticas têm vindo a
assumir, numa clara tentativa de distorcer os factos que têm marcado a forjada
crise política que o país enfrenta e moldar uma opinião pública guineense e
internacional a favor dos seus interesses.
Causa
profunda estranheza, o facto da Direcção Superior de partidos políticos com
importante representação parlamentar tentarem escamotear a verdade dos factos
acusando o PAIGC de ser o obstáculo no processo da procura de solução
consentânea com o problema que o país enfrenta.
Surpreende,
com efeito, ao PAIGC, ver toda uma Direcção que sempre mereceu o seu respeito e
consideração alinhar-se na estratégia da multiplicação de declarações
desprovidas da verdade e desviastes do caminho da solução para o problema real
que urge de facto solucionar.
Esta
atitude parece forçar o esquecimento da responsabilidade acrescida dessas
entidades no panorama político nacional e em especial na actual conjuntura
política, facto que o PAIGC lamenta profundamente e procurará superar enquanto
partido libertador e força política com maior expressão nacional, alertando
para a imperiosa necessidade de se elevar as ações à altura da responsabilidade
que a cada um incumbe.
Os
partidos políticos em geral, mas especificamente os com importante
representação parlamentar devem reconhecer a ANP como espaço privilegiado para
o debate político, sendo ainda o epicentro da evocada crise prevalecente. É por
isso curioso, ou talvez não, que essas formações políticas não procurem ali a
solução para o problema, e a busca de viabilidade no âmbito dessa instituição,
onde o seu contributo seria então de primordial importância.
Actuar
doutra forma, tal como se tem registrado por parte de algumas formações
políticas, coloca a nu ambições desmedidas de branquear o jogo democrático ao
esperar governar sem ganhar eleições, transferir para outras instâncias as
nossas responsabilidades, promover a política do boicote e da ausência tentando
paralisar as estruturas da ANP, nomeadamente as reuniões da Mesa, a Conferência
de Líderes e da Comissão Permanente.
Esta
atitude revela não só uma deliberada e intencional omissão dos sagrados
princípios de separação de poderes, delineada no nosso modelo
político-constitucional, como leva à conclusão de que não se está minimamente
interessada numa solução que salvaguarde os resultados eleitorais, a legítima
vontade do povo, ou eventualmente num resultado que se enquadra com o espírito
de uma sã convivência democrática.
O
PAIGC faz jus à sua estatura de partido responsável e democrático e convida uma
vez mais às forças políticas, sobretudo as com representação parlamentar, a
repensarem a sua posição e juntarem-se ao PAIGC, como no passado recente, na
busca de uma solução que privilegie em primeira e última análise os interesses
superiores do Estado da Guiné-Bissau e do povo guineense.
A
única via para se conquistar o poder em democracia é pela via das eleições. O debate
de ideias e o exercício contínuo do contraditório assim como a produção dos
consensos possíveis, são a força motriz da democracia e devem ser praticados,
salvaguardados e promovidos.
Só
a verdade e nada mais do que a verdade poderá conduzir os guineenses à paz, ao
desenvolvimento e ao progresso.
Este
é o desígnio do PAIGC e esse será sempre o empenho da sua actual Direção
Superior.
Bissau,
19 de Fevereiro de 2016 - O
Secretariado Nacional do PAIGC
Comunicado em Rispito
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