Empréstimos
milionários à revelia dos moçambicanos foram contraídos sem conhecimento da
Assembleia da República para escondê-los da Renamo
Numa
aparição que pode ser descrita como um acto de atirar areia aos olhos do povo,
o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, veio a público, na
quinta-feira (28), dizer que o Executivo contraiu secretamente empréstimos
milionários para “financiar o desenvolvimento de infra-estruturas e segurança”
e tudo aconteceu à revelia da Assembleia da República (AR) por “medo” da
Renamo. O governante voltou a alegar que a improdutividade agrícola, as baixas
exportações, as calamidades naturais e a tensão político-militar são
responsáveis, nos últimos anos, pela precariedade vida dos moçambicanos.
De
acordo com o governante, o valor global da dívida pública, reportada a 31 de
Dezembro de 2015, “incluindo as garantias emitidas pelo Governo e as dívidas
contraídas pelo Banco de Moçambique para o financiamento a balança de
pagamentos, é de 11,64 mil milhões de dólares”, dos quais “9.89 mil milhões de
dólares correspondem à dívida externa, incluindo 247 milhões de dólares do
Banco de Moçambique”.
“O
saldo da dívida interna, a 31 de Dezembro de 2015, é de 1.75 mil milhões de
dólares, estando ainda em reconciliação 233 milhões de dólares”, afirmou,
acrescentando que o pagamento deste montante, em juros semestrais de 78 milhões
de dólares, deverá ser pago em sete anos, a partir de 2017, e o desembolso
único da dívida no valor de 731 milhões de dólares deverá ocorre em 2023.
Estes
montantes, não canalizados ao erário, foram contraídos – violando a
Constituição da República e a Lei Orçamental – sem o conhecimento da Assembleia
da República (AR). O Primeiro-Ministro justificou que o Governo agiu desta
forma para não comprometer a segurança do Estado, tendo sido necessário fazer
as coisas sem o conhecimento da oposição.
"Temos
uma oposição na Assembleia da República que de dia faz parlamento e de noite
ataques noutro sítio", declarou o governante, reconhecendo que se tivesse
havido um pouco de prudência o Governo podia ter feito as coisas melhor.
"Mas
revelar questões de soberania e segurança do Estado, em condições atípicas como
esta, é de facto muito difícil (…) Correu mal, podíamos ter feito as coisas sem
comprometer a segurança do Estado. Vamos trabalhar juntos para melhorar o
sistema de transparência, da gestão da dívida pública, para que não aconteçam
mais situações idênticas", disse do Rosário.
De
acordo com Agostinho do Rosário, o Estado vai pagar o que for do interesse
público, mas o que diz respeito a investimentos comerciais deverá ser liquidado
pelas respectivas empresas.
Enquanto
isso, horas depois de o Banco Mundial ter suspendido o financiamento ao
Orçamento de Estado para este ano, no valor de 40 milhões de dólares que deviam
ser desembolsados até Junho deste ano, em virtude da dívida pública oculta, o
Reino Unido tomou a mesma posição, justificando que Moçambique quebrou
seriamente a confiança. Por isso, há um trabalho “com os outros parceiros
internacionais para restabelecer a confiança”, até porque o dinheiro que aloca
visava apoias as acções de combate à pobreza e não para outros fins.
@Verdade
Sem comentários:
Enviar um comentário