O
secretário de Estado dos Assuntos Europeus francês pediu solenemente ao antigo
presidente da Comissão Europeia Durão Barroso para não aceitar trabalhar na
Goldman Sachs.
"O
senhor Barroso fez a cama dos antieuropeus. Apelo, pois, solenemente, a que abandone
esse cargo", disse Harlem Désir perante os deputados franceses,
referindo-se ao cargo de presidente não executivo e conselheiro da Goldman
Sachs no seguimento da decisão britânica de sair da União Europeia.
Para
o governante francês, esta contratação "é particularmente escandalosa
tendo em conta o papel desempenhado pelo banco durante a crise financeira de
2008, mas também o papel na camuflagem das contas públicas da Grécia".
Defendendo
alterações às regras sobre as incompatibilidades dos líderes europeus quando
saem dos cargos, Harlem Désir considerou que "moralmente, politicamente,
eticamente, é uma falha por parte do senhor Barroso" e acrescentou que
"este é o pior serviço que um ex-presidente de uma instituição europeia
poderá dar ao projeto europeu num momento da história em que, pelo contrário,
precisa de ser sustentado, mantido e reforçado".
O
banco norte-americano Goldman Sachs anunciou na na semana passada a contratação
de Durão Barroso como presidente não-executivo da instituição e de consultor,
num momento em que o setor financeiro foi abalado pelas dúvidas sobre a saída
do Reino Unido da União Europeia.
"Evidentemente,
que conheço a União Europeia e o contexto britânico relativamente bem. Se o meu
conselho for útil em tais circunstâncias, estou pronto a ajudar", comentou
Durão Barroso, em declarações ao "Financial Times".
Durão
Barroso não violou qualquer regra, uma vez que, 18 meses depois de ter
terminado o seu mandato, nada obriga os ex-membros da Comissão Europeia a
prestar contas à instituição.
"Os
ex-comissários, obviamente, têm o direito de prosseguir a sua carreia
profissional ou política", disse um porta-voz da Comissão Europeia,
acrescentando que é legítimo as pessoas com grande experiência e qualificações
desempenhar funções de liderança no setor público ou privado.
Jornal de Notícias - Foto: Global Imagens
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