Onde
pára a reclamação do Estado dos 155 milhões de euros do penhor financeiro do
capital da Galilei, dos 1,8 milhões da Sociedade Médica, dos mais de 22 milhões
da Galilei Saúde e dos 1,17 milhões da Datacom-sistemas?
Na
chamada crise de 2007/2008, que se arrasta, ficaram conhecidas as
expressões Too big to fail (grandes de mais para falir).
Este
foi o expediente argumentativo para os neo-liberais, que defendiam e defendem
que o Estado não deve intervir nas empresas e que deve ser o mercado a sanear
as situações, premiando as que têm mérito e punindo as que não têm, injectando
milhões dos Orçamentos do Estado, dos contribuintes como eles gostavam de
dizer, nessas grandes empresas dos seus amigos e correlegionários...
Deixaram
cair a teoria e passaram a argumentar que há empresas e bancos que pela sua
dimensão e interligações não podem falir pois põem em perigo as respectivas
economias.
A
pratica mostrou assim a hipocrisia da política neo-liberal que afinal só se
aplica às pequenas e médias empresas tornando claro a quem serve tal teoria
apresentada nas universidades com roupagens científicas e de neutralidade. Uma
teoria para dar cobertura à concentração e centralização de capitais, à
acumulação do capital, entre nós defendida , entre outros, por
Passos/Cristas/Portas...
Com
o andamento da crise foi-se vendo que dos grandes responsáveis pelas muitas
trafulhices que meteram milhões aos bolsos e nos bolsos dos amigos e compadres
– os tais das «liberalidades» – só foram presos meia dúzia, os mais
indefensáveis, para calar a opinião pública. Por isso, na imprensa mais crítica
surgiu uma nova expressão: Too big to jail. Grandes de mais para serem
presos!
Em
Portugal tem-se passado o mesmo.
Veja-se
a vergonha do BPN e os milhões que custa e vai custar ao Estado. Já se avança
com a verba de nove mil milhões. Para se ter uma ideia, esta verba dava para se
aumentar o Orçamento da Educação em 20% durante cerca de cinco anos!
O
Estado tem a receber muitos milhões de milhares de euros do grupo que colapsou
em 2008, onde pontificavam os barões e figuras gradas do PSD e do cavaquismo: o
BPN, que foi nacionalizado com o voto contra do PCP, e as empresas do grupo que
ficaram na SLN CGPS, hoje Galilei.
Para
onde foi o dinheiro? O património pessoal dos principais responsáveis foi
tocado? Que garantias havia? O que fez e faz a Parvalorem gerida por Fernando
Nogueira Leite do PSD e amigo de Passos desde a JSD? Vai continuar a aceitar
expedientes colocados pelo núcleo duro dos accionistas do ex-BPN para não serem
executados, como o do processo especial de revitalização (PER)?
Em
que ponto está a reclamação, por parte do Estado, dos 155 milhões do penhor
financeiro do capital da Galilei, os 1,8 milhões da Sociedade Médica, os mais
de 22 milhões da Galilei Saúde, os 1,17 da Datacom-sistemas informáticos?
E,
finalmente, a grande questão: por que só há um preso e em prisão domiciliária?
Neste
caso nem se pode dizer que são financeiramente grandes de mais para irem para a
cadeia. Neste caso, a questão é outra: too PSD to jail –
importantes de mais no PSD para serem presos e, ainda por cima, toocavaquistas...
*AbrilAbril - Foto de Manuel de Almeida/ Agência LUSA
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