O
secretário-geral do PCP afastou a possibilidade de um entendimento com PSD e
CDS-PP sobre o futuro da Caixa Geral de Depósitos e acusou os
sociais-democratas de quererem complicar o processo de recapitalização do banco
público.
"O
PSD não quer nem transparência nem redução da verba que está destinada ao
presidente da conselho de administração da CGD. É falso. Quer, no essencial, a
mesma coisa [que o PS], com este ou aquele retoque, visando a desestabilização
do processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos", disse o
secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, durante uma visita ao bairro da
Bela Vista, em Setúbal.
O
líder comunista lembrou que o PCP tomou a iniciativa de apresentar uma proposta
concreta em relação à questão dos gestores da CGD, designadamente definindo um
plafonamento de vencimentos correspondente ao salário do primeiro-ministro, e
que contabilizava subsídios e outros privilégios para o pagamento de impostos,
mas que essa proposta foi chumbada pelo PS, PSD e CDS-PP.
"O
PSD vem propor, no essencial, a reposição da lei anterior, em que poderíamos
dizer que os 400 mil euros que estão previstos para o presidente do conselho de
administração seriam substituídos pelos 400 mil euros que o PSD e o CDS querem
atribuir a esse presidente do conselho de administração. Ou seja, no essencial,
quer a desestabilização deste processo da Caixa Geral de Depósitos. Sabemos que
alguns setores muito amplos do PSD querem a privatização da CGD e querem
`encasinar´ todo o processo", disse.
"O
PSD quer fazer de conta. Nós não acompanhamos o PSD nesta matéria que é de
facto uma operação de hipocrisia, que não resolve o problema do montante [dos
salários pagos aos administradores da CGD] nem da transparência",
acrescentou o líder comunista.
No
que respeita aos anexos do Orçamento do Estado entregues pelo Governo ao
parlamento, a pedido dos partidos da oposição, e que segundo o PSD e o CDSS/PP
revelam receitas inferiores ao que se previa e um deslizamento das despesas,
Jerónimo de Sousa defendeu que o problema essencial é a canalização dos
recursos do país para o pagamento do serviço da dívida pública, e reafirmou a
ideia de um dia acabará por ser necessário avançar para uma renegociação com os
credores.
"Se
esses documentos eram devidos à Assembleia da República, foi bom que fossem
apresentados. É essa a nossa posição. Em relação às questões da receita e da
despesa, mesmo havendo um outro deslizamento, ninguém pega nesta realidade: o
grande peso da despesa passa pelo pagamento dos juros da dívida, que são
centenas de milhões de euros por mês, que têm de ser entregues para o pagamento
do serviço da dívida, não da dívida", disse.
"Nós
precisamos de equilíbrio nas contas públicas, mas [também] precisamos de
investimento, precisamos de capacidade de responder aos problemas estruturais
que existem na sociedade portuguesa e, infelizmente, todo o esforço que o país
faz vai sempre por esse cano roto, de um serviço da dívida em que só este ano
vamos ter de pagar 8.500 milhões de euros. Esse é um problema central, disse
Jerónimo de Sousa, reiterando a necessidade de uma renegociação da dívida
pública.
Confrontado
com o segundo caso de uma falsa licenciatura no Ministério da Educação no
espaço de uma semana, Jerónimo de Sousa disse que se tratou de uma
"situação pouco recomendável", mas que já "foi clarificada, foi
resposta a legalidade, mesmo no plano ético".
"Em
relação ao ministro da Educação, a responsabilidade é do primeiro-ministro.
Creio que também já o clarificou. E aqui notar um pouco esta posição de dois pesos
e duas medidas do CDS-PP, que durante o seu governo teve situações idênticas
como nós nos lembramos, e não pediu demissão nenhuma", disse.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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