domingo, 5 de junho de 2016

EUA: ATACAR A RÚSSIA. ATACAR A CHINA. ATACAR O IRÃO



Não passa um dia sem que a Think-Tankelândia dos EUA faça o que faz de melhor: promover todos os tipos imagináveis de guerra fria - e quente - contra a Rússia, mais miríades de provocações/confrontos com China e Irã.

Combina com as Cinco Principais ameaças existenciais contra os EUA listadas pelo Pentágono, lista na qual Rússia e China têm o trono e o Irã aparece em 4º lugar - à frente do "terrorismo" do tipo falso "Califato" do Daech [a lista clássica do gen. Clapper: 1) Rússia, 2) China, 3) N. Korea, 4) ISIL (NTs)].

Aqui já reuni alguns fatos resumidos de realpolitik para contra-atacar a histeria - mostrando como a vantagem real dos russos com seus mísseis supersônicos torna inútil todo o constructo da retórica paranoica da OTAN.

O Sistema Aegis de defesa dos EUA foi transferido, de navios para a terra. O sistema de mísseis Patriot de defesa é imprestável. O Aegis é cerca de 30% melhor que o sistema THAAD; pode ser mais efetivo, mas também tem alcance limitado.

O sistema Aegis não é - por enquanto - ameaça alguma contra a Rússia. Mas, com o sistema recebendo umupgrade - o qual, sim, pode demorar anos para ter efeitos - pode vir a causar preocupação mais grave, com o Excepcionalistão, hoje, empurrando-se cada vez mais para o leste, aproximando-se das fronteiras russas.

Seja como for, a Rússia está anos-luz à frente, em mísseis supersônicos. O Pentágono sabe que, contra o sistema S-500, o F-22, o espantosamente caro F-35 e os aviões B-2stealth - estrelas de um programa de aviões de combate de 1 trilhão de dólares - são totalmente obsoletos.

Então, já voltou ao velho meme de sempre: "agressão russa!", sem o qual o Pentágono não tem meios para lutar para manter o direito divino de ser abençoado com fundos ilimitados.

Washington tinha 20 mil especialistas em planejamento trabalhando antes do final da 2ª Guerra Mundial, focados na reconstrução da Alemanha. Washington tinha apenas seis em função correlata, depois de ter destruído o Iraque na Operação Choque e Pavor, de 2003.

Não foi incompetência; era o Plano A desde o início. A União Soviética era considerada ameaça gravíssima no final da 2ª Guerra Mundial - portanto, a Alemanha tinha de ser reconstruída. Iraque foi guerra de escolha, para roubar os poços de petróleo - misturado com implementar o capitalismo de desastre mais hardcore. Ninguém em Washington jamais pensou no caso, nem algum dia quis reconstruir algum Iraque.

"Agressão russa" não se aplica ao Iraque; só tem a ver com a Europa Oriental. O ministro de Relações Exteriores da Rússia Sergey Lavrov, por via das dúvidas, já deixou bem claro que a implantação do sistema Aegis será respondida com estilo, adequadamente - e até a mídia-empresa dos EUA já começa a admitir que a economia russa já dá sinais de estar-se recuperando dos efeitos da guerra dos preços do petróleo.

Dê uma olhada no meu patrimônio líquido... 

Já escrevi que a China não é Castelo de Cartas [orig.House of Cards]. Seja qual for a verdadeira razão dívida/PIB chineses - os números variam entre 23% e 220% - pouco significa para uma economia do tamanho da chinesa, especialmente porque a economia chinesa é integralmente controlada dentro da China.

A China mantém mais de $3 trilhões de dólares norte-americanos e outras moedas ocidentais em reservas, ao mesmo tempo em que, gradualmente, vai desconectando a própria economia do verdadeiro Castelo de Cartas: a economia do dólar norte-americano.

Nessas específicas circunstâncias, o que significa a dívida externa? Pouca coisa. A China poderia - embora ainda não tenha feito - produzir mais yuan e recomprar a própria dívida , mais ou menos como os EUA com o 'alívio quantitativo' [ing. quantitative easing (QE)] e o Banco Central Europeu (BCE) que pode a determinados 'países favoritos' (fortes apoiadores da OTAN) que produzam mais que a parcela de euros que cabe a eles.

Mas Pequim não precisa realmente fazer tais coisas. China, Rússia e a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e o que restou dos BRICS (Brasil em suspenso, até, pelo menos, 2018) estão lentamente, mas firmemente, forjando a moeda interna própria, e o sistema de transferência de moeda (já operante internamente na China e na Rússia), para escapar ao sistema SWIFT e ao Banco Internacional de Compensações [ing. Bank of International Settlements (BIS)].

Quando estiverem prontos para abrirem-se e seus sistemas para que o resto do mundo una-se a eles, então a dívida externa baseada no dólar norte-americano já nada significará.

A Think-Tankelândia dos EUA, como sempre, continua sem qualquer ideia sobre o que fazer. Como explica uma das minhas fontes chinesas, "cada vez que algum falastrão ocidental menciona o 'problema' da dívida chinesa, fala de número tirado do nada; e soma todas as dívidas, central, provinciais, dos governos municipais, todas as dívidas estimadas de empresas, empréstimos tomados de bancos fora da China. E compara esse número total na China, com números que correspondem a países ocidentais e ao governo central do Japão".

A fonte acrescenta que "a China está operando com orçamento equivalente a $60 trilhões. Empréstimos de fontes externas, na casa dos $11 trilhões; e dinheiro e equivalente, na faixa dos $3,6-4 trilhões. Todo esse dinheiro - ou todo o patrimônio líquido - é a maior força discricionária, e está em mãos de líderes chineses; nada há que sequer se compare a isso, em mãos de qualquer outro governo ocidental".

Para nem mencionar que, em termos globais, Pequim está apostando no que o Fórum Econômico Mundial chama de Quarta Revolução Industrial. A China já é o entroncamento central para produção, oferta, logística e cadeia de valor. O que nos leva a Um Cinturão, Uma Estrada [ing. One Belt, One Road (OBOR)]; todas as estradas levam às Novas Rotas da Seda puxadas pelos chineses e que conectarão, mais e mais profundamente, a economia da China e a infraestrutura por toda a Eurásia. OBOR simultaneamente expandirá o poder global da China, ao mesmo tempo em que contragolpeará, geopoliticamente, o - até hoje sem qualquer efeito - "pivô para a Ásia" - incluídas as provocações do Pentágono no Mar do Sul da China, melhorando a segurança da China no campo da energia.

Sanções, como os diamantes, são eternos 

Outra das grandes narrativas ficcionais do Excepcionalistão é que os EUA estariam "preocupados" com a inabilidade dos bancos europeus para negociar no Irã. Perfeito nonsense; na verdade, o Departamento do Tesouro dos EUA só faz meter medo-pânico em todo e qualquer banco europeu que se atreva a negociar com Teerã.

Índia e Irã firmaram negócio histórico, de $500 milhões, para desenvolver o porto iraniano de Chabahar - nodo chave no que já se pode chamar de Nova Rota da Seda Índia-Irã, conectando a Índia à Ásia Central, via Irã e Afeganistão.

Imediatamente depois, o Departamento de Estado dos EUA tem o topete de anunciar que o negócio será "examinado" - porque os proverbiais senadores norte-americanos para os quais "1º Israel" (depois os EUA) insistem em que o negócio violaria as sanções eternas contra o Irã. E isso acontece paralelamente a uma narrativa oficial crescente sobre "instabilidades" que estariam contaminando repúblicas ex-soviéticas na Ásia Central - especialmente o Cazaquistão e o Tadjiquistão. Gente paga pela CIA com certeza conhece bem as fontes de "instabilidades" por ali - porque não há quem não saiba que a própria CIA lá está a fomentá-las.

A Índia a fazer negócios com o Irã é evento "muito suspeito". Por outro lado, a Índia está plenamente autorizada a formalizar um acordo histórico de cooperação militar com os EUA, chamado vagamente de "Acordo de Apoio Logístico" [ing. "Logistics Support Agreement"
(LSA)] - pelo qual militares dos dois países podem usar bases terrestres, aéreas e navais um do outro, para ressuprimento, reparos e outras "operações" vagamente definidas.

Assim sendo, todos os agentes e forças estão mobilizados por todo o Excepcionalistão para se opor à Rússia e à China, e impedir que aconteça qualquer normalização real com o Irã. Essas ofensivas localizadas - práticas e retóricas - em todas as frentes significam sempre e só uma única coisa: fraturar e romper, custe o que custar, o projeto Novas Rotas da Seda, de integração da Eurásia. Podem apostar: Moscou, Pequim e Teerã absolutamente não se deixarão enganar.

Pravda.ru

ARÁBIA SAUDITA CONSTRÓI UMA EMBAIXADA EM ISRAEL



O Reino da Arábia Saudita começou a construção de uma gigantesca embaixada em Israel, provavelmente a maior em Telavive.

Oficialmente, os dois Estados não mantêm relações diplomáticas em virtude da expulsão por Israel da maioria da sua população palestina, em 1948 (a Nakba).

No entanto o Pacto de Quincy, assinado entre o Presidente Roosevelt e o rei Abdelaziz, em 1945, e renovado pelo Presidente Bush e o Rei Fahd em 2005, prevê, nomeadamente, que o Reino não se oporá ao lar judeu da Palestina (futuro Estado de Israel).

O Rei Abdallah financiou, em vez dos Estados Unidos, a operação israelita «Chumbo endurecido» contra a faixa de Gaza, em 2008-09 [1]. Esta aproximação pôs fim à «doutrina da periferia» segundo à qual Telavive buscava unificar os actores não-árabes da região (Irão, Turquia, Etiópia) contra os países árabes.

O Presidente Shimon Peres pronunciou-se por vídeo perante o Conselho de Segurança do Golfo, em Novembro de 2013. Os membros do Conselho puderam colocar-lhe perguntas, não directamente, mas através de Terje Rød-Larsen [2].

Actualmente, os dois países conduzem, em conjunto, uma guerra no Iémene, a partir de um quartel-general comum, instalado no Estado não-reconhecido da Somalilândia [3]. A Força Árabe de Defesa comum reproduz o conceito do Pacto de Bagdade, que era identicamente comandado militarmente por um Estado que não era membro dele (os Estados Unidos na ocorrência).

Eles projectam, em conjunto, várias operações de exploração petrolífera no Iémene e no Corno de África [4].

O Rei Salman designou o Príncipe Walid Ben Talal (5º fortuna mundial com Citigroup, o Movenpick, Four Seasons) como o próximo embaixador do Reino em Telavive.

Voltaire.net - Tradução Alva

Notas
 [1] “A guerra israelense é financiada pela Arábia Saudita”, Thierry Meyssan, Tradução Fernanda Correia de Oliveira, Rede Voltaire, 14 de Janeiro de 2009.
[2] “O presidente de Israel falou perante o Conselho de Segurança do Golfo em fins de novembro”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 8 de Dezembro de 2013.
[3] “A Força «árabe» de Defesa comum”, Thierry Meyssan, Tradução Alva,Rede Voltaire, 20 de Abril de 2015.
[4] “Exclusivo : Os projectos secretos de Israel e da Arábia Saudita”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 22 de Junho de 2015.

Portugal. UM GOVERNO NO EXÍLIO



Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião

A Direita portuguesa mergulhou profundamente no neoliberalismo e conservadorismo bafientos instalados na Europa, fez emergir várias dessintonias que mantém com o Regime Democrático Constitucional, colocou-se em pleno ao serviço dos poderes externos que subjugam o país, substituindo a objetividade indispensável à análise dos desafios com que se depara a sociedade por uma "realidade" feita essencialmente de receitas importadas à medida dos seus objetivos ideológicos, perdeu a humildade necessária para ser oposição em democracia. Neste novo cenário político, acantonou-se na condição de Governo no exílio.

As suas posições sobre temas políticos em destaque nas últimas semanas - os contratos de associação com colégios privados, a greve no Porto de Lisboa, a reposição das 35 horas de trabalho semanal na Administração Pública, a situação do emprego e do desemprego, as condicionantes do investimento ou das exportações, as borrascas do setor financeiro, as leituras da hipócrita possibilidade de a União Europeia (UE) poder aplicar sanções a Portugal por défice excessivo - têm vindo carregadas de dramatização dos problemas e sem preocupação de fundamentação coerente, procurando apenas criar nos portugueses e nas suas organizações a ideia de que Portugal é hoje o país das incertezas, numa Europa e num Mundo onde pretensamente tudo está claro.

Estas opções levam-me a concluir que: (i) as forças da Direita acreditam que o poder, desde logo o Governo do país, lhes vai cair rapidamente nas mãos, pelo que só precisam de exercitar o bota-abaixo; (ii) estão ansiosas por apertar novamente os calos ao povo e descansar o centrão de interesses, por isso não podem vir a uma discussão aberta sobre os problemas e soluções possíveis; (iii) encenam apelos à UE em defesa do interesse nacional, mas prosseguem alinhadas no mais profundo seguidismo das políticas conservadoras e retrógradas que dominam na UE e na interpretação dos interesses dos credores e agiotas que nos exploram, tentando convencer-nos ser por aí que se assegura o fim das incertezas.

É claro que há hoje uma espada de Dâmocles sobre o nosso país. São muitos e difíceis de resolver os problemas acumulados ao longo do tempo. Por outro lado, as políticas e práticas seguidas pela UE obrigam-nos a uma negociação permanente e muito difícil, pois há tratados com determinações que chocam com a nossa soberania e com caminhos que necessitamos de trilhar para nos desenvolvermos. Ao mesmo tempo, qualquer membro do Eurogrupo ou comissário europeu, qualquer governante de um país poderoso ou agência de "rating", ou até um burocrata de topo, pode desencadear impunemente ataques ao nosso país, instabilizar a ação do nosso legítimo Governo, os trabalhos da Assembleia da República e dos outros órgãos de soberania.

A estrutura da economia e o controlo sobre muitas das suas alavancas principais passou para as mãos de grupos de interesses que se borrifam para o nosso destino coletivo; o processo de mercadorização do trabalho, da saúde do ensino, da segurança e da proteção social já está avançado e enredado em promiscuidades; a banca nacional está pouco saudável (e agora atrofiada pelo processo da União Bancária) em resultado de uma gestão oportunista, de negócios sujos e atividades empresariais desastrosas, estruturadas a montante da função dos bancos. Aí se alimentou o enriquecimento desmedido de uns quantos e o "bem-estar" e o ego desmedido de gente enfatuada, como ainda esta semana ficou bem visível na discussão da situação do Banif. Tudo isto é que cria incertezas!

Infelizmente, são maiores as incertezas vindas da UE, alimentadas por: um euro estruturado para servir quem detém o poder, a financeirização da economia, as práticas xenófobas e fascistas que medram à vontade, a hipócrita condução do problema dos refugiados, o fosso entre os objetivos dos governos e os anseios dos povos, as interrogações sobre o Brexit ou as eleições em Espanha. E à escala global não são menores as armadilhas.

Buscando cuidadosamente mais certezas e dando pequenos passos em convergência com os combates progressistas de outros povos, é possível governar aqui a favor do nosso futuro.

*Investigador, professor universitário

Congresso PS. Costa anuncia nova prestação social e defende ministro contra lobbies




O secretário-geral do PS anunciou hoje a criação de uma nova prestação para cidadãos com deficiência e um programa nacional destinado à requalificação de adultos, num discurso em que destacou o ministro da Educação por enfrentar "lobbies".

Estas foram algumas das novidades deixadas por António Costa no discurso que encerrou o 21.º Congresso Nacional do PS, na FIL (Feira Internacional de Lisboa), e em que levantou os delegados quando saiu em defesa da política seguida pelo seu ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, em matéria de revisão de contratos de associação entre o Estado e os ensinos privado e cooperativo.

Depois de prometer manuais escolares gratuitos para quem iniciar o primeiro ciclo do ensino a partir do próximo ano letivo, o líder do executivo afirmou: "É por isso que temos um ministro que tem a coragem de enfrentar os 'lobbies' e dizer que o dinheiro tem de ser bem gerido e deve ser aplicado onde é necessário".

Após a mais prolongada salva de palmas que recebeu por parte dos congressistas, António Costa recorreu à história do seu partido e referiu o que se passou com António Arnaut, então ministro dos Assuntos Sociais de um Governo de Mário Soares, quando avançou com a criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 1978.

"Acho graça, porque às vezes ouço dizer que o PS está num desvio radical e esquerdista, quase querendo competir com o Bloco de Esquerda. Mas, como já ando aqui há muitos anos e sempre fui um moderado social-democrata, recordo-me sempre que tudo aquilo que ouço agora dizer sobre Tiago Brandão Rodrigues não é sequer metade do que disseram quando António Arnaut lançou o SNS", declarou.

Em termos de ação de Governo, o secretário-geral do PS colocou como primeira prioridade a qualificação de adultos, alegando que entre os 25 e os 64 anos cerca de 55% dos cidadãos não completou o ensino secundário, o que obstaculiza qualquer aumento significativo da competitividade do país.

Neste contexto, António Costa disse que, a partir de setembro, será lançado um programa intitulado "Qualifica" - um programa que "não será uma bandeira de ninguém, mas uma bandeira de todos".

"Espero que esse programa não seja revertido por uma futura maioria", declarou, numa alusão crítica ao fim do programa "Novas Oportunidades" com o anterior executivo PSD/CDS-PP.

Na sua intervenção, além de ter anunciado projetos para aumentar a área de regadio em cerca de 90 mil hectares, multiplicando pelo país "pequenos Alquevas", destacou também a criação de uma nova prestação social destinada a deficientes, cujo modelo disse ter sido concebido pelo ministro Vieira da Silva tendo como inspiração o complemento solidário para idosos.

Essa nova prestação, de acordo com Costa, vai ter como princípios base, em primeiro lugar, a atribuição a quem provar deficiência.

Ao contrário da atual "multiplicidade" de subsídios aplicados a cidadãos deficientes, a nova prestação social, segundo o primeiro-ministro, terá como segundo objetivo "responder a necessidades específicas" do beneficiário que no presente não são cobertas.

Por último, a nova prestação social vai ter uma componente de complemento de rendimento para cidadãos deficientes em situação comprovada de carência de recursos.

No plano económico, o secretário-geral do PS destacou o programa "Industialização 4.0" e outro que será lançado já na segunda-feira destinado às "startup".

Aqui, Costa assumiu mesmo o objetivo de Portugal ter a legislação mais amiga do investidor tecnológico de toda a União Europeia, quando Lisboa receber a cimeira mundial de empreendedores de "startup".

Lusa, em Notícias ao Minuto

CONGRESSO DO PARTIDO SOCIALISTA. HEIL, ASSIS!




Mário Motta, Lisboa

O congresso do Partido Socialista está a dar as últimas, termina dentro de duas a três horas. Vem a realizar-se desde a passada sexta-feira. A unanimidade consensual tem prevalecido entre os congressistas. Exceção para Francisco Assis, o neoliberal que por erro ou por manias de Cavalo de Tróia se filiou no PS em vez de o ter feito no CDS ou no PSD. O PS, democraticamente, tem de o gramar. A ele e aos pauzinhos que está sempre a meter na engrenagem. Assis interveio no congresso e foi assobiado, no final aplaudiram-no… por ter terminado aquela intervenção em que até declarou que Passos Coelho não era nadinha neoliberal. Pois, talvez tenha razão, Passos se saísse mesmo, mesmo, da “casca” – se lhe dessem oportunidade para isso – mostrar-se-ia um fanático fascista da "modernidade democrática" e desumana. Heil, Assis!

No compto geral o congresso mostrou sem equívocos um enorme apoio às políticas seguidas pelo governo de António Costa. O empata Assis bem tentou destilar o seu veneno inócuo no congresso. Nem vómitos nem ferradelas de Assis molestaram os congressistas. Afinal é a democracia a funcionar. A grande prova é que um neoliberal como Assis até cabe no PS e tem tido a sua estrelinha da sorte a brilhar ao ser eleito deputado nacional, depois no Parlamento Europeu – onde está muito bem entre os seus imensos pares neoliberais ao serviço dos tais 1% que nos roubam, acossam e mordem apesar do desprezo.

Não há pachorra para ir mais longe, o Assis é um fartum, um heil! que está na democracia por não conseguir ir mais além nos seus propósitos dúbios e comprovadamente alapados no lado da barricada avessa ao socialismo democrático que melhor ou pior o PS tem conseguido defender e implementar. Heil, Assis!

Tirando aquele personagem, o congresso foi a confirmação do caminho certo que os congressistas aprovam e apoiam. António Costa continua com todo o apoio. Apoio que até saiu muito reforçado. Nem um elefante, nem um Assis, incomodou aquela gente.

Dos "amarelos" que apareceram às portas do congresso não reza a história. Afinal é gente manipulada (ou não) e que quer tirar vantagem de ter os filhos em colégios particulares pagos por verbas retiradas à escola pública. Retirada aos contribuintes que têm sido uns grandes otários a suportar aquela chulice em detrimento da escola pública. Querem os filhos em colégios privados? Estão nesse direito. Não têm é o direito de exigir que sejamos todos nós, contribuintes, a pagar a mordomia, nem o esbanjamento por via de certas e incertas "finesses" e paranóias dos armados em "grandes" ou... mesmo grandes (salafrários).

Sobre o congresso delegamos à TSF (ou a outros que prefiram) tudo de fio a pavio. Aqui ficam alguns títulos com as respetivas ligações:


Uma manifestação ruidosa, com cartazes anti-Governo, marca o arranque do último dia do congresso socialista. Questões fraturantes vão ter mini-debate. E Costa encerra ao almoço. Siga em direto.


Assis foi ao púlpito e disse que o Governo está com "liberdade muito condicionada". Foi assobiado, mas acabou com aplausos. Silva Pereira respondeu em nome de Costa - com dois argumentos.

A MINHA LÍNGUA NA TUA



Afonso Camões* - Jornal de Notícias, opinião

Olhemos o planisfério à procura de laços. Aí está. Há pelo menos uma nação no Mundo cuja capital está em cinco continentes: é a língua portuguesa, património comum de sete estados soberanos, adoçada e declinada com diferentes acentos e musicalidades em cada ponto da cartografia onde espetamos o alfinete de cabeça colorida.

Assim é, desta pontinha na Europa ao Brasil, de Cabo Verde a São Tomé, Angola e Moçambique, e também Timor. Podemos espetar ainda outro em Macau, onde o português, apesar de ser usado por uma minoria, partilha com o mandarim o estatuto de língua oficial.

Se isto não é mercado, onde é que está o mercado? Porque será que, em poucos anos, a língua portuguesa já é ensinada em quase duas dezenas de universidades chinesas? A resposta é de previsão estatística e vem-nos da UNESCO: até 2050, haverá entre 340 e 400 milhões de falantes lusófonos. E aqui, o sábio olho chinês para o mercado revela visão rasgada sobre o Mundo e o incerto futuro.

É que a língua portuguesa, tradicionalmente de cultura e diplomacia, pode e deve voltar a assumir a condição de língua global de comércio, como o foi no período da primeira globalização, com os Descobrimentos. A miragem imperial dissolveu-se há muito. Mas o português já é a quarta língua mais utilizada na internet, a terceira mais utilizada no Facebook e no Twitter, e o poder económico do mundo lusófono, em crescimento, já representa 4% da riqueza mundial.

Não se percebe, a esta luz, que passados 20 anos, assinalados em breve, sobre a criação da CPLP não haja uma verdadeira aposta recíproca em transformar a geografia lusófona num verdadeiro mercado comum, facilitador de transações e de livre circulação, pondo termo a esse negócio hipócrita e corrupto que se esconde por detrás da teia burocrática e da concessão de vistos para viagens ou comércio.

Numa comunidade de estados soberanos vigora o princípio da reciprocidade. Pelo que o ónus destes atavismos é de cada um e de todos os sócios, a começar por nós. Nas vésperas de um 10 de junho que o presidente Marcelo leva pela primeira vez para fora de Portugal, para homenagear a nossa diáspora, e a poucos dias do 20.º aniversário da CPLP, é dever dos nossos políticos valorizar a língua como ativo verdadeiramente estratégico, com futuro.

Que importa se é fado ou mandó, morna ou marrabenta? Pode até ser samba, cantado por Caetano: não deixemos "estes portugais morrerem à míngua, minha pátria é minha língua" (...) eu gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Camões". O outro, claro.

*Diretor do JN

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