Sobre
os idosos, os velhos. Credo. A fraseologia mudou com intenção de dourar a pílula,
talvez até para enganar, ou para ocultar. “Imparidades”, chamam a isso agora
comummente. Porque não crédito mal-parado? Porque não calotes? Num país com
tantos iletrados e analfabetos dá jeito avançar com os tais “palavrões”, e vai
daí dizem “imparidades”. Como este exemplo muitos outros há. Em tempos, a estes
galamas da freseologia, chamavam-lhes “dótores” pela negativa, e mais
comummente “cagões”. Oh deuses! Atualmente Portugal está a abarrotar de “cagões”
engravatados, com canudos distribuídos ao desbarato que têm redundado em dótores
de tudo e mais alguma coisa mas principalmente encostados a partidos políticos
ou a contas bancárias e fortunas que lhes dá para quase serem donos disto tudo.
Entretanto o povoléu produz mas eles dizem que não chega. Tal é a gula. Comem tudo, mas não chega.
Os
velhos estão tramados. É o que vai vir a seguir em trabalho de Goreti Pera no
Notícias ao Minuto. Provavelmente já muitos leram. Provavelmente há muitos mais
a dever ler. Era muito bom que também os agora jovens, os novos, lessem e
soubessem interpretar. Sim, porque só saber ler não chega. É muito importante
saber interpretar. Pensar. Inclusive debater. Os novos de agora são os futuros
velhos. Pensem nisso. Depois, quando lá chegarem vão lembrar-se disto.
Provavelmente porque vão estar ainda pior que os velhos de agora. Aqueles
velhos (agora) que na juventude viram-na atirada para as urtigas. Para uma
guerra colonial que devastou muitos portugueses. Que foram “carne para canhão”
de um regime déspota que tinha por ideologia o fascismo e era dirigido por um
tal tipo tacanho de Santa Comba Dão que dava pelo nome de Salazar. Não por
acaso, nas bruxarias, usam sal nas entradas das residências, para levar azar às
famílias que lá habitam. Sal-azar, compreendem ou querem que se faça o desenho pictórico na parede?
É
então que a seguir vem a abordagem sobre os velhos, mais em baixo. Diz o
entrevistado que os velhos deviam estar representados na Concertação Social,
pois deviam. Afinal foram eles que neste país construíram muito do que é usufruído
por todos. Incluindo o derrube do fascismo e a construção do Portugal livre e
democrático, mais justo (como já não é atualmente). Deviam agradecer-lhes e
estimá-los. Em vez disso a maioria só lhes dá coices. Grandes bestas!
A entrevista. Moderada, mas...
MM
/ PG
"Idosos
não podem ser considerados mercadoria para beneficiar interesses"
Lino
Maia, representante das instituições de solidariedade, lamenta que o setor
social não esteja representado na concertação social e louva a preocupação
manifestada pelo Presidente da República para com os mais desfavorecidos. Sobre
os idosos e lares ilegais encerrados, manifesta preocupação. Até porque,
"quando um lar clandestino é encerrado, é muito difícil arranjar uma
alternativa para os idosos".
O
presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS)
está em negociações com o Governo para encontrar medidas que compensem o
aumento do salário mínimo nacional. Sobre este debate, tece elogios ao ministro
do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Viera da Silva: “É muito
sensível e conhece muito bem esta área”.
Em
entrevista ao Vozes ao Minuto, Lino Maia mostra-se preocupado com a existência
de lares ilegais no país. “Quando um lar clandestino é encerrado, é muito
difícil arranjar uma alternativa para os idosos”, lamenta.
Como
é que vê o papel do Presidente da República junto das instituições de
solidariedade e a preocupação que tem manifestado para com os sem-abrigo?
Este
Presidente está muito atento e os anteriores também. Nunca vi um Presidente da
República distante dos problemas da comunidade. Este [Marcelo Rebelo de Sousa]
tem uma forma de estar muito viva, atuante e presente e sempre acompanhou este
setor, sendo até dirigente de IPS’s. É um homem muito sensível a este setor e a
sua atuação é uma forma de estimular os dirigentes que nem sempre são
convenientemente respeitados, defendidos e valorizados.
Ter
um Presidente tão próximo do povo e que se mostra preocupado com setores
desfavorecidos da sociedade faz com que o próprio Executivo lhes dê mais
atenção?
Eu
tenho notado, desde que estou na CNIS, que tem sido progressiva a atenção dos
governos ao setor. Independentemente da atuação do Presidente da República, que
é absolutamente louvável, noto neste ministro [da Solidariedade e Segurança
Social] uma grande compreensão e sensibilidade. Mas repito: os recursos são
finitos e, portanto, nem sempre se pode fazer aquilo que se queria. Mas vai-se
caminhando.
O
Governo socialista dá mais ou menos importância ao setor social do que o
anterior governo PSD/CDS?
São
visões algo diferentes. Em Portugal todos os partidos defendem o Estado social.
Agora a questão que tem sido debatida é se deve ser o Estado a prestar
diretamente os apoios e a organizar diretamente as respostas ou se deve
respeitar a subsidiaridade e a organização feita pelos próprios cidadãos, ou
seja, se deve ser o Estado a fazer tudo ou se deve respeitar quem o faz na
proximidade. Eu sou absolutamente a favor de um Estado que reconhece quem faz,
que apoia, coordena, regula e supre necessidades, para que ninguém fique para
trás. Se a sociedade não se organiza, o Estado tem então de implementar essas
respostas. Esta é a minha visão, mas nem todos estão de acordo com ela. É na
proximidade que se prestam melhores serviços, para além de eventualmente ficar
mais barato. É melhor termos uma sociedade que se corresponsabiliza pelos seus
cidadãos em vez de ser apenas dependente das iniciativas do Estado.
Noto
neste ministro uma grande compreensão e sensibilidade
Passa
por ensinar o povo a pescar ao invés de lhe dar o peixe?
Às
vezes é preciso tudo: dar o peixe e ensinar a pescar. Sobretudo é importante
que, na proximidade, as pessoas sintam que a sorte do seu vizinho é a sua
sorte. Não estarmos à espera do Estado mas organizarmo-nos para que não falte a
ninguém aquilo de que precisa para ter um futuro bom.
Mas,
por muito que as pessoas se organizem, são necessárias verbas. É aqui que tem
de entrar o papel do Estado?
Claro,
e entra o Estado exatamente para que estas organizações o façam. Os que têm
mais dificuldade muitas vezes não podem pagar os serviços que lhe são prestados.
Por isso é que o Estado cobra impostos, para apoiar estas instituições. Mas não
é só no cobrar impostos e distribuir apoios financeiros que o Estado é
importante. É-o também para a regulamentação, a supressão e universalização das
respostas.
Os
acordos de cooperação com o Executivo já foram atualizados este ano? Já foi
definido algum valor?
Ainda
não, estamos precisamente em diálogo para chegar a uma atualização, que nunca
será a desejável, será a possível. A atualização este ano tem em atenção o aumento
do salário mínimo, que é muito importante e que ainda não é suficiente, e o
aumento de custos nas instituições. Espero que até ao final do mês de fevereiro
possamos chegar a uma conclusão final, que terá retroativos a partir de 1 de
janeiro.
Falou-se
numa atualização acima do valor da inflação. É isso que considera justo?
Terá
de ser, até porque a inflação nestas instituições é sempre muito mais elevada
do que na economia comum. A massa salarial nestas organizações representa mais
de 50% da despesa e em muitas chega a atingir os 70%, enquanto no resto da
economia andará nos 13% a 15%. Aqui, os salários têm um impacto muito grande e
têm estado menos protegidos os trabalhadores destas profissões, porque ganham
menos do que ganhariam noutra atividade económica. Nós temos de ser justos para
com os trabalhadores destas instituições.
Portanto,
ainda não foi definido com o Governo que medidas serão aplicadas para compensar
o chumbo da redução da TSU?
É
isso que estamos a debater. Devo referir que a descida da TSU em 1,25% não
tinha grande impacto. Agora estamos a estudar e penso que vamos chegar a uma
boa conclusão (ou a possível), até porque da parte do Governo temos um ministro
que é muito sensível e que conhece muito bem esta área.
Se
a atualização para 2017 for superior a 3,5%, penso que estará num bom caminho
A
que valor considera que seria necessário chegar para compensar de forma justa o
aumento do salário mínimo?
Tendo
em atenção a necessidade de revermos toda a tabela salarial, precisaríamos de
uma atualização bastante elevada para ir pondo progressivamente os nossos
trabalhadores ao nível praticado na Função Pública. Se a atualização para 2017
for superior a 3,5%, penso que estará num bom caminho. Não tenho a menor dúvida
que, da parte do Governo, haveria vontade de ultrapassar esse valor, mas os
recursos são finitos e provavelmente o Estado não tem meios para uma
atualização superior a 3,5%. No ano passado, a atualização foi de 1,3%. Este
ano espero que seja superior, porque se for desse nível ficaremos com imensas
dificuldades.
Considera
que os representantes de IPS’s, misericórdias e mutualidades deveriam integrar
a concertação social?
Sem
dúvida que deveria haver um representante deste setor, até porque este é um
setor muito empregador (temos mais de 250 mil trabalhadores). Há organizações
patronais que representam muito menos trabalhadores. Na concertação social,
alguém que fale por este setor seria importante e equilibrador. Somos um setor
empregador muito especial, os nossos dirigentes não são remunerados e eles
próprios são muitas vezes trabalhadores.
Mas
é uma possibilidade que alguma vez lhe foi colocada?
Está
agora em reformulação o Conselho Económico e Social. Eu tenho falado disso e
não sou só eu a falar. Provavelmente, no CES haverá – espero eu – condições
para se aprofundar melhor a conveniência [desta medida] e avançar nesse
sentido.
Quando
um lar clandestino é encerrado, é muito difícil arranjar uma alternativa para
os idosos
Nos
últimos dias, têm sido encerrados vários lares por funcionarem de forma ilegal
ou por não terem condições dignas para albergar os utentes. Isto preocupa-o?
É
evidente que me preocupa a existência de lares clandestinos. Em Portugal há
lares lucrativos, que não são IPS’s, muitíssimo bons. E há outros que deixam
muitas dúvidas. É importante o acompanhamento para que não haja lares ilegais.
Os idosos não podem ser considerados uma mercadoria para beneficiar interesses
nem sempre claros.
Mas
isto levanta uma outra questão: pode haver lares ilegais que o são porque o
processo de legalização é moroso e isso pode favorecer a abertura de lares
ilegais. Talvez seja conveniente que o processo de legalização seja mais
célere, sem deixar de ser sério e exigente.
Haverá
um aproveitamento por parte de algumas pessoas pelo facto de haver falta de
instituições para acolher, por exemplo, idosos?
Há
um aproveitamento por parte de alguns protagonistas que querem ganhar dinheiro
e abrem lares sem condições. É um negócio lucrativo. É preciso que, da parte da
Segurança Social, haja um grande acompanhamento para evitar que os idosos sejam
encarados como uma mercadoria.
Que
soluções se podem encontrar, tendo em conta que quando um lar ilegal é
encerrado há idosos que ficam sem um teto?
A
maior parte dos idosos em lares está em IPS’s (são mais de 50 mil pessoas). Mas
não temos capacidade para muito mais, sobretudo em algumas zonas com maior
densidade populacional. Quando um lar clandestino é encerrado, é muito difícil
arranjar uma alternativa para os idosos. Temos de estar atentos a isso.
*Pode
ler a segunda parte desta entrevista aqui.
Goreti
Pera – Notícias ao Minuto em Vozes ao Minuto
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