Ana
Alexandra Gonçalves*
É
arriscado afirmar o fim de uma liderança política e, como todo o exercício de
futurologia, este pode muito bem cair em saco roto. Mas os sinais de tibieza da
ainda liderança do PSD são mais do que evidentes. E mais: os sinais de
desespero de Passos Coelho e dos seus acólitos revelam-se a cada dia que passa.
Tudo começou com o inesperado entendimento das esquerdas e a incapacidade da direita congeminar alianças com o PS. Em rigor, Passos Coelho nunca recuperou verdadeiramente do facto de ter vencido as eleições, mas, por culpa própria, não ter sido capaz de formar maioria.
Tudo começou com o inesperado entendimento das esquerdas e a incapacidade da direita congeminar alianças com o PS. Em rigor, Passos Coelho nunca recuperou verdadeiramente do facto de ter vencido as eleições, mas, por culpa própria, não ter sido capaz de formar maioria.
Depois
esperou-se ansiosamente pela chegada do Diabo, tomasse ele a forma das
instituições europeias, ou de um hipotético desaire da economia portuguesa ou
ainda de um desentendimento entre as esquerdas. O Diabo não chegou e o
Presidente da República agiu mais vezes como anjo da guarda do Governo do que
eventualmente se esperaria - tudo em nome da estabilidade, claro está.
Mais
recentemente, Passos Coelho viu nova oportunidade de provocar instabilidade no
Governo, designadamente com a história bacoca das sms trocadas entre o ministro
das Finanças e aquele que seria o Presidente da Caixa Geral de Depósitos. Com
esta jogada, Passos Coelho e o seu séquito matariam dois coelhos com uma só cajadada:
provocariam a tão desejada instabilidade no Governo e ainda utilizariam a tal
história bacoca para escamotear os bons resultados da economia portuguesa, alvo
de alguns elogios da comissão europeia e da comunicação social fora de portas.
Mas
o tiro voltou a sair pela culatra. Para além de um Presidente zangado, pouco
mais resultou desta história e nem a preciosa e recorrente ajuda da comunicação
social permitiu tirar frutos de uma polémica que pouco ou nenhum interesse
provocou na maioria dos portugueses. Em contrapartida, soube-se agora que
durante o seu mandato, Passos Coelho viu 10 mil milhões de euros fugir de
Portugal sem quaisquer satisfações - um assunto que, muito provavelmente,
causará desagrado naqueles que, durante esse mesmo período, viram os seus
rendimentos serem cortados, enquanto assistiam ao enfraquecimento do Estado
Social e à fuga de muitos jovens para o estrangeiro, tudo em nome de uma culpa
do país que havia, segundo o então primeiro-ministro, vivido acima das suas
possibilidades. Tudo com a preciosa ajuda do secretário de Estado Paulo Núncio,
via CDS.
Resta
ao líder do maior partido da oposição esperar por um milagre nas autárquicas.
Se esse milagre não chegar, resta-lhe a porta de saída.
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